menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!

Próxima missão do governo do Rio é resolver entorno do Maracanã

Nico Yennaris, mascote em jogo do Arsenal em 2000 (Foto: Stuart MacFarlane)
imagem cameraNico Yennaris, mascote em jogo do Arsenal em 2000 (Foto: Stuart MacFarlane)
Dia 28/10/2015
05:08

  • Matéria
  • Mais Notícias

A reforma do Maracanã vai de vento em popa, mas o governo do Rio terá que descascar outro abacaxi em breve para deixar todo o entorno do estádio adequado às exigências da Fifa para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014. O abacaxi em questão fica a poucos metros do Maracanã, tem uma área de cerca de 12 mil metros quadrados e um prédio centenário dedicado à cultura indígena.

Oficialmente, o governo não confirma que vá demolir o antigo Museu do Índio, mas já fala em se responsabilizar pela remoção das cerca de 140 pessoas que moram ou transitam pelo prédio. Porém, o vídeo oficial do estádio mostra o entorno sem a edificação. Toda a área, pelos planos do governo estadual, será destinada à dispersão do público e estacionamento.

A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro (DPU-RJ) tenta o tombamento do prédio desde 2010, pela sua importância histórica e cultural. Com a notícia de que o estado está negociando a compra do terreno com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – atual proprietária – por R$ 60 milhões, o processo foi acelerado. A DPU-RJ entrou em contato com a Fifa e, ontem, a entidade respondeu e se mostrou aliada na manutenção do prédio e confirmou que nunca foi exigida a demolição a qualquer orgão governamental.

A DPU-RJ aguarda, agora, a resposta oficial do governo e o relatório estrutural do Crea-RJ sobre as condições do imóvel para dar andamento às medidas jurídicas.

– O governo do Rio não tem se mostrado acessível para um acordo. Se mantiverem a demolição, vamos ajuizar ação contra o governo, Conab, Iphan e Inepac pela preservação – afirmou o defensor público federal André Ordacgy.

A Conab informou ao LANCENET! que a venda do terreno depende do governo fluminense e que só aguarda questões oficiais para ser concluída. Por meio da assessoria, a Casa Civil do Rio diz que só falará sobre projetos para a área após a compra ser finalizada.

 Márcia Lins afirma: Maraca de volta em fevereiro


Com a palavra

José Guajajara
Pesquisador de línguas indígenas do Museu Nacional

Nossa luta é pela reforma do prédio e a manutenção daquele local como um centro de referência indígena. Eu moro lá desde 2006, quando criamos a Aldeia Maracanã, e o governo nunca nos ajudou com nada. O local sobrevive com a venda de artesanato e das apresentações que fazemos em escolas e faculdades.

Temos levantamento antropológico pronto mostrando que a área foi por mais de 100 anos usada como local de prática religiosa indígena. Nós chegamos ali primeiro, o Maracanã veio depois. Todo mundo só quer saber do futebol e se esquecem dos índios. Nós só temos aquele lugar ali, é o único centro de referência indígena, onde bolsistas que vêm de fora, por exemplo, podem ser acolhidos.

Estamos protegidos e esta demolição que o governador está querendo fazer quebra a Constituição Federal. A destinação tem que ser indígena e queremos fazer um centro cultural ou acadêmico de estudos indígenas.

  • Matéria
  • Mais Notícias