Protestos em estádios geram polêmica entre torcedores

Uma faixa apontada para a torcida do Flamengo no jogo do último dia 14, em Santa Catarina, escancarou um movimento que vem crescendo Brasil afora. Em letras maiúsculas, dizia: Vergonha de SC. Era um protesto de torcedores do Figueirense contra o grande número de flamenguistas. O mesmo está sendo feito no Ceará, Bahia, Alagoas e Goiás quando times do Rio de janeiro e São Paulo enfrentam clubes destes estados. A iniciativa, polêmica, está provocando discussão.

Foi na arquibancada do antigo Barradão, em Salvador, que uma manifestação semelhante foi vista pela primeira vez, em outubro de 2008. Torcedores do Vitória apontaram uma faixa para uma massa de flamenguistas os chamando de "Vergonha do Nordeste". Depois disso, no entanto, os protestos diminuíram. Recentemente reapareceram com força. Em Goiânia, em abril deste ano, uma das organizadas do Goiás estendeu um enorme letreiro apontando para simpatizantes do São Paulo com a frase: Falsos goianos, vergonha de Goiás.

Na internet, cresce o bate-boca. Um blog que reúne torcedores de times nordestinos chama de "traidores" quem não apoia equipes locais. As discussões vão desde debates antropológicos (bem argumentados) a insultos impublicáveis. Em Santa Catarina, domingo passado, a manifestação provocou confusão. Seguranças recolherem a faixa. Israel Silvy, presidente da Resistência Alvinegra, organizada do Figueirense, diz que é uma tentativa de conscientizar os torcedores a apoiarem clubes catarinenses.

- Não dá para entender como pessoas que nasceram aqui, que moram aqui, torçam para Flamengo ou Corinthians. Vamos seguir levando as faixas. Temos liberdade de expressão - defende.

Os ofendidos chamam o protesto de discriminação.

- Cada um torce para quem quiser. Sou do interior de Santa Catarina e torço para o Flamengo mesmo. A faixa é agressiva - disse o bancário Carlos Ribeiro, que foi ao jogo com o filho de seis anos, o mais novo rubro-negro da família