menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!

Nomes para tatu-bola contrariam convenções da Língua Portuguesa

Oswaldo de Oliveira e Seedorf - Botafogo (Foto: Paulo Sérgio)
imagem cameraOswaldo de Oliveira e Seedorf - Botafogo (Foto: Paulo Sérgio)
Dia 28/10/2015
02:23

  • Matéria
  • Mais Notícias

Não foram somente nas redes sociais que os nomes sugeridos pela Fifa para a mascote para a Copa-14 receberam críticas. As opções de Amijubi, Fuleco e Zuzeco desagradaram especialistas em Língua Portuguesa e alfinetada até de quem participou da escolha.

– O problema é que neste processo de cruzamento de palavras você perdeu a identificação. Uma das palavras usadas, júbilo, por exemplo, é conhecida por uma pequena parte da população e era mais comumente usada em literatura clássica. Não tem um uso cotidiano – afirmou Margarida Basílio, professora de Linguística e Língua Portuguesa da PUC-Rio.

Internautas se mobilizam para mudar nome do mascote

Até mesmo o cantor Arlindo Cruz, que fez parte do júri de notáveis que selecionou os três nomes finalistas, não ficou completamente satisfeito com a resolução do departamento jurídico da Fifa:

– Nenhum dos que eu queria ficou entre os três, mas agora é com o povo. O que eles escolherem é o melhor. Mas gostei muito de ter composto o samba para o tatu-bola.

A Fifa diz que a lista não poderia sequer contar com a palavra tatu, pois eles "não seriam legalmente protegidos". A histeria da entidade em fazer essa proteção da patente com um nome inventado não é por acaso. No Instituto de Propriedade Intelectual da Suíça a Fifa já registrou 45 produtos diferentes para o mascote da Copa no Brasil.

Alguns dos critérios para chegar aos três nomes era que fossem pronunciáveis em outras línguas, que contassem um história criativa e que tivessem uma razão clara por trás deles. Só esqueceram de combinar com a Gramática.

Com a palavra

Margarida Basílio
Professora de Linguística e Língua Portuguesa da PUC-Rio ao Lance!

É um verdadeiro desastre o que fizeram

Os organizadores escolheram um processo chamado de cruzamento vocabular. O objetivo é fazer uma terceira palavra que corresponda à união de dois conceitos. Porém, não é possível identificar em nenhuma das três palavras as originais que usaram para formá-las. "Ecologia", por exemplo, é reconhecida pelo seu prefixo e não pelo sufixo, como foi usada em Fuleco e Zuzeco, que, na verdade, denotam um diminutivo pejorativo, como em "padreco". Pega mal. Quem fez isso não tem a menor ideia de Língua Portuguesa e formação de palavras. Não há identificação alguma e não me surpreende o estranhamento e a rejeição das pessoas em relação às opções. Fizeram errado e é um verdadeiro desastre.

  • Matéria
  • Mais Notícias