Em Londres, tenista indiano igualará recorde
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Assim que entrar em quadra no complexo de Wimbledon, no dia 28 de julho, para o início do torneio de tênis, o indiano Leander Paes escreverá seu nome na história das Olimpíadas. Aos 39 anos, ele se igualará ao atirador chinês Wang Yifu como o asiático com mais participações nos Jogos de Verão. No evento na Grã-Bretanha, fará a sua sexta aparição.
Paes é um dos maiores duplistas da história do tênis. Já conquistou sete títulos de Grand Slam em 20 anos de profissionalismo. Para Londres, seu parceiro não foi definido pela federação indiana, mas o provável é ele que atue ao lado de Mahesh Bhupati, com quem jogou as quatro últimas Olimpíadas. Além disso, Paes pode atuar também no torneio de duplas mistas, que volta aos Jogos depois de 84 anos.
– Jogar pelo meu país e pelo meu povo é um dos maiores prazeres da minha vida. Estou preparado para jogar com quem for. Estar em uma Olimpíada é sempre uma honra – disse Paes, em entrevista ao LANCENET! durante o Masters 1.000 de Miami, no fim do mês passado.
Nascido em Calcutá em 1973, o tenista nutria uma relação especial com a Olimpíada antes mesmo de disputá-la pela primeira vez, em Barcelona, na Espanha, há 20 anos. Seu pai, Vece Paes, foi capitão da seleção indiana de hóquei sobre grama que levou o bronze em Munique-1972, a única da Índia naquela edição.
Sua mãe, Jennifer, também teve ligação importante com o esporte. Apesar de nunca ter atuado em uma edição olímpica, foi capitã da equipe nacional de basquete durante o ano de 1982. Assim, desde pequeno, Leander teve em quem se inspirar.
A infância do jogador, por sinal, foi marcada pelo convívio com uma das mais importantes figuras da Igreja Católica. Paes frequentava o orfanato mantido por Madre Teresa de Calcutá, de quem seu pai era médico pessoal. No tempo em que não estudava, encontrava tempo para se dedicar à nova paixão, o tênis – ele chegou a se arriscar no futebol.
– Quando ganhei meu primeiro torneio no clube que frequentava, levei US$ 340. Meu pai me obrigou a dar o cheque para Madre Teresa dividir entre todas as crianças. Não gostei muito, é claro. Mas ela me disse que aquilo me ajudaria a ter amigos no futuro. E isso é verdade. Guardo com carinho a lição – contou.
Paes fundou um orfanato em Calcutá e destina 15% de seu faturamento anual para ajudar as cerca de 10 mil crianças da instituição.
Com o passar dos anos, Paes – que também jogou pela seleção sub-15 de futebol – começou a se dedicar com mais afinco ao tênis. E os resultados não demoraram a surgir. Em 1990, foi campeão juvenil de Wimbledon.
Duas temporadas mais tarde, realizou o sonho que tinha desde a primeira vez que bateu em uma bolinha. Em 1992, em Barcelona, disputou sua primeira Olimpíada e, ao lado de Ramesh Krishnan, ficou a uma vitória do bronze. Medalha que viria em Atlanta-1996, após triunfo sobre Fernando Meligeni.
Na Olimpíada americana, ainda foi o escolhido para carregar a bandeira indiana na Cerimônia de Encerramento. Quatro anos depois, em Sydney, portou o estandarte nacional na Cerimônia de Abertura.
Além de se destacar dentro das quadras, Paes também encontra tempo para outras atividades. No ano passado, foi o protagonista do filme Rajdhani Express, produção indiana nos estúdios de Bollywood (a Hollywood indiana). Seu talento para a arte não se limita a isso. Ele também desenha os uniformes que veste em todos os seus jogos.
BATE-BOLA
O que representa para você estar pela sexta vez em uma Olimpíada?
Isso é algo muito especial, ainda mais porque desta vez igualarei o recorde de participações de um asiático. Sempre tive uma relação muito especial com as Olimpíadas.
Você está jogando no circuito ao lado do Radek Stepanek, e há uma dupla indiana formada por Mahesh Bhupathi e Rohan Bopanna. Você tem preferência por parceiros?
Tanto faz com quem eu jogar. Como não cabe a mim escolher, aceito qualquer parceiro.
O Comitê Olímpico Indiano falava sobre a possibilidade de boicote por causa do patrocínio da Dow Chemical aos Jogos, já que a empresa esteve envolvido em um vazamento de gás que matou mais de dez indianos no fim da década de 80. Você ficou sabendo de algo?
Não sei muito sobre o boicote. Sei o que aconteceu lá, mas não li muito sobre o boicote ou sobre esta briga. Mas esta é a beleza dos Jogos Olímpicos, deixar as desavenças de lado. O esporte é a chance que você tem de trazer as pessoas juntas.
Indo para a sexta Olimpíada seguida, já pensa em jogar a sétima no Rio, em 2016? Você já terá 43 anos quando os Jogos acontecerem.
Isso é apenas um número. A idade é como você se sente. Levo uma vida muito limpa, treino duro sempre. E jogar no Rio será mesmo a realização de um sonho. Eu adoro o Brasil, tenho boa relação com os brasileiros no circuito. Além disso, já visitei muitas vezes o país, passei um tempo na selva amazônica.
Quais são os seus grandes ídolos no esporte?
Sempre admirei muito Muhammad Ali e Pelé. Já tive a oportunidade de me encontrar com ambos. Além disso, bati bola com o Roberto Carlos no Santiago Bernabéu.
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