Londres já vê legado olímpico

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A chegada em Stratford já sugere um bairro em radical transformação. O vagão do trem ou do metrô serve de mirante para o Parque Olímpico, perímetro que concentra as principais instalações dos Jogos de Londres, com início daqui a exatos 150 dias.
Na saída da estação, pomposa e cheirando a nova, um intenso canteiro de obras bloqueia a visão para o novo terminal de ônibus. Ao lado, uma escadaria dá acesso ao Westfield Stratford City, um shopping center nababesco. Nada mau para uma região até pouco tempo conhecida como Outcast London – Londres rejeitada, em português.
Stratford é um dos distritos de East London, a área escolhida para simbolizar o legado que a Olimpíada deixará na cidade inglesa. A revitalização segue em ritmo acelerado para que as favelas, os galpões abandonados, os leitos de rio poluídos e o desemprego sejam parte do passado de um bairro com 8 mil habitantes, e com estimativa para abrigar 20 mil nos anos seguintes aos Jogos.
O LANCENET! esteve em Stratford no último dia 10, quando participou de um tour com quase 40 jornalistas do mundo todo para ver as obras, em fase de conclusão no Parque Olímpico, a grande vedete do legado. O local se transformará num dos maiores parques públicos da Europa – passará a se chamar Parque Olímpico Rainha Elizabeth, em homenagem aos 60 anos de reinado de Elizabeth II.

Por mais de duas horas, a reportagem percorreu ruas (e foi difícil achar quarteirão que não tivesse tapumes ou operários em ação) e conversou com moradores e comerciantes. Em geral, o otimismo prevalece.
– Agora posso fazer compras no meu lugar preferido – comemorou David Smith, de 43 anos, que circulava com sacolas de compras da Waitrose, sofisticada rede de supermercados da Inglaterra, que abriu uma loja no novo shopping center.
As obras são para modernizar, mas preservam características da "velha" Stratford. Na Broadway, uma das principais avenidas, o comércio local segue inalterado, e ainda ganhou como acesso um viaduto para quem vem de outros distritos.
Antes ignorado por turistas, East London vem mostrando vocação para a vida noturna. Pubs e restaurantes das mais diversas especialidades fincaram bandeira por lá. Passou a ser também área cultural alternativa de Londres, com muitos artistas plásticos e músicos. Nesses quesitos destaca-se Brick Lane, reduto de indianos e bengalis, de Bangladesh.
Esse novo panorama corrobora com o discurso de David Cameron, primeiro-ministro britânico, apesar do futuro indefinido de algumas instalações após os Jogos.
– As sedes não apenas já estão de pé e funcionando, como já têm um futuro. E podemos ter muito orgulho disso – disse, ao jornal britânico "The Independent", em janeiro.
Definitivamente, a Olimpíada já começou em Londres.
SHOPPING: A TENTAÇÃO DA OLIMPÍADA
Símbolo da revitalização de East London, o Westfield Stratford City é o maior centro de compras urbano da Europa. Em 175 mil metros quadrados de área, são mais de 300 lojas, 70 restaurantes, três hotéis, 14 salas de cinema e um cassino. Inaugurado em setembro de 2011, é fruto de investimento de 1,4 bilhão de libras (R$ 3,7 bilhões).
Os donos do shopping compraram uma área total de cerca de 1 milhão de metros quadrados, batizada de Stratford City, que contará com centros comerciais, casas e áreas públicas, a serem concluídas até 2020.
Toda essa alegoria não servirá apenas para atiçar o consumismo do público que acompanhará a Olimpíada e a Paralimpíada, mas também será uma forma de lazer para os atletas, já que a Vila Olímpica, onde se hospedam, fica próxima.
Uma opção perigosa, que pode tirar o foco da competição. Não à toa, o Brasil deixará seus atletas a maior parte do tempo concentrados em Crystal Palace, longe do burburinho olímpico.
Quem utilizar trem ou metrô para ir ao Parque Olímpico durante os Jogos sairá na escadaria de acesso ao shopping. Do outro lado da rua há um centro comercial menor, com lojas populares, lanchonetes e bancas de frutas e verduras.
STRATFORD SERÁ A CASA DOS ESTADOS UNIDOS
Será na região de Stratford que a delegação dos Estados Unidos instalará seu quartel-general para os Jogos Olímpicos de 2012.
O local escolhido é o novo ginásio da University of East London, que custou 21 milhões de libras (cerca de R$ 56 milhões) e será concluído em março.
Cerca de 570 atletas – entre eles o nadador Michael Phelps e os times de basquete – e todo o estafe do Comitê Olímpico Norte-Americano utilizarão as instalações antes e durante os Jogos. Os competidores, no entanto, dormirão na Vila Olímpica. Apenas o atletismo não ficará no local, pois a aclimatação ocorrerá na cidade de Birmingham.
A ideia é fazer da presença americana um legado para o bairro, semelhante à parceria entre o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e administração do complexo esportivo de Crystal Palace, onde os atletas ficarão concentrados para os Jogos.
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