Julio Cesar, bi da Copinha: exemplo para os garotos que buscam o octo do Timão

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O Corinthians decide a Copinha nesta quarta-feira, às 10h, no Pacaembu, e pode chegar ao seu oitavo título. Dez horas depois, a equipe profissional encara o Guaratinguetá, fora de casa, pelo Paulistão. No gol, Julio Cesar, um espelho para os garotos, um exemplo de que paciência e perseverança precisam ser virtudes de um jogador de futebol.
A trajetória do atual camisa 1 do Timão, único campeão na base que é titular da equipe de Tite, começou ainda garoto. Em 2003, a primeira aparição diante da Fiel, na Copa São Paulo daquele ano. Apesar de o título não ter vindo, Julio Cesar foi bem e não saiu da equipe titular.
No ano seguinte, a conquista do sonhado título foi celebrada em dose dupla, já que o adversário na decisão era o rival São Paulo. Daquele time, quase todos seus companheiros vingaram no futebol. Bobô, Abuda, entre outros. Mas em outros clubes. No Corinthians, como titular absoluto, apenas Julio...
Em 2005, diante do Nacional-SP, o bicampeonato particular do goleiro que, dali em diante, iniciou a era de paciência, sendo preterido por inúmeros treinadores, que preferiram dar chance para outros arqueiros. Na maioria das vezes, contratados pelo clube por fortunas.
A partir de julho de 2010, com a saída de Felipe, Julio Cesar se firmou. O penta brasileiro, no ano seguinte, era a consagração que ele tanto esperava no clube.
SOFREU, MAS FEZ SOFRER
Julio Cesar foi revelado nas categorias de base do Corinthians. Na temporada 2005, o goleiro iniciou sua trajetória na equipe profissional do Corinthians, sendo promovido após o bicampeonato da Copa São Paulo de juniores. Naquele momento, começou a viver situações e sentimentos distintos como um dos arqueiros.
No início, sofrimento e ostracismo. Eram raríssimas as vezes em que Julio era relacionado para os jogos. Normalmente, ele sequer era levado para o hotel. Ao invés de pedir para sair e iniciar o tradicional pula-pula por clubes do interior de São Paulo, ele preferiu permanecer no clube e aguardar sua chance. Que não veio...
Inúmeros goleiros foram contratados pela diretoria, que gastava milhões de reais. Silvio Luiz e Fábio Costa foram exemplos. Até chileno (Johnny Herrera) foi trazido pelo clube. Julio, por sua vez, não desistiu e, vários anos depois, teria primeira chance no time.
Em julho de 2010, com a saída de Felipe, se firmou. Foi a vez dele fazer sofrer. E assim foi, com Renan, Bobadilla e, agora, Cássio.
BATE-BOLA COM JULIO CESAR
O que se recorda dos seus dois títulos da Copa São Paulo?
Em 2004, chegamos desacreditados. Fazia uns três anos que o clube era eliminado na primeira fase. Fomos crescendo, fui bem nas últimas rodadas, peguei pênaltis. Das duas, foi a mais difícil, até pelos adversários que enfrentamos. Em 2005, o elenco era quase todo de garotos que já estavam no profissional, tivemos menos sofrimento. Foi marcante, lembro com carinho.
O que aprendeu com essas conquistas na categoria de base?
Primeiramente, o contato com a torcida. Saber o que é o Corinthians, que aqui as coisas são diferentes, que a torcida empurra e cobra. Então aprendi a ter personalidade. Essas experiências serviram para enfrentar bem as dificuldades.
Até ser titular, foi uma longa caminhada. A paciência veio da base?
Todos me ensinaram a ter paciência. Diziam que a oportunidade poderia demorar muito tempo, mas que eu precisava esperar. Só que, no profissional, mesmo o tempo sem jogar é um aprendizado. Você vivencia as coisas e quando entra para jogar já passou por muitas coisas.
Você sofria por não jogar?
Às vezes era difícil. Cheguei a ser quarto goleiro. Tinha momentos que nem olhava a lista de convocação, pois sabia que não estava lá. Tem de se apegar à família, ter a cabeça no lugar. Eu trabalhava, mas chegava outro. Ao mesmo tempo, porém, foi bom. Aprendi com os goleiros que chegavam. Em vez de reclamar, eu treinava mais e aprendia, apesar da situação ser chata.
O que pode dizer aos finalistas?
Para eles fazerem aquilo que fizeram até agora. São competentes e capazes de serem campeões. Está nas mãos deles, mas vamos estar torcendo aqui na concentração.
COM A PALAVRA
Adaílton Ladeira, técnico campeão da copinha em 2004/05/09 pelo Corinthians
"Ver onde ele chegou é melhor que dinheiro"
"Em 2004 e 2005, víamos nos treinos que o Julio Cesar estava em um momento melhor que os outros. Goleiro tem de pegar as bolas difíceis e ele pegava as impossíveis. As duas Copinhas dele foram memoráveis. Pegou pênalti de tudo quanto é jeito, inclusive na semifinal contra o Coritiba (2004). Merece ser titular. Se empenhou e trabalhou muito. Vê-lo onde está hoje é melhor que dinheiro. É uma satisfação enorme ter participado disso. Suas defesas me emocionam."
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