Jorginho: pés no chão com o bom início do Figueirense

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Nenhum time causa mais surpresa - de maneira positiva - na Série A que o Figueirense. O quinto lugar na tabela e os 100% de aproveitamento em casa são fatores que apontam a equipe como um dos destaques desse início de competição, sobretudo se levarmos em conta o desempenho apenas razoável no Campeonato Catarinense, em que, sem ter conquistado um turno sequer, ficou de fora da decisão do título.
O técnico Jorginho chegou ao clube no começo de março e levou a equipe à semifinal do segundo turno do Estadual. No Brasileirão, porém, o tão desejado padrão de jogo parece ter sido alcançado, o que leva o comandante a crer que o bom momento não surpreende. Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, Jorginho contou detalhes da grande campanha de seus comandados na competição e como sua experiência com a Seleção Brasileira na África do Sul e com o Goiás, em 2010, contribuíram para sua carreira como treinador.
O treinador não esconde que o objetivo inicial é alcançar a pontuação mínima necessária para escapar do rebaixamento para a Série B para, conforme se distanciar dos adversários da parte de baixo da tabela, pensar em voos mais altos no Brasileirão. Ele, porém, garante que sempre mostrou confiança no potencial do grupo que tem em mãos.
- Primeiro, éramos zebra, agora somos uma surpresa. Estamos conquistando um respeito maior por parte das outras equipes. A receita disso é o trabalho, pois nossos investimentos sao bem menores que o das outras equipes, a diferença é muito grande e tentamos equilibrar isso em campo.
Orlando Scarpelli
Campanha do Figueira em casa:
4 jogo
4 vitórias
7 gols marcados
1 gol sofrido
- Dois próximos jogos (Ceará e Grêmio) serão em casa
O diferencial da equipe no Brasileirão tem sido o desempenho em casa. São quatro vitórias nas quatro partidas disputadas em Florianópolis. Jorginho garante não haver fórmula pronta para fazer do Orlando Scarpelli um caldeirão, mas ressalta que a aplicação de sua equipe dentro de seus dominíios tem sido essencial.
- Temos pressionado muito os adverarios e nos aplicado taticamente. A força da torcida tem sido muito importante, é apoio durante todo o jogo. Infelizmente, sempre tem os que vaiam, mas isso envolve principalmente questões politicas, de conselheiros que se contrapõem a uma ou outra corrente no clube.
No entanto, os 100% de aproveitamento nem de longe se comparam ao desempenho ruim fora de casa. Fora da capital catarinense, são um empate e duas derrotas - uma delas por 4 a 1 contra o Internacional, num jogo em que a postura do Figueira foi totalmente atípica.
- Fomos muito mal naquele jogo e cobrei isso do grupo. Até certo ponto, a concentraçao não foi a mesma dos outros jogos, até porque o Inter vinha mal em casa e nós fazíamos boas partidas fora, apesar dos resultados. Parece que demos mais importância a isso do que devíamos. Contra o Coritiba, a postura longe do Orlando Scarpelli é um defeito a ser corrigido.
Transição do Estadual para o Brasileirão
Se compararmos o momento em que Jorginho assumiu o Figueirense, às vésperas do segundo turno do Catarinense, e a fase atual no Brasileirão, as diferenças são visíveis, não apenas no estilo de jogo, mas também nos brios do time, que tem se mostrado aguerrido e empenhado em construir os resultados.
- Apesar das mudanças táticas, a maior diferença foi em relação à mentalidade, não podemos pensar apenas como um time que subiu para a Primeira Divisão. Eles precisam acreditar no potencial que têm - ressaltou Jorginho, sem desprezar o aspecto tático e de movimentação do time.
Instabilidade dentro e fora de campo no Goiás
Jorginho chegou ao Goiás em agosto de 2010 prometendo grande mudança no clube, mudança que, por sinal, se fazia necessária. O Esmeraldino vivia momentos de tensão dentro e fora dos gramados. Além da situação ruim no Brasileirão, em que já ocupava a zona de rebaixamento, uma crise política abalava a instituição, com rusgas entre o presidente administrativo e o presidente do Conselho Deliberativo. Jogadores e comissão técnica negavam que o clima na diretoria abalasse os ânimos, mas o abatimento com a campanha era ainda maior sem o respaldo da cúpula esmeraldina.
- Peguei a equipe muito caída, o clube estava numa situação muito ruim, mas conseguimos deixar uma boa base. Aceitar a proposta e ir para lá foi uma aposta minha, que acabou não sendo um bom negócio. Saí debaixo de pressão. mas lutar na zona de rebaixamento foi uma experiência, um aprendizado - contou o treinador.
Semelhança entre Figueirense e Coritiba
É justo apontar uma semelhança entre as equipes que se enfrentam nesta quinta-feira, no Couto Pereira. Tanto Figueirense quanto Coritiba montaram um elenco recheado de jogadores que, apesar da bagagem - como no caso de Túlio, Joílson, Jônatas e Reinaldo - em sua maioria, não conquistaram títulos de expressão.
- Tanto no nosso grupo quanto no Coritiba é a ausência de uma grande estrela, pois, assim, todos se sentem úteis, importantes em um mesmo nível. Aqui, temos o Fernandes, que é o mais experiente, e o Wilson também, mas são os mais simples, têm um excelente caráter. Se todos abraçarem o projeto, como tem sido feito aqui, é muito bom. Mesmo aqueles que têm mais nome, como o Reinaldo, o Túlio, o Maicon, se inserem bem e acreditam no trabalho. Isso é muito importante - destacou Jorginho.
Já na parte física, a equipe não se encontrava no ponto ideal quando o atual treinador assumiu o comando. No entanto, o trabalho de preparação física da comissão técnica vem sendo bem feito e o time não vem sentido muito o cansaço durante os jogos.
- Quando cheguei, alguns jogadores tinham problemas de peso, mas isso já foi resolvido. Estamos pegando pesado e, quando necessário, é o que se deve fazer para ter um bom rendimento.
Expectativas para a sequência da temporada
No primeiro turno do Catarinense, o Figueirense alcançou a final, mas foi derrotado pelo Criciúma. No segundo turno, com Jorginho, o time acabou caindo antes, nas semifinais, para o rival Avaí. No entanto, o treinador foi mantido no comando, o que, para ele, foi essencial para que os resultados positivos estejam sendo alcançados no Brasileirão.
- A gestão foi um diferencial nesse processo, porque, apesar da eliminação nas semifinais para um rival, o que é perfeitamente possível de ocorrer, o trabalho foi mantido. Não digo que estejamos colhendo os frutos, mas, com o tempo, vamos poder colhê-los.
Jorginho não arrisca um prognóstico de como será o desempenho de sua equipe no decorrer do ano. no entanto, garante que, de sua parte e do elenco e da comissão técnica, trabalho e disposição não vão faltar. Segundo ele, a torcida pode esperar um Figueirense enfrentando de igual para igual qualquer outra equipe do Brasileirão:
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