Filho de Eurico, Álvaro Miranda busca seu espaço

Entre as dezenas de personagens da semifinal deste sábado entre Vasco e Olaria, o auxiliar-técnico do Olaria Álvaro seria apenas um coadjuvante se não fosse por conta de seu sobrenome. De todos os Mirandas do mundo, ele é filho nada menos do que de Eurico, um dos presidentes mais emblemáticos da história do clube de São Januário. Neste sábado, mesmo com sangue cruz-maltino correndo em suas veias, Álvaro torcerá pelo sucesso do pavilhão que ele defende atualmente.

Na última rodada da Taça Rio, o Olaria enfrentou o mesmo Vasco, em Macaé. Animados com a possibilidade de passar de fase, os integrantes da comissão técnica da equipe suburbana não conseguiam esconder a ansiedade com o passar dos minutos. Álvaro estava entre eles, mas era o mais comedido de todos. Afinal, enfrentar o clube que marcou toda sua vida ainda é um pouco estranho para ele.

– Nunca na minha vida pensei em ficar fora do Vasco. É complicado, mas as coisas aconteceram. Hoje, tenho 32 anos, já estou acostumado a isso, tanto que há muito tempo que não vou ao clube – disse.

O fato de ser filho de Eurico foi o que aproximou Álvaro do Vasco e do esporte. Tanto que foi esta carreira que escolheu. Após tentar a vida como jogador de basquete, ele teve a oportunidade de trabalhar nos bastidores. Obviamente, o clube de São Januário lhe abriu as portas.

Álvaro começou como estagiário de preparador físico, já foi técnico do pré-mirim e até coordenador de toda categoria de base do Vasco. Mas, no momento que o pai saiu do cargo de presidente, ele também deixou São Januário. Encontrou a oportunidade de trabalhar nas categorias inferiores do Duque de Caxias, chegou a ser técnico dos profissionais e hoje é funcionário do Olaria.

– Fiz uma preparação melhor, até porque sabia que a cobrança em cima de mim seria maior. Hoje, estou até mais tranquilo, porque já sou reconhecido como Álvaro e não mais filho do Eurico nos lugares por onde passo – garantiu ele.

ALHEIO ÀS BRIGAS POLITICAS

A saída de Eurico Miranda da presidência doVasco foi conturbada e a atual diretoria, comandada por Roberto Dinamite, vê o ex-presidente quase como um inimigo político dentro do clube. Álvaro analisa a questão com certa passividade.

O fato de carregar o “fardo” de ser filho de Eurico fez Álvaro perder o gosto de frequentar São Januário: – O clima não ficou bom. O Roberto (Dinamite) e a diretoria têm uma visão de que somos inimigos. Eu não penso assim. Se eles pensam, não posso fazer nada. Sou sócio e conselheiro do clube e posso ir a hora em que eu quiser. Mas quero ir em um lugar em que me sinta bem.

Após o Carioca, Álvaro vai trabalhar nas categorias de base do Olaria. Se o Vasco se interessar por algum talento do clube suburbano, ele ficará feliz.

– Para mim, não há problema nenhum em negociar. A questão é mais com eles – disse.