Fernando Haddad, candidato à Prefeitura de São Paulo: ‘Não podemos investir só em atletas de alto rendimento’

O LANCENET! está publicando até sexta-feira uma série de entrevistas com os cinco candidatos mais bem colocados na disputa pela Prefeitura de São Paulo. A ordem foi estabelecida a partir da pesquisa Ibope encomendada pela Rede Globo e divulgada no último dia 25, do quinto ao primeiro colocado.

Depois de Soninha (PPS),Gabriel Chalita (PMDB) e José Serra (PMDB), nesta quinta-feira o entrevistado é Fernando Haadad, do PT. O último será Celso Russomano (PRB). Todos receberam as mesmas cinco perguntas sobre política esportiva. Confira:

A organização da Copa do Mundo em São Paulo está no rumo certo? O que ainda precisa ser feito para atender bem aos que virão à cidade?

Ainda falta bastante para que os jogos da Copa sejam realizados satisfatoriamente em São Paulo. O setor público e a iniciativa privada devem trabalhar juntos para transformar a cidade num destino turístico. Neste sentido, é preciso ter políticas públicas indutoras e facilitadoras, pois isso agregará valor à cidade, gerará empregos, além de tratar-se de uma atividade econômica ambientalmente sustentável. Além de termos uma insuficiência na rede hoteleira, cerca de 5 mil unidades atualmente, há também uma precariedade nos serviços ao turista: faltam guias, falta qualificação adequada para a área de atendimento, desde os serviços de hotelaria até os serviços de táxi, passando pelas áreas de lazer, cultura e entretenimento. Na nossa administração, o turismo e a melhoria geral dos serviços em São Paulo serão objeto de investimento e de políticas públicas estruturantes. Uma das nossas preocupações centrais é que a realização de jogos da Copa deixe um legado ambiental e social – democratização de espaços, qualificação de pessoas e inclusão social. Nos comprometemos, ainda, a garantir total transparência quanto aos recursos investidos pela Prefeitura.

Qual sua opinião sobre a concessão de incentivos fiscais para a construção do estádio do Corinthians, em Itaquera, sede paulista dos jogos da Copa?

Cumprirei todos os contratos estabelecidos pela atual gestão. Sobre o Itaquerão, os incentivos foram uma forma encontrada pela Prefeitura para acelerar o projeto, dada a indefinição da escolha do estádio paulistano. Caso houvesse planejamento por parte do poder público municipal, eles poderiam não ser necessários.

Sobre Olimpíada-2016, a prefeitura irá participar diretamente da formação e treinamento de atletas de alto rendimento, como no Rio? Qual é a sua meta para a criação de equipamentos esportivos de alto nível na cidade?

Nosso programa de governo prevê atividades formadoras de atletas de alto rendimento como uma consequência geral de um amplo programa voltado para o esporte. O principal foco nesta área será a implantação do Programa Esporte nas Escolas. Todos os países que têm alto desempenho no esporte em geral e na Olimpíada em particular adotam programas consistentes nas escolas. Serão celeiros de atletas de alto rendimento. Não podemos ter uma visão elitista de investir apenas em atletas de alto rendimento, mas não podemos negligenciar sua importância e projeção. Adotaremos uma política democrática oferecendo a possibilidade da prática esportiva para todos os jovens e o público geral e cuidaremos dos talentos que surgirão naturalmente. Garantir o funcionamento de dois Centros Olímpicos, um na Zona Leste e outro na Sul, será um dos instrumentos para atender essas necessidades.

Qual é seu programa para incentivar a prática esportiva, como elemento de saúde e lazer da população paulistana, especialmente nos fins de semana?

Adotaremos políticas públicas para uso por parte da comunidade dos 250 Clubes da Comunidade e dos 45 Clubes Escolas. Hoje, esses e outros equipamentos esportivos estão sucateados, mal utilizados ou abandonados, e a população carece de alternativas de esporte e lazer. Em parceria com o governo federal, vamos implantar as Academias da Saúde – um programa que prevê e financia estes equipamentos e espaços principalmente para atividades esportivas para idosos. Construiremos também um parque para esportes radicais. Através de um processo democrático de debates e conferências, a nossa pretensão é a de construir um plano decenal de esportes.

Qual sua proposta para aproveitamento dos Clubes Municipais nas diversas regiões?

Faremos uma ampla revisão da atual situação dos Clubes da Comunidade e dos Clubes Escolas. Estabeleceremos critérios de funcionamento e de uso, dada a verdadeira desordem que existe hoje. A política de uso desses equipamentos será orientada tanto para atender as comunidades locais, que terão suas demandas por práticas esportivas atendidas também nestes locais. A utilização dos Clubes Municipais servirá, ainda, para apoiar a implantação da educação integral – os alunos poderão integrar esses espaços para a prática esportiva durante a semana. Além disso, será regulamentado o uso no período noturno dos equipamentos esportivos municipais existentes nas escolas, nos CDCs e nos Clubes-Escolas.

QUEM É

Haddad é professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), onde se diplomou em Direito, fez mestrado em Economia e doutorado em Filosofia. Foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico na prefeitura de Marta Suplicy de 2001 a 2003, quando deixou o cargo para integrar a equipe do Ministério do Planejamento do governo federal, com Lula. Em 2005, assumiu o Ministério da Educação, de onde saiu este ano.

CONFIRA AS OUTRAS ENTREVISTAS DA SÉRIE:

Soninha Francine (PPS) - segunda-feira

Gabriel Chalita (PMDB) - terça-feira

José Serra (PSDB) - quarta-feira