Elano desabafa: 'Não desaprendi a jogar futebol'

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Gols, títulos, lesões e polêmicas extracampo, 2011 tem sido marcado por altos e baixos na carreira de Elano. As coisas iam bem até o meio do ano. Artilheiro do Paulistão e peça-chave na conquista do tri da Libertadores, ele vivia a segunda lua-de-mel com a torcida santista. A partir de julho, contudo, um turbilhão de problemas atingiu a vida do meia: término do namoro com a atriz Nívea Stelman, perda de pênalti na Copa América, contusões, "esquecimento" por Mano Menezes e até uma tentativa de sequestro sofrida por seu pai.
– É até engraçado. Esse ano está estranho mesmo. Mas nada é por acaso. A gente paga pelo que faz – comenta Elano, que recebeu a reportagem do LANCENET! após treinamento no CT Rei Pelé.
Elano: 'O que eu fiz de errado, eu vou pagar'
A má fase, porém, ficou para trás, afirma o jogador, que diz ter aprendido com os tropeços, garante ter condições de voltar a jogar no nível do primeiro semestre e sonha em voltar à Seleção.
Nesta quinta-feira, contra o Atlético-GO, Elano sequer fica no banco. Contudo, a fase final do Brasileiro pode ser fundamental para ele readquirir ritmo de jogo e se preparar para o Mundial, em dezembro, no Japão.
Confira a entrevista do meia:
LANCENET!: Quando, no futuro, se lembrar de 2011, acha que terá boas ou más recordações?
ELANO: Eu, as vezes, paro para pensar sobre isso... Na minha volta fui artilheiro do Paulista, campeão, fiz uma campanha maravilhosa na Libertadores. Depois disso foi um ano difícil. Costumo dizer que tive meio ano contente e meio ano triste.
LNET!: Tem uma explicação para tudo isso que aconteceu?
A gente paga pelo que faz. Resumindo, pois não gosto de especificar, entrar em detalhes, e criar problema com ninguém, não é indireta também, e não gosto de falar nada de ninguém, mas nós pagamos pelo que fazemos, se você faz coisas boas, colhe coisas boas e, se faz coisas erradas, colhe coisas erradas.
LNET!: Problemas pessoais atrapalharam seu rendimento em campo?
E: Atrapalhou. Não diria que levei pra campo, mas atrapalhou, não adianta negar. Eu até achava que isso não acontecia, mas descobri que sim. Porém, posso garantir que tudo ficou pra trás. Nesse momento, só tenho que agradecer a três pessoas: minha esposa e duas filhas.
LNET!: Acha que pode voltar à Seleção?
E: Tenho certeza que sim e para isso preciso retomar minha carreira no Santos, esse é meu objetivo para 2012. Eu me mantive nas convocações pelo que fiz, sempre joguei bem pela Seleção, não sou eu que estou falando isso, tenho histórico, está comprovado. Dificilmente fui mal, desde quando era convocado pelo Parreira até minha afirmação com o Dunga. Errei quando perdi o pênalti na Copa América, mas não sou o maior culpado pela eliminação. Parece que não tenho mais condições de servir a Seleção. Ano passado todo mundo dizia que se não tivesse me contundido ganharíamos a Copa, e agora ninguém fala se eu tenho condições de retornar. Respeito as críticas, mas acho que falta respeito comigo também.
LNET!: Depois de perder o pênalti nas quartas da Copa América, viveu o seu pior momento na carreira?
E: Sim, com certeza, porque foi tudo de uma só vez. Em dez, quinze dias aconteceu tudo. Perdi um pênalti na Seleção, voltei e perdi outro (contra o Flamengo, tentando cobrar de cavadinha), coisas na vida pessoal não andavam bem...aí veio a série de lesões, comecei a me perguntar o porque disso tudo estar acontecendo. Mas, graças a Deus, sou abençoado e tenho que sorrir pra vida e pra quem está do meu lado por ter retomado tudo tão rápido. Hoje estou bem, vivo em paz.
Foi duro ver seu nome em revistas de fofoca, por conta do término do namoro com a Nívea Stelman?
E: Mas é muita mentira, né? Porque não sou amigo de pessoas de sites e revistas de fofocas, nem faço questão de ser. Eu convivo com jornalistas esportivos. Mas do que adianta eu ficar discutindo, se eu não tenho como provar que é mentira? Eu largo, não dou atenção para essas coisas. Retomei minha família e tenho que dar valor pra isso, que é o principal. Quando fiquei um mês machucado, ninguém veio saber como eu estava. Agora, se saio na rua e tropeço, eles vão publicar. Dou notícia para eles.
A menos de um mês para a estreia do Santos no Mundial, acha que pode chegar 100% no Japão?
E: Sem dúvidas. Estou me preparando fisicamente, não fiquei parado nesse tempo afastado. Devo treinar no campo já na próxima semana e ainda terei os jogos contra o Bahia e São Paulo para atuar.
Com preparação e descanso, pode voltar a render o mesmo que no começo dessa temporada?
E: Eu não tenho dúvida, não desaprendi a jogar futebol. As pessoas não sabem, mas muitas vezes joguei com dor. Senti a perna esquerda, depois a direita, e mesmo assim queria treinar e jogar para ajudar o time, eram momentos que precisávamos. Eu tenho uma carreira vitoriosa, joguei cinco anos aqui, ganhei dois Brasileiros, Paulista, Libertadores. Em quatro meses, parece que todo mundo esquece isso e eu não sirvo para mais nada.
Não ter tido férias no começo do ano pode ter sido o maior motivo para suas seguidas lesões no ano?
E: Sim. Em dezembro, eu estava jogando na Turquia, tive uns 10 a 15 dias parado, mas lá joguei três anos sem férias. A gente não para pra perceber, mas todos os jogadores que vieram da Europa para o Brasil se lesionaram. Veja: eu, Ibson, Sheik, Alex e Adriano, do Corinthians, Deco, do Fluminense... Quase todos que vieram da Europa tiveram lesões musculares. A sequência de jogos e a programação é diferente. Lá, folgamos uma semana para jogar, treinamos uma vez por dia. No começo é tranquilo, mas chega no fim da temporada e o jogador já está muito desgastado, sente. Mas, tenho certeza que no ano que vem será diferente porque vou ter uma preparação para Brasil.
Acredita que o Mundial pode ser a sua grande volta por cima depois do ano difícil que enfrentou?
E: Sempre digo que na minha carreira nunca me deram nada, sempre foi brigado, com muito trabalho. E agora de novo. Mas tudo isso faz parte da carreira de um atleta. O que eu de tinha problema ficou para trás. Tenho que trabalhar, seguir a vida, ter calma para jogar futebol e quem sabe ser coroado com o título que é o mais importante.
Ainda tem vaga no time titular?
E: Eu confio em mim e sei que, se eu estiver em condições de jogar, o Muricy vai me colocar em campo. Mas, se eu não estiver ou outro jogador vier melhor, ele vai colocar outro. Isso é o correto. Eu admiro o Muricy por isso. Mas eu tenho meu espaço no Santos e não vou chegar no Mundial despreparado. Com 30 anos e experiência que tenho, já sei disso. Não estou desesperado, ansioso para voltar sem ter condições. Só vou retornar com condições plenas, ainda mais porque temos duas finais pela frente no Mundial.
Como está sendo esse período de recuperação, sem poder jogar?
E: É triste. Sempre fui acostumado a jogar, dificilmente tive lesões longas, ficava, no máximo, uma semana fora. Está sendo muito difícil. O alicerce é minha família, esposa e filhos, procuro me ocupar com eles, porque chega uma hora que estressa ficar somente em casa. Fazia mais de um mês que estava trancado dentro da fisioterapia. Fez muita falta esse treinamento no gramado com os companheiros de time.
E com a recuperação do Léo e o Ganso, só restou você no DM...
E: Mas a vontade de voltar é grande pela gente mesmo. Tenho minha maneira de ser, gosto de treinar, jogar, bater aquele papo com os outros jogadores. Fazer fisioterapia e academia não me completa.
Quem no elenco mais lhe apoiou nesses momentos de dificuldade?
E: Os moleques (jogadores). Não posso reclamar porque todos foram muito parceiros. O Muricy, indiretamente, também ajuda. Ele não aparece muito, mas sempre perguntava para os jogadores como eu estava, ficava preocupado comigo.
Dizem que o Muricy não é muito próximo dos jogares ...
E: Ele fica distante, mas está sempre preocupado, pergunta para o Tatá como a gente está. É um paizão. Admiro muito ele pela forma de agir, a conduta que ele tem.Tenho que agradecer a família do Neymar também. A mãe e o pai dele me me ajudaram muito.
Por falar em Neymar, acha que ele pode ganhar a Bola de Ouro?
E: Acho difícil, porque ele está um pouco atrás do Messi. Ele também disputa a Champions, e quem vence a Liga dos Campeões normalmente ganha a Bola de Ouro. Pelo que a gente vê o Neymar fazendo, ele tinha que ser, no mínimo, o segundo melhor do mundo.
É o melhor jogador com que você jogou na carreira?
E: Eu diria que sou privilegiado por jogar com ele. O Neymar é o melhor na característica dele e o Ganso na dele. Joguei com o Diego, que era como o Ganso é hoje e o Robinho, que tinha a importância do Neymar atualmente. São quatro craques com características diferentes. Porém, têm de estar do lado de alguém que os entenda. Se você dá a bola "quadrada" nele, ele deixa redonda. Mas, se já dá o passe certo, ao invés de fazer um, ele vai fazer dois, três gols.
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