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Brasil x África do Sul: plano de homenagem a Félix

Joel Santana - Internacional x Grêmio 2004 (Foto: Itamar Aguiar)
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Dia 28/10/2015
04:39

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A Associação dos Campeões Mundiais enviará a José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), uma proposta de homenagem a Félix, goleiro tricampeão do mundo que morreu nesta sexta-feira.

A ideia é que o amistoso da Seleção Brasileira contra a África do Sul, dia 7 de setembro, no Morumbi, seja palco para um ato de reverência ao ex-goleiro do Fluminense e da Seleção.

Marcelo Neves, presidente da Associação e filho do ex-goleiro Gilmar dos Santos Neves, campeão do mundo em 1958 e 1962, ainda não sabe como será o formato da homenagem, mas a entidade e a CBF sentarão à mesa para debater o tema.

Reveja a última entrevista de Félix

 Trajetória de títulos

Nascido na cidade de Caratinga, em Minas Gerais, Félix iniciou a carreira no futebol paulista defendendo Juventus, Portuguesa e Nacional. Mas seu auge em clubes foi no Rio de Janeiro, atuando pelo Fluminense entre os anos de 1968 e 1976, quando se aposentou.

Pelo Flu, Félix conquistou os Campeonatos Cariocas de 1969, 1971, 1973, 1975 e 1976, e o Robertão de 1970. Na Seleção, sua consagração máxima foi o título da Copa de 70.

COM A PALAVRA: Luiz Fernando Gomes - Editor Chefe do LANCE!

Quando o Brasil ganhou o tri no México eu tinha 10 anos. Lembro-me que assisti a todos os jogos em família, que saia para a rua após cada vitória para comemorar em carreata dependurado com a bandeira verde e amarela na janela do carro do meu pai. Eram tempos de "Brasil Ame-o ou Deixei-o".

Lembro-me também de ver os adultos meio que assustados sempre que o adversário atacava o nosso time. O Peru de Cubillas, a Inglaterra de Bobby Moore foram jogos tensos. Eu ouvia "Sai Felix... sai do gol, Felix..." quando a bola era cruzada na área. "Caracas..." quando alguém mandava um balaço lá da intermediária. E quase sempre uma enxurrada de palavrões de alívio se ouvia depois na sala quando o perigo passava.

Eu logo entendi aquilo. Ninguém confiava naquele goleiro. Ele era um frangueiro. É o que diziam. Mas não me lembro de ter visto - nem antes, nem durante, nem depois da Copa, um gol realmente desmoralizante tomado pelo Félix.

Doze anos depois, por acaso, me encontrei pessoalmente com o goleiro do Tri. Não havia nada que lembrasse a glória que ele ajudou a conquistar. Felix trabalhava em uma loja do Ponto Frio, na Avenida N S de Copacabana, no Rio. Quando entrei - e a cena até hoje me é perfeitamente clara - estava encostado numa lavadora de roupas. Calça escura, camisa azul marinho, gravata vinho. A barba meio por fazer, os cabelos com mechas brancas nas laterais. Um óculos pendurado no pescoço. Ninguém o reconhecia, era apenas mais um naquela loja.

Não fui atendido por ele mas o procurei, trocamos algumas palavras. Falamos de Fluminense, de Seleção - Zico, Sócrates e Falcão brilhavam. Ele contou que tentara virar técnico, mas sem sucesso. Deve ter notado minha surpresa, um constrangimento talvez indisfarçável de vê-lo ali, daquele jeito. E, do nada, comentou antes de despedir-se para receber um cliente: "A vida dá voltas". Eu era recém-formado, trabalhava no Jornal do Brasil, quis fazer daquele encontro uma matéria. Fui desestimulado pela chefia. Achavam que o Félix não valia o esforço. Por ser só um fraqueiro, talvez. Podia até ser. Mas era e será para sempre o goleiro tri campeão do melhor Brasil que o mundo já viu jogar.

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