Seleção aposta em crias da Maré e do Vidigal por feitos no Mundial de boxe

Dos sete brasileiros convocados para o torneio, que começa nesta segunda-feira, na Rússia, três saíram de comunidades do Rio. A nova safra já mostra resultados e sonha com Tóquio

Luiz Fernando pugilista
Luiz Fernando da Silva é um dos representantes do Rio de Janeiro no Mundial da Rússia (Foto: Divulgação)

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O Brasil começa a disputa do Campeonato Mundial masculino de boxe nesta segunda-feira, em Ecaterimburgo (RUS), com o claro objetivo de avaliar o nível dos pugilistas do país em relação aos rivais que eles poderão encontrar nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A competição não classifica para o megaevento, mas é estratégica na preparação do time verde e amarelo, que tem como apostas três jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro.

Cria do Complexo da Maré e considerado o sucessor de Robson Conceição no boxe olímpico na categoria até 63kg, Wanderson de Oliveira disputará seu segundo Mundial. Em 2017, esteve em Hamburgo, quando caiu nas oitavas de final para o francês Sofiane Oumiha, que sagrou-se campeão na ocasião.

O oponente é o mesmo que perdeu a medalha de ouro para Robson, o único pugilista brasileiro a conquistar o lugar mais alto do pódio em Olimpíadas, na Rio-2016.

Os resultados de Wanderson são animadores. Em outubro de 2018, ele chegou ao topo do pódio na 39ª edição do Tammer Tournament, em Tempere, na Finlândia, e ainda foi eleito o melhor pugilista da competição. Os objetivos do jovem, que perdeu um dos irmãos na infância sem saber o motivo e iniciou no boxe com o objetivo de "tirar onda de saber lutar", são cada vez maiores.        

– Desta vez, quero ir longe. A final da competição é minha meta. Quem sabe consigo colocar a bandeira do Brasil no lugar mais alto? As Olimpíadas são meu foco e a competição da AIBA é um ótimo termômetro diante dos melhores pugilistas do mundo. Vejo que meu sonho está perto. Para isso, preciso de muita concentração, tranquilidade para colocar em prática todo o treinamento realizado em São Paulo – diz o tetracampeão brasileiro e o melhor brasileiro ranqueado pela AIBA (20º), invicto nas competições internacionais em 2018.

Wanderson boxe (Foto: Divulgação)
Wanderson de Oliveira é uma das esperanças (Foto: Divulgação)

Atual tetracampeão brasileiro, Douglas Andrade (52kg), de 22 anos e que também cresceu no Complexo da Maré, sonha alto em sua estreia em Mundiais da AIBA.

– Sentir o frio na barriga diante de uma competição internacional tão importante mostra que estou preparado para este desafio que pode ser um divisor de águas na minha carreira. Não só eu, mas todos os meus companheiros, vamos colocar em prática todo o treinamento realizado para chegarmos aqui. Vamos elevar mais ainda o boxe brasileiro no cenário mundial.

Criado no Vidigal, celeiro de grandes boxeadores, entre eles o medalhista olímpico Esquiva Falcão, Luiz Fernando (69kg), de 21 anos, também estreia em Mundiais animado com a possibilidade de ir longe na competição.

Após as conquistas de medalhas nas competições internacionais realizadas na República Tcheca (ouro), Finlândia (ouro) e Rússia (St. Petersburg Governor's Cup), ele quer dar um passo em busca da vaga nas Olimpíadas de Tóquio.

– Embora eu não tenha participado do Pan-Americano de Lima, eu me sinto muito preparado, sobretudo psicologicamente. Vou subir no ringue sem pressão para não atrapalhar o desenvolvimento do combate. Nossa equipe está muito bem preparada para encarar os pugilistas mais duros do mundo. Vamos pintar a Rússia de verde, amarelo, azul e branco – afirmou o carioca.

Luiz Fernando pugilista
Luiz Fernando foi homenageado pelo americano Roy Jones, considerado o pugilista da década de 1990 (Foto: Divulgação)

Brasil tenta apagar frustração do último Mundial

O Mundial da Aiba, que vai até o dia 21 de setembro, contará com 450 pugilistas de 87 países. E o Brasil pretende confirmar sua evolução para apagar a frustração da última edição, que aconteceu em 2017, em Hamburgo, na Alemanha. O país não subiu no pódio nenhuma vez no evento.

Na Rússia, a Seleção contará ainda com Hebert Sousa (75kg) e Keno Machado (81kg), ambos medalhistas de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, Abner Teixeira (91kg), bronze na capital peruana, e Joel Silva (+91kg). O head coach da equipe é Mateus Alves. O Mundial feminino acontece em novembro, em Nova Delhi, na Índia. 

O primeiro brasileiro a entrar nos ringues é o paulista Abner. Nesta segunda-feira, ele enfrenta o colombiano Deivis Julio Blanco (COL). Confira os confrontos de estreia de cada um deles, após o chaveamento realizado no domingo.

Este será o primeiro evento organizado pela Associação Internacional de Boxe (Aiba) desde que a entidade passou por uma intervenção do Comitê Olímpico Internacional (COI), em razão de uma série de denúncias de corrupção que a atingiram. A modalidade chegou a ter sua permanência no programa dos Jogos de Tóquio ameaçada, mas o problema foi contornado.

Diante do impasse, o Mundial deixou de valer classificação para Tóquio. O processo qualificatório só acontecerá só em 2020, com os pré-olímpicos continentais e mundial. Na Olimpíada, serão oito pesos entre os homens, dois a menos que na Rio-2016, e cinco entre as mulheres, dois a mais que na última edição dos Jogos.

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