Papo com Helio Castroneves: ‘Mente sã, corpo são. E vamos que vamos!’

Piloto do IMSA e da Indy 500 escreve ao L! sobre sua preparação na quarentena

Helio Castroneves (Foto: Divulgação)
Helio Castroneves em ação (Foto: Divulgação)

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Olá, tudo bem?

Gente, que coisa louca esse vírus! Parece algo sem controle, as autoridades demonstram dificuldades para lidar com algo tão grave e os hospitais estão chegando ao limite de suas capacidades. Sei que assim como eu, você e milhões de pessoas pelo mundo estão tentando seguir da melhor maneira possível as recomendações de higiene e segurança. Mas mesmo assim, enquanto escrevo, já são mais de 2.5 milhões infectados e cerca de 170 mil mortes! Juro que eu achava que não chegaria a esse ponto, mas o que nos resta é fazer a nossa parte, embora cada um sabe onde o calo aperta e o que precisa fazer.

Mas enquanto não nos livramos desse pesadelo, o negócio é tentar tocar a vida como é possível. Mesmo sem sair de casa, tenho de manter o meu preparo físico. Não é apenas questão de saúde e estética, mas uma ferramenta indispensável no meu trabalho.

Quaisquer que sejam elas, as corridas exigem muito do piloto física e mentalmente. É aquela história, não adianta o cara ser um piloto maravilhoso se a cabeça não está no lugar. O contrário é também uma grande verdade. Se o físico não permite chegar ao final da prova, não adianta ser o mais inteligente. Já ouviram falar em “mente sã, corpo são”? É assim que a coisa funciona.

No meu caso, preciso manter o peso, a musculatura bem sadia, oxigenação plena e resistência. Nesses dias, vou me virando em casa. Tenho me dedicando bastante aos exercícios que não exigem deslocamento e peso. Esse plano de atividade física foi feito sob medida para mim pelo meu preparador. É como se eu tivesse feito uma tomografia e soubesse qual a capacidade de resistência de cada parte do meu corpo, diante do esforço a que somos submetidos nas corridas. É um trabalho meticuloso e estudado detalhadamente.

Malhar em casa já é uma coisa que faço a muito tempo. Obviamente não dessa maneira, mas o Carlos é o meu preparador desde de 2000, quase 20 anos juntos, e ele já sabe o que funciona para o meu programa ou não - e o quanto eu reclamo (risos).

Como eu vivia em Ribeirão Preto na época da Fórmula 3, eu estou vivendo algo parecido com alguém a distância me assessorando. Mas é claro que, hoje em dia, com a tecnologia é muito mais fácil esclarecer qualquer dúvida de movimento do que na época de 1993.

Quero aproveitar para recomendar disciplina na quarentena. É uma bola de neve quando a gente passa o dia comendo porcaria, diante da televisão. Juntar sedentarismo com alimentação não saudável é uma bomba para o corpo. Sei que é difícil pedir isso, principalmente para quem está vivendo momentos de tensão no isolamento. Mas, dentro do possível, se a pessoa conseguir evitar muita alimentação industrializada e fazer alguma atividade física, por mais leve que seja, já será útil.

Ah, antes de terminar, quero contar para vocês que me diverti bastante no domingo, participando de uma prova virtual da Indy no traçado de Motegi, no Japão. O jogo virtual daquela época era o nosso Atari. Tadinho, não chega nem aos pés dos simuladores de hoje que tornam as imagens quase realistas. Claro que a sensação não é a mesma de um carro de verdade, dá para se divertir um pouco.

Andei com meu Yellow Submarine #3 é até que fui bem por certo tempo da corrida, mas acabei atrás. Foi legal sentir pelo menos um pouco das emoções que o automobilismo proporciona. Mas vou ser honesto, não vejo a hora de acelerar de verdade.

É isso amigo, desejo força para todo mundo e muita fé. Uma hora isso acaba.

Boa sorte a todos e até semana que vem.

Helio Castroneves é piloto do Acura Team Penske no IMSA WeatherTech SportsCar Championship e do Chevrolet Team Penske na Indy 500.

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