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Opinião: ‘A importância da educação no sucesso esportivo dos EUA’

Segundo professor e especialista em marketing esportivo, junção da educação ao esporte é um dos principais segredos para os Estados Unidos serem uma potência esportiva mundial 

NCAA
imagem cameraCom três divisões, a NCAA (National Collegiate Atlhetic Association) tem 1025 universidades associadas (Divulgação) 
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Lance!
Especial para o LANCE!
Dia 14/09/2020
13:06

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"Você já parou para pensar por que que os atletas americanos, em todas as competições esportivas mundiais, conseguem sempre um lugar no topo? O que faz os atletas americanos serem tão preparados para os momentos tão decisivos?

Para conseguir responder às perguntas acima quero dividir com vocês um pouco de como funciona o sistema esportivo nos Estados Unidos e, através disso, talvez conseguirmos entender o porquê de eles serem tão vencedores.

Existe um sistema que funciona de uma forma perfeita na América e esse sistema é a junção da educação ao esporte. Lá os atletas, até o momento de virarem profissionais nas ligas esportivas, são vistos como estudantes-atletas e, antes mesmo de serem reconhecidos como atletas, eles são entendidos como estudantes em formação.

No final da sua jornada educacional, o estudante-atleta, pode se tornar atleta profissional, se for escolhido para alguma liga, ou, no mínimo, sai preparado para atuar em uma profissão que escolheu na sua formação educacional/acadêmica.

Ótimo! Até aí é apenas um sistema. Onde encontramos o pulo do gato então?

Primeiro ponto importante: diferentemente do que acontece aqui no Brasil, nos Estados Unidos a educação primária até o High School é muito forte e de grande qualidade, seja em colégios privados ou públicos e com uma estrutura educacional/esportiva extraordinária, ou seja, se os pais optarem pelo ensino público ao invés do privado, terão seus filhos com uma excelente formação, o que significa custo zero até a universidade.

Segundo ponto importante: universidades com valores muito elevados, o que faz com que os pais passem a vida economizando dinheiro para poder arcar com esses custos universitários para seus filhos.

Este para mim é o grande ponto de incentivo ao esporte. Claro que outros atributos como todos os aspectos físicos, o respeito, a coragem, a disciplina, a persistência e blábláblá, também são muito importantes. Mas com certeza o pensamento financeiro é a mola propulsora.

Vamos para a explicação da polêmica frase acima? As universidades possuem programas de bolsas de estudo, que oferecem isenção total ou arcam com uma parte dos custos com os estudos, dando a oportunidade para diversos atletas de diversas modalidades, sejam feminina ou masculina, serem escolhidos de todas as partes do país.

Essas ligas universitárias, como são chamadas, são divididas de acordo com a quantidade de programa de esportes e quantas modalidades que cada universidade tem.

Existem muitas organizações de esporte universitário, os principais são NCAA (National Collegiate Atlhetic Association), NAIA (National Association of Intercollegiate Atlhetics e NJCAA (National Junior College Atlhetic Association).

Para não me estender vou falar alguns números da principal liga, que conta com 1025 universidades associadas: a NCAA. Ela possui 3 divisões:

- Na primeira divisão temos 326 universidades associadas que oferecem bolsas para mais de 14 modalidades esportivas diferentes;

- Na segunda divisão temos 279 universidades associadas que oferecem bolsas para mais de 10 modalidades esportivas diferentes;

- Na terceira divisão temos 420 universidades associadas que, diferentemente das divisões anteriores, não oferecem bolsas esportivas e sim bolsas acadêmicas em pelo menos 10 modalidades esportivas diferentes.

E você que está achando que basta ser bom naquela modalidade esportiva para que o estudante-atleta seja escolhido, está bem enganado.

Para ser admitido em qualquer das divisões desta liga, o estudante-atleta deve atingir na prova SAT, que é uma prova de matemática e inglês, uma pontuação de, no mínimo, 900 de 1600 pontos. Na prova de inglês TOEFL, é necessário atingir uma média próxima de 80 pontos em um total de 120.

Vamos voltar para a frase: “Mas com certeza o pensamento financeiro é a mola propulsora”.  Papai e mamãe, desde cedo incentivam os seus filhos na prática esportiva porque enxergam para eles um caminho de futuro educacional a custo zero por meio das bolsas universitárias conseguidas com os programas destinados aos atletas. Se o seu filho for um “atleta”, economizarão os valores altíssimos da universidade ou, pelo menos, terão “deliciosos” descontos.

Ou seja, da quantidade gigantesca de crianças que são incentivadas à prática esportiva, sai a qualidade de atletas sensacionais em praticamente todas as modalidades. Bom, você deve estar se perguntando: “tá, mas você ainda não chegou ao ponto”.

Pois é, mas como eu disse no início do texto, entendendo como funciona o sistema esportivo americano, consigo destacar dois pontos que na minha opinião são fundamentais para o sucesso de qualquer país.

O primeiro é a educação. Sem educação não existe desenvolvimento humano.

O segundo ponto é o comprometimento que o cidadão americano tem com ele mesmo pois, desde pequeno, ele sabe que o esporte lhe dará oportunidades e que se ele não se dedicar e não se destacar, essas oportunidades se reduzem.

Talvez seja por isto, que os atletas americanos sejam tão diferenciados. Eles já começam a vida esportiva com essa visão. Ser sempre o melhor para conseguir chegar mais longe e estudar “de grátis” em uma boa universidade. Eles crescem com essa gana de querer vencer sempre e a vitória para eles está associada literalmente com suas vidas e seus destinos. Existe uma consciência e uma valorização na prática esportiva que fazem com que eles sejam tão diferenciados e uma potência no mundo esportivo.

Enquanto isso aqui no Brasil a formação de atletas está ligada aos clubes esportivos e sociais e está completamente desconectada da educação. Aqui, o atleta profissional tem que fazer uma escolha entre a prática esportiva ou o estudo e, com isto, seu conhecimento cultural e educacional é mais restrito e muitos chegam, no máximo, até a formação do ensino médio.

Para mim, aqui no Brasil, enquanto não houver uma valorização na prática esportiva e ela não for associada à educação, o único atleta valorizado financeiramente continuará sendo o jogador de futebol.

Os atletas de outras modalidades esportivas continuarão fazendo suas escolhas entre uma carreira bem sucedida no esporte ou estudar e ter uma outra profissão.

Fica a dica.

Marcelo Palaia Giannoni é Especialista em MKT Esportivo e Professor na ESPM -  Escola Superior de Propaganda e Marketing

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