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Seis rodas na F1? Relembre as máquinas mais 'diferentes' do grid

Carros de seis rodas, turbinas e asas estranhas: era mais ousada da engenharia.

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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 06/12/2025
14:03
Tyrrell P34, o icônico carro de seis rodas, lidera a lista de invenções mais estranhas da Fórmula 1. (Foto: Fórmula 1)
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Fórmula 1 foi um laboratório de inovação radical
Tyrrell P34, carro de seis rodas, simboliza a ousadia criativa
Brabham BT46B, o 'fan car', mostrou o impacto de brechas regulamentares
Resumo supervisionado pelo jornalista!

A Fórmula 1 sempre foi um laboratório de inovação extrema. Antes de os regulamentos se tornarem rígidos, engenheiros tratavam a categoria como uma arena para testar ideias fora da lógica, desde turbinas de helicóptero até carros com seis rodas. Essas experiências não apenas chamavam atenção pela aparência incomum, mas também revelavam como criatividade e competitividade andavam lado a lado nos bastidores do esporte. O Lance! relembra o projeto de seis rodas na F1 e outros carros que marcaram época pelo design ousado.

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Seis rodas na F1?

O Tyrrell P34, com suas quatro rodas dianteiras miniaturas, talvez seja o símbolo máximo dessa ousadia. Quando surgiu em 1976, parecia ficção científica — e venceu corridas. Era a prova de que a F1 podia ser radical e ganhar com inovação, não apenas com potência. A partir dali, uma avalanche de projetos curiosos surgiu, cada um tentando explorar buracos no regulamento que a FIA ainda não tinha percebido.

Houve carros que grudavam no chão por meio de sucção, bicos absurdamente largos, asas extras instaladas no nariz e motores experimentais que jamais renderam. Alguns funcionavam momentaneamente, outros fracassaram antes de completarem uma volta. Todos, porém, fizeram parte de uma era em que pensar fora da caixa era não apenas permitido, mas incentivado.

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Com o tempo, a FIA passou a fechar brechas técnicas para evitar saltos tecnológicos imprevisíveis, padronizando áreas sensíveis do design. Assim, esses carros desaparecem, mas seguem vivos na memória como uma lembrança de quando a engenharia podia ser radical sem limites. Hoje, a criatividade está escondida no detalhe invisível de uma peça aerodinâmica — muito distante da extravagância visual dos anos 1970 e 1980.

Relembrar essas máquinas é revisitar um capítulo em que a F1 parecia mais um combate entre gênios da invenção do que entre pilotos apenas. Elas ajudam a entender por que a categoria precisou se tornar mais restritiva para preservar a segurança e o equilíbrio competitivo — e por que muitos aficionados sentem saudades dessa era irreverente.

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Tyrrell P34: o ícone das seis rodas na F1

O Tyrrell P34 é o carro bizarro mais famoso da história da F1 — e talvez o mais efetivo. Com quatro rodas dianteiras pequenas escondidas atrás da asa, ele reduzia o arrasto aerodinâmico e ampliava a frenagem com mais superfície de contato. O resultado foi uma vantagem inesperada em circuitos rápidos e curvas longas, onde o fluxo de ar limpo fazia diferença. A vitória histórica no GP da Suécia de 1976 coroou a ousadia do projeto, que chegou ao pódio em dobradinha.

A queda veio quando os pneus dianteiros deixaram de ser desenvolvidos. Sem evolução nos compostos miniaturizados, o carro parou de ser competitivo. Mesmo assim, o P34 se tornou um símbolo da liberdade criativa da F1, tanto que a FIA mudou as regras para proibir carros com mais de quatro rodas, reconhecendo que a inovação tinha ido longe demais. Outro detalhe memorável era a "janela" lateral para o piloto enxergar as rodas escondidas, algo nunca mais visto na história do campeonato.

Brabham BT46B: o carro ventilador proibido

Projetado por Gordon Murray, o BT46B ficou conhecido como "fan car" — o carro ventilador. Uma ventoinha gigante na traseira sugava o ar por baixo, gerando um efeito solo absurdo sem precisar de asas maiores. A justificativa oficial era "refrigeração", mas ninguém acreditou. Na pista, o resultado foi devastador: Niki Lauda venceu seu único GP com o carro com mais de 30 segundos de vantagem.

A pressão rival foi tão grande que a Brabham retirou o modelo voluntariamente — e a FIA o proibiu logo depois. Apesar de sua vida curta, o BT46B influenciou debates aerodinâmicos por décadas e provou que pequenas brechas no regulamento podiam ser exploradas com enorme impacto competitivo.

Outros experimentos radicais do grid

A era da engenharia excêntrica gerou uma coleção de máquinas memoráveis:

  1. Lotus 88: Dois chassis independentes — um estrutural e outro aerodinâmico — prometiam downforce extremo, mas foram banidos antes da estreia.
  2. Arrows A2 sem asas: Tentou usar carroceria para gerar efeito solo, mas era instável e abandonado após meia temporada.
  3. Williams FW07D e FW08 de seis rodas traseiras: Projeto engenhoso, mas vetado antes de correr.
  4. Williams FW26 “prestobarba”: Nariz largo e baixo que falhou rapidamente em competitividade.
  5. Ensign N179 com radiadores no bico: Ideia para liberar túneis Venturi, mas arruinou o peso e quase não correu.
  6. Lotus 56 turbina: Motor de helicóptero que parecia promissor, mas foi impraticável.
  7. McLaren MP4/10 e MP4/11 com múltiplas asas: Estranhos e pouco eficientes.
  8. Honda RA108 com asas de gaivota: Visual polêmico e desempenho sofrível.
  9. Life F190: Motor W12 experimental com resultados desastrosos.
  10. Ligier “Teapot”: Airbox gigante e visual exótico, mas surpreendentemente conquistou pódios.

Essas máquinas sobreviveram mais como curiosidades do que como soluções competitivas. Entretanto, cada uma ampliou o entendimento do que era possível — e do que jamais deveria ser repetido.

Inovação versus regulamento: o fim da era bizarra

O surgimento desses carros obrigou a FIA a reagir. O risco de uma equipe encontrar uma brecha e dominar o campeonato forçou mudanças urgentes. As regras modernas passaram a limitar dimensões, materiais, sistemas aerodinâmicos e até número de rodas. Hoje, a criatividade existe, mas confinada em detalhes sutis e quase invisíveis aos espectadores.

A nostalgia dessa era existe porque ela representava uma Fórmula 1 mais crua, experimental e menos previsível. Projetistas como Derek Gardner e Gordon Murray se tornaram personagens centrais, disputando vitórias muito além do cockpit. O charme desses anos está no contraste entre genialidade e loucura — onde ideias revolucionárias podiam vencer corridas e ser banidas no dia seguinte.

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