Copa Mercosul e Copa Merconorte; relembre o que eram, campeões e regras
Entre 1998 e 2001, CONMEBOL dividiu o “segundo escalão” continental.

- Matéria
- Mais Notícias
No fim dos anos 1990, a CONMEBOL reestruturou seu calendário de clubes para ampliar receitas, audiência e alcance geográfico. O resultado foi a criação de duas competições paralelas — Copa Mercosul e Copa Merconorte — que, de 1998 a 2001, dividiram o espaço que antes orbitava entre a Supercopa e a Copa CONMEBOL. A lógica era simples: concentrar, de um lado, os gigantes de mercados mais robustos do Cone Sul; de outro, integrar o eixo andino e abrir a porta a convidados da América Central e do Norte. O Lance! relembra a Copa Mercosul e Copa Merconorte.
Relacionadas
➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte
A Copa Mercosul nasceu voltada a marcas de grande torcida de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. A prioridade comercial ficou explícita: convites baseados em apelo de público e histórico de glórias, transmissões em TVs abertas e prêmios atraentes. Em paralelo, a Copa Merconorte ofereceu vitrine a Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e a clubes da CONCACAF (México, EUA, Costa Rica), algo raro no ecossistema da CONMEBOL até então.
A divisão atendeu à geopolítica do futebol sul-americano: maximizar jogos de alto IBOPE, reduzir viagens intercontinentais longas nas fases iniciais e, ao mesmo tempo, dar protagonismo a mercados emergentes. O plano funcionou como ponte. Em 2002, as duas competições cederam lugar à Copa Sul-Americana, formato único e mais inclusivo, que consolidou o “segundo eixo” continental ao lado da Libertadores.
Esses quatro anos produziram finais memoráveis, heróis improváveis, viradas épicas e uma lista de campeões que contam muito sobre o futebol do período: força de elenco no Brasil e pujança técnica na Colômbia, com clubes tradicionais revezando o palco principal.
Copa Mercosul e Copa Merconorte
Origem, bastidores e proposta da Copa Mercosul
A Copa Mercosul (1998–2001) foi organizada para colocar frente a frente clubes de maior apelo de Brasil e Argentina, além de campeões e camisas pesadas de Paraguai, Uruguai e Chile. O projeto teve patrocínio e operação de marketing robustos, convites dirigidos e calendário pensado para televisão. Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Vasco e outros figuraram com frequência; na Argentina, Boca, River, San Lorenzo, entre outros, asseguraram jogos de alta audiência.
A competição rapidamente eclipsou a Copa CONMEBOL em 1998–1999, sobretudo porque os gigantes priorizaram a Mercosul/Merconorte. O recorte comercial trouxe equilíbrio técnico e estádios cheios, ao preço de critérios esportivos mais flexíveis na seleção dos participantes.
Formato e regras
O desenho mais comum envolvia 20 clubes, divididos em cinco grupos de quatro, com jogos em ida e volta. Classificavam-se os cinco líderes e os três melhores segundos para as quartas. Os mata-matas (quartas e semifinais) eram em ida e volta; em caso de empate duplo, pênaltis. As finais variaram: em 1998 e 2000 houve possibilidade de terceiro jogo desempate; em 1999 e 2001, decisão em dois jogos, com pênaltis se necessário.
⸻
Campeões, jogos marcantes e artilharia
Em quatro edições, a taça ficou com quatro clubes diferentes:
- 1998 – Palmeiras: decisão contra o Cruzeiro, com gol decisivo do lateral Arce na finalíssima.
- 1999 – Flamengo: sobre o Palmeiras, em série aberta e intensa.
- 2000 – Vasco da Gama: final histórica contra o Palmeiras marcada pela virada por 4 a 3 no Palestra Itália após 0–3, com Romário protagonista.
- 2001 – San Lorenzo: único campeão não brasileiro, superando o Flamengo nos pênaltis.
A maior goleada do torneio foi Palmeiras 7–0 Racing (1999). Na artilharia, brilhos individuais: Alex (Palmeiras) e Fábio Júnior (Cruzeiro) em 1998; Romário liderou em 1999 (Flamengo) e 2000 (Vasco); Bernardo Romeo (San Lorenzo) foi o goleador de 2001.
Origem e proposta da Copa Merconorte
A Copa Merconorte (1998–2001) foi o contraponto da Mercosul. Deu palco aos grandes públicos de Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, com convites a clubes da CONCACAF (México, Estados Unidos, Costa Rica) para ampliar a exposição comercial. O nome refletia a geografia competitiva (não havia bloco econômico “Merconorte”): tratava-se de integrar os mercados do norte do continente e dos Andes ao circuito televisivo da CONMEBOL.
Herdeira espiritual da Copa Simón Bolívar, a Merconorte garantiu calendário internacional de qualidade a clubes que, muitas vezes, tinham pouco espaço nos torneios alternativos da época. A curva técnica foi puxada para cima, em especial pelos colombianos, que dominaram as decisões.
Formato e regras
O formato variou entre fases de grupos e mata-matas, sempre com eliminatórias em ida e volta nas fases finais. O objetivo era oferecer volume de jogos regionais equilibrados e, depois, cruzamentos de alto interesse. A presença de clubes mexicanos e norte-americanos adicionou deslocamentos mais longos, mas também novos mercados de audiência.
Campeões, forças e artilharia
A competição teve quatro edições e foi dominada por clubes colombianos:
- 1998 – Atlético Nacional: campeão sobre o Deportivo Cali.
- 1999 – América de Cali: título contra o Independiente Santa Fe, nos pênaltis.
- 2000 – Atlético Nacional: bicampeão, agora diante do Millonarios.
- 2001 – Millonarios: taça contra o Emelec, nos pênaltis.
Na artilharia, nomes como Juan García (Caracas), León Muñoz (Atlético Nacional) e Otilino Tenorio (Emelec) deixaram sua marca, refletindo um torneio com equilíbrio e protagonismo ofensivo distribuído.
Transição para a Copa Sul-Americana e legado
Em 2002, a CONMEBOL encerrou Mercosul e Merconorte para lançar a Copa Sul-Americana, competição única, com critérios mais claros de classificação esportiva e maior capilaridade continental. A experiência de 1998–2001 deixou aprendizados valiosos: calendário enxuto, noites de mata-mata com alto engajamento, construção de narrativas regionais fortes e protagonismo de marcas populares sem abrir mão de espaço para emergentes.
O legado técnico está nas finais de alto nível, na internacionalização de elencos e na profissionalização do produto televisivo. Comercialmente, os torneios provaram que havia demanda para uma “segunda via” continental robusta — papel que a Sul-Americana assumiu desde então.
Tudo sobre
- Matéria
- Mais Notícias