Como foram os Brasileirões com paradas no meio?
Descubra como estavam as tabelas do Brasileirão em anos com paralisações.

- Matéria
- Mais Notícias
A história recente do Campeonato Brasileiro mostra que uma pausa prolongada no calendário pode mudar completamente os rumos do torneio do futebol nacional. Desde 2003, com a adoção do formato por pontos corridos, várias edições do Brasileirão foram interrompidas por cerca de um mês devido a Copas do Mundo, Copa América e Copa das Confederações. E em quase todas elas, o desempenho dos clubes antes e depois do recesso foi bem diferente. O Lance! relembra como foram os Brasileirões com paradas no meio.
Relacionadas
➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte
A quebra de ritmo afeta o embalo dos líderes, dá fôlego para quem está em crise e pode embaralhar completamente a tabela. Em alguns anos, a pausa serviu como um “reset” para clubes em má fase. Em outros, cortou a ascensão de quem estava dominando. Reforços chegaram, treinadores mudaram e até a recuperação física de jogadores lesionados alterou o equilíbrio da disputa.
Veja abaixo como ficaram as tabelas do Brasileirão em anos com paralisação de um mês e quais clubes mais se beneficiaram — ou foram prejudicados — com a pausa.
Como foram os Brasileirões com paradas no meio?
2006 – Copa do Mundo na Alemanha e virada do São Paulo
Em 2006, o Brasileirão foi interrompido durante a Copa do Mundo. O Cruzeiro liderava o campeonato com 21 pontos após dez rodadas, seguido por Internacional e São Paulo. Na parte de baixo, Corinthians e Palmeiras estavam no Z4. A parada durou cerca de 30 dias.
Com o retorno, o cenário mudou radicalmente. O São Paulo, que era terceiro, embalou e terminou como campeão brasileiro. O Cruzeiro despencou de rendimento e terminou em 10º. O Fluminense também caiu: era quarto antes da pausa e finalizou a temporada em 15º. Já Palmeiras e Corinthians conseguiram se reestruturar e escaparam do rebaixamento. Foi uma pausa que beneficiou os grandes em crise e atrapalhou líderes que vinham embalados.
2010 – Fluminense cresce após a África do Sul
O Brasileirão de 2010 também parou por causa da Copa do Mundo. O Corinthians liderava após sete rodadas, com o surpreendente Ceará na segunda posição. No Z4, Atlético-MG, Vasco, Atlético-GO e Grêmio Prudente brigavam para sair da zona.
Com o retorno em julho, quem aproveitou o embalo foi o Fluminense. Terceiro antes da pausa, o time carioca cresceu de produção e foi o campeão. O Ceará, sensação pré-Copa, caiu para o meio da tabela. Cruzeiro e Grêmio, que estavam fora do G4, subiram bastante e terminaram no topo. Já entre os ameaçados, apenas o Grêmio Prudente acabou rebaixado. Atlético-MG e Vasco se salvaram. A pausa foi usada por muitos times para reorganizar elencos e estratégias.
2013 – A arrancada do Cruzeiro após a Copa das Confederações
A Copa das Confederações de 2013 interrompeu o Brasileirão após apenas cinco rodadas. O Coritiba liderava, seguido por Botafogo, Atlético-PR e Vitória. O São Paulo, surpreendentemente, estava no Z4 com Ponte Preta, Náutico e Portuguesa.
Após a parada, o Cruzeiro, que estava apenas em 5º lugar, começou sua caminhada rumo ao título. A equipe mineira foi a que melhor aproveitou a pausa, voltando com força total e assumindo a ponta. Já o Coritiba perdeu rendimento e ficou no meio da tabela. O São Paulo reagiu e saiu da zona de rebaixamento, enquanto Ponte Preta, Portuguesa e Náutico não conseguiram escapar da queda.
Foi uma das pausas mais transformadoras da história recente da competição: a tabela virou de cabeça para baixo.
2014 – Copa no Brasil e domínio celeste mantido
No ano da Copa do Mundo realizada no Brasil, o Cruzeiro liderava novamente o Brasileirão antes da parada, com 19 pontos. Fluminense, Corinthians e São Paulo completavam o G4. Na parte de baixo, Flamengo, Coritiba, Bahia e Figueirense formavam o Z4.
Diferente de outras edições, o Cruzeiro manteve a liderança após a retomada e foi campeão brasileiro novamente. São Paulo, reforçado por Kaká, cresceu e terminou como vice-campeão. Já o Fluminense, que estava em 2º, caiu de produção e terminou fora do G4. No Z4, o Flamengo reagiu e saiu da zona, mas Bahia, Botafogo e Vitória – que estavam fora do grupo dos quatro últimos – acabaram rebaixados. Foi um ano em que a pausa não alterou o topo, mas bagunçou a parte de baixo.
2018 – Flamengo lidera antes da pausa, Palmeiras leva após ela
Com a Copa do Mundo na Rússia, o Brasileirão 2018 foi interrompido após 12 rodadas. O Flamengo era o líder com 27 pontos, seguido por Atlético-MG e São Paulo. Atlético-PR e Ceará ocupavam as últimas posições.
Depois da volta, o Palmeiras, que era apenas 6º, iniciou uma arrancada sob o comando de Felipão e se tornou campeão com folga. O Flamengo manteve bom desempenho e foi vice. O São Paulo, que chegou a liderar o campeonato após a volta, caiu na reta final e terminou em 5º. No Z4, o Ceará conseguiu escapar e o Atlético-PR terminou em 7º lugar, mostrando uma reação impressionante.
Quem despencou após a pausa foi o Sport Recife, que era 7º e acabou rebaixado, junto com Paraná, Vitória e América-MG. O contraste entre os times que caíram e os que subiram mostra como o intervalo mexeu com os bastidores e o psicológico das equipes.
2019 – Palmeiras lidera antes da Copa América, Flamengo voa depois
A última grande paralisação antes de 2025 aconteceu em 2019, durante a Copa América. O Palmeiras liderava de forma invicta e com cinco pontos de vantagem sobre o Santos. Flamengo e Internacional fechavam o G4. No Z4, o Cruzeiro já enfrentava dificuldades ao lado de Avaí, CSA e Chapecoense.
Na volta, tudo mudou. O Santos assumiu a liderança nas primeiras rodadas após o retorno. O Palmeiras caiu de rendimento, perdeu jogos, a invencibilidade e viu a pressão aumentar, o que resultou na saída do técnico. O Flamengo, que aproveitou a pausa para integrar Jorge Jesus ao comando, engatou uma sequência histórica de vitórias e se tornou campeão brasileiro com ampla vantagem.
O São Paulo também reagiu após reforços importantes, como Daniel Alves, e subiu da 9ª para a 5ª posição. Já o Cruzeiro não se recuperou e acabou rebaixado pela primeira vez em sua história. O Vasco, que era lanterna em parte da competição, aproveitou a pausa para se reestruturar com Luxemburgo e escapou do rebaixamento.
Padrões que se repetem: como foram os Brasileirões com paradas no meio?
Ao analisar os Brasileirões com pausas de um mês, surgem padrões claros. O mais notável: o líder antes da paralisação quase nunca termina campeão. Só em 2014 o Cruzeiro manteve a ponta até o fim. Nos demais anos (2006, 2010, 2013, 2018, 2019), outros times assumiram a liderança e ergueram a taça.
Outro ponto importante é que times em má fase frequentemente usam o intervalo para reagir. Casos como os de Palmeiras (2018), Cruzeiro (2013), Atlético-PR (2018) e Vasco (2019) mostram como uma pausa bem aproveitada pode mudar o rumo de uma temporada.
Em contraste, clubes que estão embalados antes da parada correm o risco de perder o ritmo. Líderes como Corinthians (2010), Flamengo (2018 e 2019), Palmeiras (2019) e Cruzeiro (2006) sofreram quedas significativas após as pausas.
Na zona de rebaixamento, a pausa funciona como um divisor de águas. Alguns times saem fortalecidos e se salvam. Outros afundam ainda mais. E há também os que despencam do meio da tabela para o Z4 após a volta, como foi o caso de Sport, Goiás e Vitória em anos distintos.
E o Brasileirão 2025?
Com o novo Mundial de Clubes programado para junho e julho de 2025, o Brasileirão terá novamente uma pausa de cerca de um mês. A experiência de outras edições mostra que esse intervalo pode embaralhar completamente a tabela, criar novas dinâmicas e afetar diretamente a briga pelo título e contra o rebaixamento.
Times que souberem usar o tempo para treinar, recuperar atletas e ajustar o elenco terão vantagem. E os que liderarem antes da parada precisarão de atenção redobrada para manter o embalo. Afinal, no Brasileirão, o jogo muda rápido — ainda mais quando o relógio para por 30 dias.
Tudo sobre
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias