Camisa 6, por que o número virou marca do lateral-esquerdo?
Camisa 6 representa tradição defensiva e ofensiva nas laterais do campo.

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Entre os números que carregam um significado histórico no futebol, a camisa 6 é uma das mais emblemáticas. Tradicionalmente vestida por laterais-esquerdos, ela remete a uma função específica: atuar na faixa esquerda da defesa, com presença constante também no apoio ao ataque.
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Ao longo da história, a camisa 6 esteve nas costas de craques como Nilton Santos, Junior, Roberto Carlos, Maldini e Marcelo — jogadores que redefiniram o papel do lateral-esquerdo e transformaram a função em uma das mais exigentes do futebol.
Mas de onde vem essa tradição? Como a camisa 6 passou a ser associada aos laterais-esquerdos? E o que essa numeração representa no contexto tático e simbólico do esporte?
A origem histórica da camisa 6
Assim como os outros números clássicos do futebol, o 6 tem origem na formação 2-3-5, utilizada nas primeiras décadas do esporte. Com o tempo, o esquema evoluiu para o WM (3-2-2-3), em que os números começaram a se associar diretamente a posições específicas.
Quando o sistema 4-4-2 passou a ser amplamente utilizado, no Brasil e em várias outras partes do mundo os quatro defensores assumiram uma numeração tradicional:
- 2: lateral-direito
- 3: zagueiro central pela direita
- 4: zagueiro central pela esquerda
- 6: lateral-esquerdo
Assim, a camisa 6 se consolidou como a dos jogadores que atuavam pelo lado esquerdo da defesa. Era comum que o titular da posição herdasse esse número, especialmente em seleções e clubes com numeração fixa por posição.
A tradição da lateral esquerda
Diferente dos zagueiros, os laterais precisam dominar um conjunto de habilidades mais versátil. Além da marcação, é exigido que participem da construção ofensiva, oferecendo amplitude ao time e realizando cruzamentos, infiltrações e até finalizações.
No caso do lateral-esquerdo, a responsabilidade envolve cobrir o lado menos dominante da maioria dos jogadores — já que a maioria é destra —, exigindo inteligência tática e habilidade no 1 contra 1.
A camisa 6 passou, então, a representar esse jogador completo, que cumpre tarefas defensivas, mas também se destaca na criação e no apoio ao ataque.
Roberto Carlos: um dos lendários camisas 6 da história do futebol
Quando se fala na camisa 6 no futebol, é impossível não lembrar de Roberto Carlos. Ícone da lateral-esquerda e um dos jogadores mais emblemáticos da posição, o brasileiro redefiniu o papel do camisa 6 com sua potência física, chutes violentos e presença ofensiva avassaladora.
Com passagens marcantes por clubes como Palmeiras, Inter de Milão, Real Madrid e Fenerbahçe, além de uma carreira brilhante na Seleção Brasileira, Roberto Carlos vestiu a camisa 6 durante praticamente toda a sua trajetória profissional — transformando-a em um símbolo de agressividade, técnica e versatilidade.
Pelo Real Madrid, foram mais de 500 partidas, inúmeros gols de falta e assistências que ajudaram o clube a conquistar quatro títulos espanhóis e três Ligas dos Campeões. Já pela Seleção, ele foi titular absoluto nas Copas do Mundo de 1998, 2002 e 2006, sagrando-se campeão mundial em 2002 e sendo peça fundamental na campanha vitoriosa.
Roberto Carlos elevou a camisa 6 a outro patamar, rompendo o estereótipo de um lateral apenas defensivo. Ele provou que um camisa 6 também podia atacar com intensidade, decidir jogos e ser protagonista em grandes palcos do futebol mundial. É, sem dúvidas, um dos maiores — senão o maior — camisa 6 da história do futebol.
A evolução da posição e o impacto da camisa 6
Com a modernização do futebol, os laterais-esquerdos ganharam ainda mais protagonismo. Muitos times passaram a construir jogadas a partir dos lados, e o lateral deixou de ser apenas um marcador para se tornar um construtor de jogo.
A camisa 6, nesse contexto, manteve sua tradição, mas também passou a carregar novos significados. Hoje, é comum ver laterais participando de jogadas por dentro, atuando quase como meio-campistas em certos momentos da partida.
Ao mesmo tempo, a camisa continua sendo um emblema de disciplina tática e responsabilidade defensiva. Seu dono precisa ter condicionamento físico exemplar, senso posicional apurado e coragem para encarar duelos no mano a mano com atacantes velozes.
A 6 além da lateral
Embora tradicionalmente associada ao lateral-esquerdo, a camisa 6 já foi usada por outros tipos de jogadores em contextos menos rígidos. Em algumas seleções sul-americanas, por exemplo, volantes ou zagueiros chegaram a vestir a 6, dependendo da numeração fixa da equipe.
No futebol moderno, com a liberdade na escolha de números, é possível ver a 6 nas costas de meio-campistas ou até zagueiros. No entanto, a ligação simbólica com o lateral-esquerdo segue firme, especialmente em clubes e seleções que respeitam as tradições táticas.
Uma herança que segue viva
A camisa 6 carrega décadas de história. Ela representa a faixa esquerda do campo, a disciplina defensiva, o apoio ofensivo e o dinamismo do futebol moderno. Ao vesti-la, o jogador assume um papel exigente — e ao mesmo tempo, de muito prestígio.
Enquanto o futebol evolui taticamente, a simbologia da camisa 6 se mantém. Ela é mais do que um número: é um legado de craques, um sinal de confiança do treinador e, para o torcedor, uma promessa de raça, técnica e entrega.
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