Exclusivo: os oito dias que salvaram o Internacional da Série B
Elio Carravetta conta os bastidores do vestiário colorado

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Homem de confiança de Abel Braga, Elio Carravetta foi o primeiro nome pedido pelo técnico ao voltar pela oitava vez ao Beira-Rio. Agora, quase uma semana depois do fim do Campeonato Brasileiro, o especialista em preparação física conta os bastidores dos oito dias que salvaram o Internacional do rebaixamento para a Série B. Em entrevista exclusiva com o Lance!, ele contou detalhes a rotina do vestiário do dia 30 de novembro até a vitória por 3 a 1 sobre o Bragantino.
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No domingo (7), o Inter precisava vencer a equipe paulista e torcer por dois de quatro resultados. Tudo acabou dando certo. Antes, porém, nem tudo foram flores.
Antes de tudo, e Tite, vem?
Ainda impactado pelo peso da vitória conquistada no Beira-Rio – "chorei muito depois do jogo. Por tudo que a partida representou para mim" –, Carravetta começou respondendo uma pergunta que não estava no roteiro, até pela especulação em torno do nome de Tite para comandar o Internacional em 2026, notícia que sacudiu os bastidores do anúncio de Abel como diretor técnico.
– Não estou sabendo de nada. Teus colegas não param de me ligar. Mas não estou sabendo. Até quarta, quando falei com ele [Abel Braga] pela última vez, não tinha nada disso – comentou.
Depois, a conversa enveredou para os oito dias que salvaram o Inter. Os oito dias em que Carravetta, que atuou nos bastidores da Padre Cacique, em diversos cargos, por 25 anos, e Abel Braga voltaram a trabalhar juntos. E a primeira pergunta foi porque ele, Carravetta, resolveu voltar. Foi pelo Abelão?
– Foi pelo amor que eu tenho ao Inter, pelo sentimento que eu tenho ao Inter. E por causa do Abel, claro. As duas coisas têm o mesmo valor, o mesmo peso para mim. Sou torcedor do Inter. Tenho toda uma história no Inter. Foram 25 anos e dois meses trabalhando aqui.
Carravetta e sua relação com o Inter
O profissional que, assim com Abel, trabalhou oito dias sem remuneração falou da sua relação com o Inter:
– Sempre tive uma relação de muita cumplicidade, troca de experiência com todos com quem trabalhei. Foi sempre assim. Com todos os treinadores. Foram 48 no meu tempo de Internacional. Vivi grandes conquistas no Inter. Mas vivi momentos como este que vivemos agora. Vivi o rebaixamento em 2016. As duas situações de quase rebaixamento, em 1999 e 2002.
O jogo contra o São Paulo

Depois, descreveu o que ele e Abel encontraram no vestiário, quando encontraram os jogadores pela primeira vez, na tarde de 30 de novembro.
– Isso é um aspecto importante. Cheguei no Inter com uma impressão de que o vestiário estava quebrado, que havia uma cisão entre os jogadores, de que havia um afastamento entre eles. Tanto eu como o Abel achávamos isso. Pelo que víamos nos jogos e escutávamos na imprensa. E foi justamente o contrário.
De acordo com Carravetta, nos oitos dias em que conviveram com o elenco colorado, os setores estavam integrados, trabalhando seriamente.
– Não pode ter sido por causa da nossa chegada. Foi porque esse ambiente já existia. Eles até podem ter tido uma certa motivação com a nossa chegada. Um respeito maior, momentâneo, por pessoas que tinham uma história no clube. Isso pode acontecer. Mas encontramos um vestiário sadio. Isso foi um fato muito importante – frisou.
Segundo o preparador físico, depois dos treinos antes do jogo contra São Paulo, Abel saiu muito satisfeito com o que foi apresentado pelos atletas.
– Aí, acontece que aquele jogo... O time teve uma performance muito, muito baixa. Tomar três gols te dá um impacto. Naquele momento, nós, da comissão técnica, sabíamos que não estava decidido. Tanto que fui receber os atletas dizendo "decide domingo, decide domingo".
A comissão sabia que a permanência na Série A dependia de outros resultados. Mas o ambiente no vestiário...
– Era pesado, de tristeza, de desconfiança. Ai, o Abel deu folga para o os jogadores.
E o duelo contra o Bragantino

O grupo voltou na sexta (5), com dois treinos antes do duelo contra o Bragantino:
– Nesses dois treinamentos, não foi a presença física do Abel que estava ali. Foi a estratégia do Abel, a percepção do Abel. Ele começou a corrigir aquilo que viu de errado contra o São Paulo. Numa linguagem simples, sem ser crítico, mas mostrando porque aconteceram aqueles erros. Ele foi muito sábio. E pela experiência e pela liderança, os jogadores assimilaram.
Carravetta acrescentou que Abelão passou confiança ao grupo. Vem a partida decisiva, enfim no oitavo dia:
– E o Inter joga de maneira irregular no primeiro tempo. Ai, na volta do segundo tempo, ele repete o time. Qual o impacto disso? Ele passa a dar confiança para aqueles que voltaram. E confiança para aqueles que ficaram no banco. E essa confiança se traduziu no jogo do segundo tempo [o Inter marcou os três gols na etapa final].
O profissional lembra:
– O Inter sempre decaia no segundo tempo. E, contra o Bragantino, o Inter teve um desempenho melhor. E ele faz duas substituições [colocou Ricardo Mathias e Carbonoro] e os jogadores corresponderam à altura. Porque os jogadores passaram a ter confiança.
E Carravetta conclui:
– Então, eu vejo o Abel como pessoa fundamental nesse processo todo. E muitas vezes as pessoas não entendem o que aconteceu. Não foi mística, não foi milagre. Foi trabalho, a experiência dele, a percepção dele.
E assim foram os oitos dias que salvaram o Internacional.

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