Editorial: Por uma volta planejada, não improvisada!

'O retorno aparentemente às pressas do futebol carioca não ajuda em nada o interesse do público. Deveriam ser costurados acordos com os clubes e órgãos de controle'

Maracanã
Campeonato Carioca 2020 vive cenário de incertezas (Foto: Divulgação)

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Ninguém mais do que nós, do LANCE!, gostaríamos de ver a bola voltar a rolar. Desde 1997, quando o LANCE! foi lançado, acompanhamos milhares de jogos, gols, títulos, emoções. Só existimos por conta da paixão pelo futebol e pelo esporte em geral. Mas nem mesmo essa paixão incomensurável é capaz de ignorar a atual situação do Brasil e dos brasileiros diante da pandemia. Não somos contra a volta do futebol, mas sim contra a volta de forma estabanada e improvisada, sem um consenso entre todos os clubes.

Apesar da situação ainda crítica no país, é possível perceber sinais de ligeira melhora no controle da pandemia. Os hospitais - sobretudo de São Paulo e Rio de Janeiro - apresentaram queda na taxa de ocupação nas últimas duas semanas. Nesse sentido, recomeçar o futebol sem público não seria um erro. A principal questão é o momento em que isso deveria acontecer. Determinar uma data segura é o mais importante. A impressão que dá é que o timing está sendo apressado, talvez em uma ou duas semanas.

O retorno aparentemente às pressas e de forma improvisada do futebol carioca não ajuda em nada o interesse do público. Deveriam ser costurados acordos com os clubes e órgãos de controle, como Governo, Ministério Público, Judiciário, saúde pública e entidades do esporte, evitando eventuais ações judiciais. Usar a força e apoio do presidente Jair Bolsonaro não é o melhor caminho para um esporte que precisa de todos os entes para funcionar bem.

A pressa no retorno pode cobrar um preço muito alto - de vidas e financeiro - e gerar retrocesso, interrompendo o que mal começou. A consequência dessa pressa é o que estamos vendo no Rio. Depois de Botafogo e Fluminense entrarem na Justiça para tentar adiar seus jogos, o futebol carioca mergulhou numa total confusão. No sábado (20), em intervalo de poucas horas, houve três decisões distintas, primeiramente cancelando todas as atividades esportivas, depois cancelando apenas os jogos de Bota e Flu e finalmente adiando o jogo do Vasco de domingo para quarta-feira. No dia seguinte, domingo (21), o prefeito voltou atrás mais uma vez e permitiu o jogo do Vasco, que já havia sido adiado (e proibindo jogo na quarta-feira). Ou seja, uma indefinição sem fim.

Ninguém sabe, de fato, o que irá acontecer. Além de ser um desrespeito aos torcedores e a todos os envolvidos, é uma completa e absurda desvalorização do produto futebol. Uma situação em que não há vencedores, apenas perdedores.

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