Balanço do LANCE!: José Colagrossi aponta principais episódios de 2019 e exalta públicos nos estádios

Diretor do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, que mede audiências e diversos dados de eventos esportivos, avalia o que de melhor aconteceu no ano passado

José Colagrossi - Balanço Lance
Diretor executivo do Ibope Repucom, José Colagrossi, comentou sobre o esporte em 2019 (Foto: Arte LANCE!)

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Na segunda metade de dezembro, o diretor executivo do Ibope Repucom, José Colagrossi, divulgou o estudo "Futebol, Dados e Emoção 2019". O material detalhou, em tópicos, diversos pontos de destaque ocorridos ao longo de 2019 e como eles impactaram o mundo esportivo. Vários assuntos envolvendo o futebol foram abordados, como os grandes públicos ocorridos no Campeonato Brasileiro e a presença do streaming nas transmissões esportivas.

O Campeonato Brasileiro do ano passado apresentou a segunda maior média de público da história, atrás apenas da edição de 1983. O Brasileirão 2019 teve média de 21.237 torcedores pagantes por jogo. Em 1983, a média foi de 22.953.

- O ano histórico do Flamengo foi a principal razão (do recorde), mas não a única. Ao todo, a média de público da maioria (16) dos clubes da Série A durante todo o ano também cresceu em relação a 2018, são eles: Flamengo (+40%), Corinthians (+5%), Fortaleza (+18%), Bahia (+48%), Cruzeiro (+5%), Internacional (+3%), Ceará (+23%), Atlético Mineiro (+16%), Fluminense (+32%), Vasco (+25%), Athletico Paranaense (+51%), Botafogo (+14%), Santos (+6%), Goiás (+21%), CSA (+6%) e Avaí (+67%). Em resumo, foi um campeonato incrivelmente interessante por conta das muitas estórias com grande apelo, como o sucesso dos técnicos estrangeiros, grandes clubes brigando para não cair, para citar algumas - comentou Colagrossi, com exclusividade ao LANCE!.

- Sem dúvida, streaming de esporte chegou para ficar. Entretanto, ao contrário do que muitos acreditam, o streaming não vai substituir a TV. De jeito nenhum! A TV ainda é, e por muito tempo continuará a ser, a principal plataforma de consumo de esportes no Brasil e mundo. Afinal, como comparar a experiência de assistir a um jogo numa tela de 60 polegadas versus numa de 7? Evidentemente, o crescimento das smart TVs irá minimizar isso. Agora, o que o streaming permite é um enorme crescimento do alcance do esporte, ao permitir que fãs assistam transmissões quando não têm uma TV disponível - destacou o executivo do Ibope Repucom.

Para explicar melhor os dados da pesquisa "Futebol, Dados e Emoção 2019", Colagrossi participou do Balanço do LANCE!, fazendo uma retrospectiva sobre os fatos do esporte em 2019 e sua relação com a mídia e público em geral.

O estudo "Futebol, Dados e Emoção" é composto por 11 artigos escritos por experts de mídia e pesquisa esportiva. São eles:

· 2019 em vermelho e preto - O ano mágico do Flamengo;
· A democratização do patrocínio -- Nunca tantas marcas investiram nos clubes da Série A;
· Arquibancada para todos - os recordes de público do Brasileirão 2019;
· E-games. Do real ao virtual;
· 2019 e a consolidação do Streaming;
· Futebol sem salto alto: O momento ímpar do futebol feminino;
· De professor para “Mister”: os técnicos estrangeiros no futebol nacional;
· Ganhamos a Copa América, mas a seleção está em xeque;
· A fórmula da emoção, o sucesso da Copa do Brasil;
· Na era da hiperconectividade - o jogo extracampo;
· Super Libertadores 2020.

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LANCE! - Como podemos analisar o crescimento do Flamengo e o quanto isso ajudou no crescimento de audiência da TV em 2019?
José Colagrossi - Sim, existe uma correlação entre alcance de mídias sociais e audiência de TV. Quanto mais fãs e quanto maior o volume de comentários sobre futebol nas redes, mais interesse e expectativa são gerados para consumir os próximos jogos. Isso, evidentemente, acontece com todos os esportes, mas no futebol esse fenômeno se sente mais intensamente, principalmente quando falamos de Flamengo em 2019.

L! - Qual a razão do crescimento de patrocínios nos clubes e o que isso ajudou na consolidação da competição?
JC - Foram razões diferentes. Primeiro, a saída da Caixa, que chegou a patrocinar 35 clubes diferentes nos últimos anos, criou oportunidades para empresas que desejavam patrocinar futebol mas não conseguiam pagar os preços praticados naquela ocasião. Ao mesmo tempo, com mais poder de barganha, muitas destas empresas, principalmente os bancos digitais e fornecedores de material esportivo, conseguiram implementar modelos de patrocínio parcialmente baseados em resultados mensuráveis de vendas até então inéditos na indústria. Outra razão foi o aumento da eficiência dos clubes em manejar suas redes sociais, que permitem um real engajamento dos fãs com as marcas patrocinadoras. Afinal, o objetivo de quem patrocina é tornar o fã do clube em fã da marca. Também pesou favoravelmente o aumento da eficiência dos clubes em vender seus patrocínios. Finalmente, fatores macroeconômicos também criaram as condições favoráveis a investimentos em patrocínio.

L! - Qual sua opinião sobre o recorde de público no Brasileirão? Como o IBOPE Repucom vê este crescimento e interesse do público em ir ao estádio? Quais as razões para este crescimento?
JC - O ano histórico do Flamengo foi a principal razão, mas não a única. Ao todo, a média de público da maioria (16) dos clubes da Série A durante todo o ano também cresceu em relação a 2018, são eles: Flamengo (+40%), Corinthians (+5%), Fortaleza (+18%), Bahia (+48%), Cruzeiro (+5%), Internacional (+3%), Ceará (+23%), Atlético Mineiro (+16%), Fluminense (+32%), Vasco (+25%), Athletico Paranaense (+51%), Botafogo (+14%), Santos (+6%), Goiás (+21%), CSA (+6%) e Avaí (+67%). Em resumo, foi um campeonato incrivelmente interessante por conta das muitas estórias com grande apelo, como o sucesso dos técnicos estrangeiros, grandes clubes brigando para não cair, para citar algumas.

L! - O streaming veio forte no esporte, com a DAZN e outras empresas. Você vê expectativa de crescimento desse segmento em 2020? Como foi o balanço do streaming em 2019?

JC - Sem dúvida, streaming de esporte chegou para ficar. Entretanto, ao contrário do que muitos acreditam, o streaming não vai substituir a TV. De jeito nenhum! A TV ainda é, e por muito tempo continuará a ser, a principal plataforma de consumo de esportes no Brasil e mundo. Afinal, como comparar a experiência de assistir a um jogo numa tela de 60 polegadas versus numa de 7? Evidentemente, o crescimento das smart TVs irá minimizar isso. Agora, o que o streaming permite é um enorme crescimento do alcance do esporte, ao permitir que fãs assistam transmissões quando não têm uma TV disponível. A grande tendência em consumo de esporte não é a mudança do consumo da TV para o streaming, mas sim da TV individual para a TV coletiva, onde as transmissões são assistidas em bares, restaurantes, baladas ou ambiente festivos onde se replica a vibração e energia da arquibancada.

L! - O futebol feminino cresceu muito em 2019, com recordes de audiência e vários clubes na categoria.Qual o balanço do esporte em 2019 e quais as perspectivas para este ano?
JC - A grande mudança foi a qualidade do espetáculo apresentado. O time se tornou competitivo, joga e ganha bonito, dá orgulho ver. Claro que a crescente conscientização com o aumento do reconhecimento do papel na mulher em nossa sociedade também foi um fator, felizmente. Dados do Sponsorlink, do IBOPE Repucom, realizado em junho de 19, indicam que o volume de fãs de futebol feminino (muito interessados e interessados pela modalidade) alcançou 51% da população conectada no Brasil, o que corresponde a 47,9 milhões de internautas com 18 anos ou mais. Esse é o melhor momento histórico da modalidade em volume de fãs, empatando com a onda de setembro de 16, ano olímpico, que registrou os mesmos 51% de fãs.

L! - Como você vê essa onda de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro? Acredita que isso possa interessar o torcedor a acompanhar mais as partidas? Sem dúvida, o sucesso dos técnicos estrangeiros foi uma das grandes estórias de 2019. O futebol brasileiro necessitava, urgentemente, de uma reciclagem técnica e os técnicos estrangeiros mostraram como essa reciclagem é necessária.

L! - O jogo de futebol hoje está muito mais conectado. Em 2019, foram várias interações. Como você vê este crescimento e quais são as novidades que podem surgir em 2020?

Ainda segundo a pesquisa Sponsorlink, entre os cerca de 100 milhões de internautas brasileiros com mais de 18 anos, 80% acessam a internet enquanto assistem esportes pela TV, e a atividade mais realizada online é justamente acessar suas redes sociais. Ou seja, os detentores dos direitos e os próprios clubes precisam em 2020 marcar presença e expandir o atendimento desta demanda com conteúdo extra e de qualidade, aproveitando para ativar seus patrocínios e engajar os torcedores em uma experiência integrada dos fãs de esporte com seus clubes e modalidades de preferência.

L! - Com a presença do Flamengo na final da Libertadores, isso ajudou o crescimento da audiência da competição? Quais foram os impactos dos brasileiros no torneio para os torcedores?
Sucesso no campo gera sucesso de audiência. Além do Flamengo, Grêmio, Inter e Palmeiras chegaram nas fases decisivas no torneio, gerando enorme interesse, que se manifestou em enormes volumes de audiência.

L! - O torcedor está distante da Seleção Brasileira, mesmo com o título da Copa América. Qual o balanço que você faz o ano da equipe e como ela interage com o torcedor? Alguma mudança pode ser feita para melhorar a relação?
A vitória na Copa América no Brasil ajudou muito. Vimos, pela primeira vez desde 2014, o torcedor verdadeiramente engajado e orgulhoso. As mídias sociais refletiram isso em toda sua intensidade. Foi lindo! O desafio da CBF, e por extensão da Seleção Brasileira, é manter esse momento nas eliminatórias para a Copa de 2022. Evidentemente, jogar bonito e vencer seria fundamental, principalmente neste momento quando o Tite deixou de ser uma unanimidade entre torcedores e parte da imprensa.

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini

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