A MLS e os pontos de destaque do desenvolvimento do futebol nos EUA

Não se trata de discutir qual estrutura é melhor, se a norte-americana ou a brasileira, pois os modelos são bem diferentes. Mas há questões que merecem ser consideradas

Atlanta United (EUA)
Atlanta United, time da Major League Soccer, dos Estados Unidos (Reprodução/Instagram)

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Recentemente, tivemos a oportunidade de conhecer a estrutura dos Estados Unidos no desenvolvimento do “nosso” futebol, o da bola redonda. E devemos admitir que vários pontos merecem destaque.

Primeiro, importante ressaltar que não se trata de discutir qual estrutura é melhor, se a norte-americana ou a brasileira, pois os modelos são completamente diferentes. Ao mesmo tempo, existe um espaço precioso que pode ser motivo de troca de experiências nas áreas técnicas e administrativas.
Em relação à governança, os donos dos clubes são sócios entre si na liga (Major League Soccer - MLS). Assim, apesar de serem rivais em campos, eles se beneficiam mutuamente do sucesso de cada entidade, inclusive repartindo o valor de bilheteria arrecadado.

Outro ponto de destaque é o crescimento sustentável da MLS. Na primeira edição do campeonato, em 1996, havia 10 equipes inscritas. Em 2018, existem 23 times disputando a competição, com duas franquias já aprovadas para entrar – mais três deverão ser incluídas até 2020. Importante mencionar que grande parte dos proprietários possui equipes de outras modalidades, o que garante maior segurança financeira ao desenvolvimento da liga.

Um fato muito comentado pelo mercado internacional e implementado na MLS é a questão do limite salarial dos atletas. A exemplo dos outros esportes norte-americanos, a MLS estabelece um teto para pagamento de salários, mas abriu a possibilidade, em 2007, de até três jogadores serem contratados acima desse teto. A regra dos “designated players” surgiu justamente na época em que David Beckham desembarcou no LA Galaxy. Por isso, é chamada por alguns de Regra Beckham.

Para diminuir as distorções que aconteceram em alguns casos, entre os “designated players” e o restante de seus companheiros, a MLS criou em 2015 o conceito de “Targeted Allocation Money”, que permitiu a contratação de atletas com salários mais altos do que o máximo previsto, ainda assim com restrições sobre sua alocação.

Existe também um braço importante ligado ao desenvolvimento de projetos em comunidades, por meio do MLS Works. Vários programas são financiados pela liga e apoiados pelos clubes com a intenção de fomentar o desenvolvimento do esporte e atrair novos fãs.

As estratégias e dados citados acima têm como objetivo trazer maior equilíbrio à competição e melhorar o produto vendido por contratos de TV aberta, fechada ou streaming, bem como propiciar um maior senso de pertencimento ao consumidor americano, que começa a gostar e acompanhar o soccer, tanto que a média de público da MLS já é a sétima no mundo (superando até mesmo Brasil e Argentina).

Podemos adaptar as palavras de Lavoisier ao dizer que no futebol nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Apesar de a seleção dos Estados Unidos estar fora da Copa do Mundo FIFA 2018, os ensinamentos do país em relação a marketing e governança poderão ser analisados para a constante evolução do “nosso” futebol.

*André Argôlo é secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor e Luiz Mello é presidente da Autoridade Pública de Governança do Futebol (APFUT)

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