menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!

Jornalista se aventura no Corinthians USA para realizar sonho de infância

Diogo Aramuni  jogou o Paulistão sub-17, mas desistiu de ser jogador de futebol e cursou comunicação. Aos 22 anos, quando estava do LANCE!, convite para voltar mudou os planos

Diogo Aramuni
imagem cameraMeia tem contrato até dezembro com o Corinthians USA e busca renovação por mais um ano (Foto: Reprodução/Instagram)
Avatar
Lance!
São Paulo (SP)
Dia 29/10/2015
20:52

  • Matéria
  • Mais Notícias

"Na Califórnia é diferente, irmão, é muito mais do que um sonho". Não exatamente com as palavras de Lulu Santos, mas foi assim que Diogo Aramuni contou aos ex-chefes que havia recebido uma proposta irrecusável e teria que viajar em poucos dias para a Califórnia, nos Estados Unidos.

Os argumentos foram aceitos, e hoje Diogo é um dos jogadores do elenco do Corinthians USA, time que disputa a Socal Premier, uma liga entre clubes do Estado da Califórnia, e se prepara para competições de um nível mais alto em 2016 – o clube, que começou como uma filial do Corinthians brasileiro no país, mas hoje já é independente, estará na NPSL, uma das cinco ligas do país, como a já famosa MLS.

O curioso de toda essa história é que o meio-campista de 22 anos não defendia nenhum clube brasileiro antes de partir para os Estados Unidos. Na verdade, não defendia nenhum clube. Diogo é jornalista formado e trabalhava há quase dois anos aqui mesmo, no diário LANCE!. Assinava matérias dos clubes paulistas e vivia a rotina agitada de qualquer profissional do meio. Mas no fundo, carregava a frustração de não ter sido jogador, como sonhou.

– Comecei a treinar em 2000 na escolinha do Ivair, o Príncipe, que foi da Portuguesa. Ele tentou me levar para a Portuguesa e para o Palmeiras, mas acabei indo treinar no Tremembé. Depois, fui jogar o Paulistão sub-17 pelo São Carlos, a maior chance da minha vida. O problema é que não deu certo por motivos de política e deixei meu sonho de lado. Mas queria ficar no meio, então decidi ser jornalista esportivo – relembra Diogo, agora do outro lado da matéria, ao LANCE!.

Quando estava perto de fazer dois anos no jornal, Diogo soube que seu antigo DVD chegou às mãos de Márcio Granada, CEO do Corinthians USA. Também soube que um antigo colega de time o havia indicado ao técnico Robert, o ex-meia de Santos e Corinthians. Os americanos foram atrás e propuseram um vínculo de três meses que Diogo cumpre até dezembro.

- Eu estava a poucos dias de ir fazer um estágio com o Tite quando recebi a proposta dos Estados Unidos. É um projeto legal, temos um grupo de 20 jogadores hoje, sendo 14 brasileiros. Um deles é o Diogo, que está se recuperando fisicamente, mas tecnicamente bem. Sei que ele é jornalista, mas não veio para investigar, não, veio para jogar (risos). Ele treina bem e está evoluindo nessa retomada - elogia Robert, o comandante.

O contrato é curto, mas os sonhos do jogador/jornalista são amplos.

BATE-BOLA com DIOGO
Ex-repórter do L!, hoje meia do Timão USA

continua após a publicidade
Diogo, do Corinthians USA
Corinthians USA disputa a Socal Premier, liga regional da Califórnia (Foto: Reprodução/Instagram)


Como foi sua trajetória esportiva até entrar no LANCE!?. Começou a treinar com que idade? Onde? Por onde passou, o que jogou?

Comecei a treinar em 2000, quando eu tinha sete anos, no Macabi, que era um clube na região da zona norte de São Paulo, e foi lá que aprendi a jogar futebol mesmo, com um professor chamado Chiclé, que jogou na base do Atlético-PR. Era a escolinha do Ivair, o Príncipe, da Portuguesa. Lá aprendi bastante e fiquei cinco anos, até uns 14, quando as portas se abriram. Por causa do Ivair que tentaram me levar para a Portuguesa e para o Palmeiras, mas quando eu ia fazer teste nos times para ficar a escolinha acabou falindo e tivemos que mudar de lugar para treinar. Depois nunca mais encontrei nenhum dos dois. Então passei pelo Clube Atlético Tremembé, e voltei para o Macabi, em uma parceria com o São Carlos, que foi onde eu tive a maior oportunidade da minha vida, que foi disputar o Paulista sub-17. Depois, por motivos de política, acabei saindo, deixando meu sonho de ser jogador de futebol de lado. Foi aí que comecei a estudar jornalismo.

Por que jornalismo?

Queria ficar no meio do futebol, então entrei na faculdade em 2010. Quando eu estava no quinto semestre recebi a oportunidade de jogar bola nos Estados Unidos, na Auburn University, que ficava em Montgomerry, no Alabama. Lá eu joguei, aprendi outro estilo de futebol, disputei alguns campeonatos, só que acabei voltando depois de cinco meses porque meu maior intuito nessa viagem não era me tornar jogador e sim melhorar o meu inglês. Depois voltei para o Brasil, entrei no jornal LANCE!, outro lugar em que aprendi muito, onde convivi com profissionais que eu lia quando era mais novo. Quando eu ia fazer dois anos de repórter recebi a proposta de vir jogar no Corinthians USA. Apesar de eu já ter meio que desistido do sonho, apesar do sonho estar meio distante de mim, quando recebi a proposta para ficar três meses, aquele sonho de criança voltou dentro de mim e não pensei duas vezes. Não estou recebendo salário alto, estou longe das pessoas que gosto, mas mirei esse objetivo de voltar a tentar e estou tendo uma grande oportunidade ao lado de meninos que jogaram em outros clubes. Estou batalhando para que esse sonho vire realidade dessa vez.

Mesmo quando você nem pensava em largar o sonho de ser jogador já acompanhava a imprensa esportiva? sempre teve interesse?

Para falar bem a verdade eu nunca gostei de estudar. Mas sempre acompanhei, pela TV, nos jornais, e sempre gostei de ler sobre os clubes, negociações, o dia a dia. Sempre me inteirei sobre isso, mas nunca pensei em me tornar jornalista enquanto ainda tinha o sonho de ser jogador. Isso veio com o tempo, quando eu percebi que teria que voltar a estudar, que não ia ter mais jeito no futebol. Aí comecei a pensar em alguma coisa em que eu poderia envolver o futebol. Pensei em Educação Física, mas descartei, então fui para o Jornalismo, porque poderia trabalhar nisso com esporte. Nunca gostei muito de ler ou escrever, mas com o tempo fui gostando de tudo. No início da faculdade senti muita dificuldade, mas aos poucos fui me acostumando e gostando de ser jornalista e trabalhar com isso. Muita gente da minha família questionou, porque eu não gostava de ler nem escrever. Mas não me arrependo, foi legal.

No que ter sido jogador te ajudou a ser jornalista? E no que ser jornalista pode te ajudar nessa volta aos gramados?

Quando a gente está dentro do campo, tentando fazer um gol, uma assistência, a gente vê o jogo de uma forma diferente e acaba entendendo melhor o que é um esquema tático, o pedido de um treinador, a razão de uma substituição. Você vive o dia a dia, trabalha o físico, treina jogadas. Isso faz nascer uma visão diferente do que a do jornalista, que está todo dia, mas não está tentando fazer um gol ou dentro de um esquema tático. Isso me ajudou, porque pela experiência anterior tive uma visão diferente, uma facilidade maior de entender as coisas. Agora o que ser jornalista pode me ajudar nessa volta é ser mais educado, por exemplo, respeitar mais a imprensa, entender a imprensa, porque tem muita gente que não entende, acha que o cara está querendo saber demais, cutucar. Mas é o trabalho que se faz. Aprendi a ter muita educação, respeitar a hierarquia. O que era meu editor na redação agora é meu técnico, meu presidente.

Quais entrevistas você mais curtiu fazer no LANCE? Qual sua matéria preferida?

Quando eu não tinha nem uma semana de LANCE! fui enviado para a festa do Paulistão, de quando o Ituano foi campeão. Tinha jogadores do Palmeiras, do Santos, do São Paulo, do Corinthians, entrevistei o Felipão, o Alan Kardec, o Geuvânio, o Lúcio, o Arouca, muitos jogadores consagrados, que eu via pela TV e admirava. Fiquei sabendo que ia para lá umas duas horas antes, fiquei muito nervoso, mas foi a que eu mais gostei, porque não sabia que seria assim. Outra que eu guardo com carinho é uma visão de jogo de San Lorenzo x Danubio, estreia da Libertadores desse ano, e foi legal porque repercutiu na Argentina. De entrevistas lembro que gostei muito de falar com o André, do Sport, com familiares do Modesto Roma, presidente do Santos, logo que ele foi eleito e eu montei um perfil sobre ele, e com o Gerson, zagueiro que jogava no Uruguai e deu dicas sobre o time que seria adversário do São Paulo na Libertadores.

Como era disputar os campeonatos de imprensa? Ficou revoltado alguma vez com a ruindade do repórter que está te fazendo essas perguntas?

(Risos) Os campeonatos da imprensa foram bem legais, principalmente a Red Bull Press Cup, apesar do LANCE! ter entrado desfalcado. Foi legal por ter sido no CT do Red Bull, grama natural, medida do campo boa. Depois teve a Copa Aceesp, onde eu conheci jornalistas de outras empresas. Claro que o nível não é de profissional, mas no Red Bull joguei contra o Fabiano e na Aceesp tinha Vampeta, Beletti, Sorín, ex-jogadores consagrados. Foi muito legal. A gente chegou até as quartas, mas eu gostei bastante de participar.

Como você parou no Corinthians USA? Que projeto é esse? Quem daí te conhecia?

Fui convidado a jogar aqui pelo Márcio Granada, que é CEO do time. Ele me mandou uma proposta depois de ver vídeos meus jogando na Universidade e receber indicação de um goleiro que era da Portuguesa e veio para cá, o Lucas Tavares. Recebi a proposta de ficar três meses, até dezembro, que é quando os campeonatos acabam, e se eu for bem eles renovam o contrato por até um ano. É um projeto novo, o presidente está à frente há só três meses, mas temos estrutura legal, CT bom, um estádio novo, que lota mais a cada jogo que a gente disputa. Esse projeto tem muito a crescer, e pelo que dá para ver ele vai crescer, porque profissionais trabalham com honestidade e força de vontade, a comissão técnica é experiente, e isso ajuda a nós jogadores. A gente vai realizar algumas viagens, tem uma no dia 31 de outubro para os Emirados Árabes, e lá vamos disputar amistosos contra clubes grandes lá, jogar contra jogadores brasileiros, e é uma grande oportunidade para mostrar nosso potencial e quem sabe ser contratado por uma grande equipe ou, se ficar, almejar coisas grandes aqui nos Estados Unidos. É um projeto novo, mas não vai ficar só no papel.

A maioria do time é brasileiro e jovem? Você já estreou?

É sim. Muitos jogaram na base do Gama, alguns no profissional. Aí tem o Lucas Tavares, que estava na Portuguesa, o Rodrigo Gral, que jogou em Chapecoense, Bahia, Sport, um tempão no Japão, jogador bem experiente. O time tem muito brasileiro, até porque o técnico é o Robert. Então em questão de adaptação foi bem mais fácil, porque está todo mundo junto, no mesmo caminho e com o mesmo sonho. Isso é muito importante para eu poder me sentir confortável, e até estreei. Fiz um jogo saindo do banco, que estávamos perdendo por 2 a 1. Entrei faltando 12 minutos para acabar e faltando dois dei uma assistência para o Flores, o centroavante de El Salvador, empatar. Até agora foram quatro jogos e a gente tem dez pontos. Estou pegando preparo físico, porque estava parado há muito tempo, e agora esperando a oportunidade do professor Robert para mostrar que tenho potencial para ser titular.

Como é sua relação com o Robert? Ele sabe que você é jornalista? Capaz de ter até entrevistado ele alguma vez...

A gente tem uma relação boa, ele procura passar a experiência que tem de jogar em grandes clubes brasileiros e Seleção. Eu procuro tirar o máximo dele, ouvir bastante, ainda porque ele jogou na minha posição, no meio. Nós temos uma relação legal e ele não sabia que eu jornalista, não. Depois que você começou a fazer a matéria eu cheguei no CT para treinar e ele brincou que não queria que eu investigasse o time. Mas nunca cheguei a entrevistar ele, nem nada. Ele ficou sabendo tem pouco tempo, mas tranquilo, o tratamento é igual com todo mundo e a gente espera absorver o máximo dele.


  • Matéria
  • Mais Notícias