Na história das Copas: Maradona, ‘Diós’ no título argentino de 1986

Meia-atacante disputou quatro Copas e liderou a Argentina no seu bi mundial. Camisa 10 lendário morreu nesta quarta-feira, aos 60 anos, após sofrer parada cardiorrespiratória

GALERIA: Veja as Copas disputadas por Maradona e o clube que ele defendia no período de cada Mundial
(Foto: AFP/STAFF)

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Hernan e Veron Alejandro são dois irmãos argentinos que moram na cidade de Rosário (ARG). Em 2003, eles criaram a "Igreja de Maradona" para glorificar aquele que guiou o segundo título mundial da Argentina. Diego Armando Maradona disputou quatro Copas do Mundo, mas foi em 1986 que ele fez "milagres". Com jogadas sensacionais, habilidade e raça, o meia-atacante canhoto fez naquele Mundial o que parecia impossível. Até um gol de mão...

O lendário camisa 10 da seleção argentina morreu nesta quarta-feira, aos 60 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto estava em casa, na Argentina. Como tributo, recordamos aqui as Copas disputadas por Maradona.

Gol de mão de Maradona
Maradona em lendário gol de mão (Foto: Reprodução de internet)

A história de Maradona com as Copas quase começou em 1978, aos 17 anos. Ele esteve entre os três últimos cortados para o Mundial, a 13 dias da disputa. Quatro anos depois, o destaque do Boca Juniors enfim disputou sua primeira Copa - e como titular, com a camisa 10. Na estreia, a Argentina perdeu por 1 a 0 para a Bélgica. No segundo jogo, Maradona marcou dois em goleada por 4 a 1 sobre a Hungria. Depois, passou em branco em triunfo por 2 a 0 sobre El Salvador. Na segunda fase, os argentinos perderam para a Itália por 2 a 1 e caíram para o Brasil por 3 a 1, com Maradona sem brilho em ambos os jogos. O craque ainda foi expulso contra o Brasil por perder a cabeça. Com o jogo aos 40 do segundo tempo e a torcida gritando olé com a vitória brasileira, Maradona fez falta feia em Batista e levou vermelho: "Cada vez que vejo esta partida em vídeo, mas me convenço de que não fomos menos do que eles. E também teve um pênalti em cima de mim. Terminou mal, eu sei, mas poucos sabem que o chute que dei não era para ser em Batista, mas sim em Falcão. Não aguentei uma jogada que eles fizeram no meio. Quando voltei, vi um e meti o chute, no calor da partida… Pobre, era Batista", revelou Diego Maradona em seu livro.

1986: O ANO DA GLÓRIA


Em 1986, a Copa seria no México - após a Colômbia, inicialmente escolhida para abrigar o campeonato, desistir do torneio, alegando falta de dinheiro para as obras necessárias à criação da infraestrutura exigida. Pelé já tinha brilhado numa Copa no México 16 anos antes e Maradona acabou também marcando seu nome no país. Diego foi alçado ao posto de capitão da seleção em 1983 e se preparou intensamente para a Copa de 86, com o objetivo de apagar a má impressão deixada na Copa anterior. Na primeira fase, Maradona teve boas atuações, mas balançou a rede somente em empate por 1 a 1 contra a Itália, no segundo jogo - passando em branco na estreia, diante da Coreia do Sul (3 a 1 para a Argentina), e no terceiro duelo, contra a Bulgária (em 2 a 0 argentino).

As oitavas foram contra o Uruguai. A Argentina ganhou por 1 a 0 e Maradona teve boa movimentação, mas novamente não balançou a rede. Porém, Diego assumiria de vez o protagonismo a partir das quartas de final, diante da Inglaterra. A partida tinha um valor que ultrapassava o campo. Entre 2 de abril e 14 de junho de 1982, Argentina e Inglaterra travaram uma sangrenta batalha pela posse dos arquipélagos austrais das Malvinas, num conflito que ficou mundialmente conhecido como a Guerra das Malvinas - e que terminou com vitória britânica. Era a chance de a Argentina conseguir uma vingança, e Maradona foi um carrasco com requintes de crueldade. Aos seis do segundo tempo, o craque aproveitou rebatida pelo alto de defensor rival e lançou o braço esquerdo na bola, vencendo o goleiro Peter Shilton. O episódio ficou conhecido como "La Mano de Diós" após declaração ao fim do jogo: "Marquei um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus". Quatro minutos depois, outro gol épico. Maradona arrancou de antes do meio de campo e passou por seis adversários até marcar. A "obra de arte" recebeu o apelido de "Gol do Século". A Inglaterra ainda descontou, mas o dia era dos argentinos.

Na semi, a Argentina encarou a Bélgica. Embalado, Maradona foi o nome do jogo e marcou os dois gols de triunfo por 2 a 0. O segundo gol foi mais um espetáculo, passando por quatro defensores antes de finalização certeira. Na final, diante da Alemanha Ocidental, Maradona foi marcado de perto por Lothar Matthäus. Diego não fez gol, mas jogou muito. A Argentina ganhou por 3 a 2, se sagrou campeã, e Maradona foi coroado com a Bola de Ouro da Copa.

Em 1990, a seleção argentina já não estava mais tão bem ajustada e Maradona iniciou a Copa da Itália com uma forte gripe. Logo na estreia, derrota por 1 a 0 para Camarões. O jogo foi em Milão e Maradona atuou sob vaias, por ser o grande nome do Napoli no período. Os dois duelos seguintes foram em Nápoles - para sorte de Maradona, que ainda assim não marcou - e a Argentina bateu a União Soviética, mas só empatou com a Romênia, passando às oitavas em terceiro, para enfrentar o Brasil. Contra a Seleção Brasileira, Maradona deu grande passe para Claudio Caniggia marcar o gol único de vitória - em jogo que o massagista argentino Miguel Di Lorenzo ofereceu água com sonífero ao lateral-esquerdo Branco. Nas quartas e na semi, diante de Iugoslávia e Itália, empates por 0 a 0 e 1 a 1, sem gol de Maradona - que ainda perdeu cobrança na série alternada contra a Iugoslávia, mas marcou na série contra a Itália. Na final, a Alemanha Ocidental se vingou por 86 e ganhou por 1 a 0. Em 1994, Maradona foi para sua última Copa. Já com 33 anos, estava acima do peso antes do Mundial e usou remédio para conseguir emagrecer. Ele atuou contra a Grécia, marcando um gol em vitória por 4 a 0, e jogou diante da Nigéria, triunfo argentino por 2 a 1. Porém, após este duelo, caiu no antidoping. Nos Estados Unidos, ele tomou Ripped Fuel em vez de Ripped Fast, remédio que vinha usando antes, e foi pego por uso de efedrina. Seu gancho foi de suspensão até o fim da Copa. A Argentina iria sair dois jogos depois, nas oitavas de final.

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