Especialista em direito desportivo e ex-CEO do Bahia, Pedro Henriques avalia Superliga Europeia em âmbito judicial

Graduado e professor de Direito, Pedro Henriques foi eleito o melhor CEO de clubes do Brasil pela CONAFUT em 2020<br>

Superliga da Europa
Superliga Europeia pode 'substituir' a Champions League (Imagem: Divulgação)

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Doze grandes clubes do futebol europeu anunciaram a criação da Superliga Europeia, no último domingo, e causaram revolta no futebol mundial. Entidades como UEFA e Fifa manifestaram que são contras a competição independente que iria competir com a Liga dos Campeões da Europa. Pedro Henriques, ex-CEO e ex-vice-presidente do Bahia e especialista em Direito Desportivo, explicou quais seriam as consequências no âmbito judicial.

Veja o mata-mata da Champions

- Nos aspectos legais temos uma inovação, mas sem precedentes no futebol, ao contrário do que já vimos em outras modalidades com atletas querendo participar de competições que não são reconhecidas pelas federações oficiais e que chegaram a ocorrer sanções, como na patinação de velocidade. Me parece que se isso for levado a um âmbito judicial é bem possível que, tanto os atletas como os clubes, consigam se livrar deste tipo de punição - disse Pedro Henriques.

A nova competição contaria com 20 clubes, sendo 15 deles fundadores e os demais via classificação, com jogos no meio de semana e um formato com dois grupos de 10, com turno e returno. Do lado financeiro, os valores seriam superiores aqueles pagos pela UEFA aos clubes em suas competições durante as últimas temporadas.

- Me parece efetivamente que é uma questão muito mais comercial com os clubes querendo ter uma maior gerência, tanto no formato da competição quanto das negociações comerciais, para tentar se alavancar financeiramente e com um produto mais interessante para eles - concluiu Pedro Henriques.

ENTENDA A SUPERLIGA
Até o momento, os participantes da nova Liga são Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham, pelo Big Six inglês. Na Espanha, Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid fazem parte da cúpula. Pela Itália, Inter de Milão, Juventus e Milan concluem o grupo. Outros três clubes são aguardados para dar início ao torneio.

O molde do torneio giraria em torno de 20 clubes, dentre os quais 15 são os fundadores. As partidas ocorreriam nos meios de semana e as equipes seguiriam participando de seus campeonatos nacionais, conforme o calendário tradicional. Em um modelo parecido com o da NBA, os grupos seriam divididos em dois, cada um com 10 integrantes, dentre os quais três avançariam diretamente às quartas de final.

Os clubes que terminarem a primeira fase em quarto e quinto de seus grupos, disputarão entre si, em dois jogos, quem assume as vagas restantes. Assim como na Liga dos Campeões, os confrontos pela fase inicial e playoffs seriam de ida e volta. A final, todavia, será disputada em jogo único e local neutro.

Segundo o comunicado emitido pela organização da Superliga, a ideia central é elevar o patamar do futebol europeu.

- Proporcionará um crescimento econômico significantemente maior e apoio ao futebol europeu por meio de um compromisso de longo prazo com pagamentos de solidariedade ilimitados que crescerão de acordo com as receitas da Superliga - afirmou o comunicado da Superliga

- Estes pagamentos de solidariedade serão substancialmente mais elevados do que os gerados pela atual competição europeia e deverão ser superiores a € 10 bilhões durante o período de compromisso inicial dos clubes - concluiu.

Ainda sobre pagamentos, a Superliga prometeu uma base financeira por volta de € 3,5 bilhões para os clubes fundadores compensarem os prejuízos pela pandemia da Covid-19 e melhorarem suas infraestruturas. Caso o valor se confirme, seria superior aos pagos pela Uefa em todas suas competições (Liga dos Campeões, Liga Europa e Supercopa Europeia).

Já Andrea Agnelli, vice-presidente da organização, e presidente da Juventus, afirmou que a Superliga aumentaria a solidariedade entre os clubes, e tornaria o esporte mais atraente para os fãs.

- Nossos 12 clubes fundadores representam bilhões de fãs em todo o mundo e 99 troféus europeus. Nós nos reunimos nesse momento crítico permitindo que a competição europeia se transformasse, colocando o jogo que amamos numa base sustentável para o futuro a longo prazo, aumentando substancialmente a solidariedade e dando aos torcedores e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que irão alimentar a sua paixão pelo jogo e, ao mesmo tempo, fornecer a eles um modelo atraente - disse o italiano.

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