Condenado a quatro anos de prisão, Marin chora ao receber sentença

Acusado por crimes de recebimento de propina, desvio de dinheiro e fraude bancária, o ex-presidente da CBF foi aos prantos ao mencionar sua família em julgamento

José Maria Marin foi condenado à prisão pela justiça americana 
Foto: Kena Betancur/AFP

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Uma nuvem tempestuosa paira sobre a cabeça de José Maria Marin. Condenado a quatro anos de prisão, pagamento de multa de 1,2 milhão de dólares (pouco mais de R$ 4,8 milhões) e confisco de 3,3 milhões (perto de R$ 13,4 milhões) de dólares em bens pelos crimes cometidos na época em que presidia a Confederação Brasileira de Futebol, entre 2012 e 2015, o cartola jamais deve ter pensado que seria sentenciado novamente aos 86 anos, mas seus planos seguiram pela contramão e o que restou foram apenas as lágrimas.

Bem diferente do vestuário fino que costumava usar, Marin compareceu à audiência com um traje de presidiário bege, postura curvada e o cabelo maior do que seus advogados tinham visto durante as últimas sete semanas de julgamento. Apesar de ter apresentado a imagem nítida de um homem cansado, que viveu os últimos dois anos de sua vida entre prisão domiciliar, cadeia e julgamentos, o ex-presidente da CBF não mostrou arrependimento, mas ensaiou uma desculpa indireta aos que prejudicou.

Considerado culpado por júri popular pelos crimes de organização de associação criminosa, lavagem de dinheiro, fraude bancária e subornos ligados a contratos da Copa Libertadores e da Copa América, Marin tentou ser firme diante da juíza do caso, Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, até ir às lágrimas ao mencionar a esposa Neusa, que esteve presente na audiência e com quem nutre um casamento de 60 anos.

- Jesus carregou uma cruz. Eu carrego duas, a minha e a da minha mulher - declarou o ex-presidente da CBF.

Aos prantos, Marin afirmou que o futebol, que era sua maior paixão, se tornou um "pesadelo" e estava fazendo da vida de sua família um verdadeiro "inferno" desde que foi preso em um hotel de Zurique, em maio de 2015. Mas toda comoção não anulou a decisão da juíza, que foi pontual ao dizer que o réu “poderia e deveria ter dito não, mas em vez disso estendeu a mão e se uniu ao jogo” no mundo sujo do recebimento de propina, gerando mais um descontrole do economista.

- A herança de minha mulher e de da minha família, não tirem deles seu meio de sobreviver! - disse Marin enquanto sofria tentativas de ser contido por seus advogados, após ser dada a sentença e a definição dos valores de multas.

Inicialmente, a juíza sugeriu que o brasileiro fosse sentenciado a sete anos de prisão, mas a defesa jogou suas cartas na manga e pediu a redução para 13 meses, utilizando-se dos argumentos de que o ex-dirigente assumiu o cargo máximo da CBF como uma surpresa, após a renúncia de Ricardo Teixeira e não tomava decisões sem Marco Polo Del Nero, com quem partilhava os subornos, apresentando seu cliente como um idoso sem grandes poderes. Além disso, foram mencionados a idade elevada e o estado de saúde do cartola.

Outro pedido da defesa foi pela mudança de prisão, apesar de que a juíza não detém o poder de mudá-lo de local. Atualmente, Marin cumpre pena na penitenciária MDC no Brooklyn, que é reconhecida pelas condições ruins vividas pelos prisioneiros. Os advogados solicitaram que o réu fosse transferido para o Centro Correcional do Vale do Moshannon Valley CI, uma prisão federal somente para homens, que fica em Philipsburg, na Pensilvânia.

Por fim, a juíza Pamela Chen se posicionou contra todos os argumentos da defesa, menos no que diz sobre a idade elevada do réu. Entretanto, afirmou não acreditar nas explicações de que o brasileiro não tinha ideia dos crimes que estava cometendo e definiu um novo julgamento para o dia 20 de novembro, quando será definido o valor que Marin terá de restituir à Fifa e à Conmebol.

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