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Sonhos sem fronteiras: histórias de estrangeiras no Brasileirão feminino

País tem 41 estrangeiras na primeira divisão nacional do futebol feminino

Katelyn Kellogg (à esquerda), Day Rodríguez (centro) e Catalina Ongaro (à direita) disputam o Brasileirão feminino nesta temporada.
imagem cameraKatelyn Kellogg (à esquerda), Day Rodríguez (centro) e Catalina Ongaro (à direita) disputam o Brasileirão feminino nesta temporada.
Giselly Correa Barata
São Paulo (SP
Dia 21/06/2025
15:31
Atualizado há 2 minutos

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Com a liga de futebol feminino mais competitiva da América do Sul, o Brasil tem se tornado um destino cada vez mais atraente para atletas de diversas nacionalidades. De acordo com levantamento do Lance!, a edição 2025 do Brasileirão feminino contou com a participação de 41 jogadoras oriundas de dez países, em sua maioria sul-americanos.

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— Hoje você vê um campeonato que não sabemos quem vai ganhar o jogo. As partidas estão cada vez mais equilibradas e isso fala da qualidade do campeonato. Cada vez mais estrangeiras estão no Brasileirão e isso fala da vontade da gente de jogar aqui porque sabemos como o Brasil está crescendo. — disse Agustina Barroso, jogadora argentina do Flamengo, em entrevista ao Lance!.

Na edição 2025 da primeira divisão, apenas três clubes não contam com jogadoras estrangeiras: São Paulo, Juventude e Ferroviária. O levantamento não considerou atletas com cidadania brasileira, caso da goleira Dida, do Bahia, da Guiné Equatorial com dupla nacionalidade.

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Veja divisão por equipe:

Brasil tem 41 estrangeiras na primeira divisão nacional. (Arte/Lance!)
Brasil tem 41 estrangeiras na primeira divisão nacional. (Arte/Lance!)

O 3B da Amazônia, de Manaus, é a equipe com o maior número de estrangeiras no futebol brasileiro, com oito atletas vindas da Venezuela, Argentina, Ilhas Virgens Americanas e Canadá.

Ranking de clubes com mais estrangeiras no futebol brasileiro. (Arte/Lance!)
Ranking de clubes com mais estrangeiras no futebol brasileiro. (Arte/Lance!)
A maioria das atletas que atuam no Brasileirão feminino são da América do Sul. (Arte/Lance!)
A maioria das atletas que atuam no Brasileirão feminino são da América do Sul. (Arte/Lance!)

Brasil é procurado por atletas da América do Sul

Volante do Corinthians, Day Rodríguez iniciou sua trajetória no futebol aos sete anos de idade, na Venezuela, seu país natal. Motivada pelo sonho de brilhar no futebol, Day se mudou para Manaus para atuar no 3B da Amazônia, em 2018, acompanhada de outras sete venezuelanas.

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No início, enfrentou dificuldades por ser menor de idade e não ter toda a documentação necessária para jogar. Desde então, passou por Atlético Mineiro, Grêmio e Corinthians.

— Foi muito difícil no começo. No 3B, as venezuelanas falavam espanhol, então eu não sabia nada de português. Além disso, o calor era intenso e os treinos, bem difíceis. Depois, no Sul, enfrentei muito frio. — conta Day.

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Da equipe do Estudiantes de Guárico ao Corinthians, clube mais vitorioso da América do Sul, Day se aprimorou na sua posição e conquistou a confiança do técnico Lucas Piccinato.

— Quando surgiu a proposta do Corinthians, não precisei pensar muito. É o melhor clube do Brasil e o quarto melhor do mundo. Fiquei muito animada para vir e fazer parte desse elenco, conquistar muitos títulos. — diz ela.

Dayana Rodríguez, do Corinthians, é uma das estrangeiras no Brasileirão. (Foto: Corinthians/Divulgação)
Dayana Rodríguez, do Corinthians, é uma das estrangeiras no Brasileirão. (Foto: Corinthians/Divulgação)

Além de Day, o Red Bull Bragantino conta com outras atletas da América do Sul, como a argentina Catalina Ongaro e a uruguaia Karol Bermúdez.

Catalina, que já passou por Talleres e UAI Urquiza, está em sua segunda temporada pelo clube de Bragança Paulista. A mudança para o Brasil teve como objetivo buscar mais competitividade.

— O fato de a Seleção Brasileira feminina conquistar a Copa América várias vezes e se classificar para todos os Mundiais repercute muito na Argentina. Além disso, as equipes brasileiras ganhando a Libertadores também mostram a força do futebol brasileiro. Por isso, sabíamos que aqui o nível é altíssimo. — explica Catalina.

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Ao lado de outras quatro estrangeiras do Bragantino (três argentinas e uma uruguaia), Catalina encontrou mais facilidade para se adaptar ao país.

A presença de várias competições ao longo do ano também foi um atrativo para a jovem jogadora.

— Saber que a liga é competitiva, com o Campeonato Paulista, o Brasileirão e a Copa do Brasil, e ter a oportunidade de disputar a Libertadores e os mata-matas é algo que eu gosto muito e aproveito. — complementa Catalina.

Karol Bermúdez, por sua vez, destaca o crescimento do futebol feminino no Uruguai, com mais meninas se dedicando ao esporte. No entanto, para ela, viver exclusivamente do futebol parecia um sonho distante.

— Eu sabia que, para crescer futebolisticamente e pessoalmente, precisaria sair do meu país. — afirma. Com passagens pela seleção nacional, Liverpool de Montevidéu e Nacional, Karol foi contratada pelo Atlético Mineiro em 2022.

— Minha adaptação foi bem tranquila, poderia ter sido mais difícil (risos). Sou bem tímida e tive dificuldades com a comida, que é bem diferente da nossa. — conta Karol. No entanto, para ela, um diferencial positivo do Brasil são as pessoas.

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Da América do Norte ao Brasil

Companheiras de equipe no 3B da Amazônia, as goleiras Kelly Chiavaro, do Canadá, e Katelyn Kellogg, das Ilhas Virgens Americanas, mudaram-se para o Brasil por razões diferentes.

Kelly, casada com a argentina Sole Jaimes, atleta que joga no Brasil, foi convencida pela esposa a mudar-se para o país. Ela começou a jogar ainda na infância, em Montreal, onde o futebol é muito popular entre as meninas.

— Apesar de existirem sistemas fortes de base, o Canadá historicamente carece de oportunidades para as mulheres que desejam jogar em alto nível após os 16 anos. Não havia muitas opções competitivas, o que fazia com que muitas de nós precisássemos sair do país para seguir jogando seriamente. — explica Kelly.

Kelly Chiavaro, ex-Santos e Flamengo, joga no 3B da Amazônia. (Foto: Divulgação)
Kelly Chiavaro, ex-Santos e Flamengo, joga no 3B da Amazônia. (Foto: Divulgação)

Olhar gringo: o que pode ser melhorado no Brasileirão

Katelyn Kellogg, das Ilhas Virgens Americanas, acredita que a arbitragem e a qualidade dos campos são áreas que precisam de melhorias no futebol feminino.

— Acho que a arbitragem pode melhorar, assim como alguns campos onde jogamos. Para que o futebol feminino continue a crescer, é necessário investir de forma consistente no esporte. Isso é essencial para o desenvolvimento das próximas gerações. — diz Katelyn.

Kelly Chiavaro, do 3B da Amazônia, sugere mudanças no formato da competição.

— Acredito que a liga precisa adotar um formato de ida e volta. Hoje, a temporada é extremamente curta, concentrada em apenas algumas semanas, o que não dá aos times uma chance justa de se recuperar ou melhorar sua posição na tabela. O campeonato masculino acontece o ano inteiro, com cada time jogando duas vezes contra os outros — não há razão para que o mesmo não aconteça no futebol feminino. — opina Kelly.

Dayana Rodríguez, do Corinthians, destaca também a necessidade de mais respeito e árbitros competentes.

— Este ano, temos levantado muito a questão da arbitragem. Precisamos de árbitros mais qualificados. Quando comparamos com o futebol masculino, ainda há uma grande diferença. E também é preciso mais respeito, pois estamos pedindo a implementação do VAR já na primeira fase, pois há lances que realmente são difíceis para os árbitros. — conclui Dayana.

O que diz o regulamento

Atualmente, a CBF permite que até sete jogadoras estrangeiras sejam relacionadas por partida no Brasileirão Feminino, mesmo teto para o futebol masculino. Não há restrição quanto ao número de atletas internacionais no elenco, apenas um limite para cada jogo.

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