Ex-Corinthians campeão com Ronaldo relata queda após doping: 'Fundo do poço'
Bruno Bertucci constrói nova etapa da vida comandando escolinhas de futebol

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O ex-lateral Bruno Bertucci, que passou pelo Corinthians e chegou a atuar ao lado de Ronaldo Fenômeno no clube, revelou, em entrevista ao "GE", como o doping atrapalhou o andamento de sua carreira.
Bruno Bertucci foi revelado nas categorias de base do Corinthians e subiu ao profissional justamente no ano em que o camisa nove chegou ao Parque São Jorge.
— Pegar na mão do homem foi embaçado, me tremi inteiro porque era o Ronaldo. O via no Fifa, jogava videogame com o cara, e depois estar junto treinando no dia a dia foi uma das minhas maiores conquistas como desportista. Treinei, vivi e joguei em um time que teve Ronaldo Fenômeno — disse.
Concorrência pesada na lateral do Corinthians
O grande problema é que, no Corinthians, André Santos vivia um dos melhores momentos de sua carreira e, no ano seguinte, chegou ninguém menos que Roberto Carlos, um dos maiores laterais da história do futebol.
— Acredito que eu poderia ter tido uma oportunidade melhor no Corinthians para mostrar mais meu futebol. Mas eu também poderia ter tido mais confiança. Quando eu subi para o profissional fiquei muito tímido. Se eu tivesse sido a mesma pessoa que fui na base, poderia ter vingado no Corinthians e conquistado times melhores na Europa. Não me arrependo, mas eu tinha potencial para jogar em times grandes — seguiu.
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Ganhar e perder
Essa história, no entanto, apresenta gatilhos conhecidos na trajetória de muitos jogadores. Ele foi para a Europa, ganhou dinheiro (chegou a receber US$ 30 mil), mas o uso indevido de substâncias e a falta de orientação colocaram tudo a perder.
— Não fiquei milionário, mas fiquei rico. Fiquei rico, mas não tive educação financeira para fazer um pé de meia, construir um negócio e pensar no pós-carreira. Eu, simplesmente, gastei tudo. Gastei com muitos imóveis. Ao invés de comprar um e ir progredindo, fui querendo comprar um monte de uma vez só. Eu tinha tudo, mas não tinha nada, porque nada estava quitado — alertou.
— Carro eu tinha três ou quatro só aqui no Brasil. Eu morava fora e pagava para o carro ficar parado. Houve momentos em que poderia ter me resguardado mais, cuidado do meu corpo, da minha ferramenta de trabalho, e eu usava essa energia na noite, nas baladas. A noite me comprometeu. Recebia um 'puta' de um salário, andava de carrão e deveria ter me resguardado mais. Esse é um dos meus arrependimentos — apontou.

A queda após o doping
Tempos depois, em baixa no mercado, acertou com o Atibaia para disputar a terceira divisão do Campeonato Paulista. Após utilizar uma medicação para tratar uma lesão no cotovelo, caiu no doping e foi suspenso.
— Parei por causa do doping. Depois da suspensão de dois anos, as portas do mercado se fecharam. Quando passou a suspensão, ainda apareceram algumas equipes, mas eu já estava no emprego que tenho hoje em uma importadora e já tinha tirado o certificado do Sindicato dos Atletas para ser monitor – lamentou.
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Recomeço longe dos holofotes
Bruno chegou a viver momentos difíceis antes de dar a volta por cima e passou a levar uma vida humilde em uma escolinha de futebol, recebendo R$ 12,50 por hora.
— Estava no fundo do poço, mas não podia me dar o luxo de ser derrotado. Cair todo mundo cai, isso faz parte da vida. Estar lá embaixo e permanecer lá é uma escolha. Eu vim para essa vida para ser um vencedor. Me apoiei na família, no meu avô, no meu pai. Eu não podia ficar depressivo — contou.
Após experiências na Ronaldo Academy, Bruno se reergueu e hoje é proprietário de duas escolinhas em São Bernardo do Campo: o Nacional da Vila Vivaldi e a B. Bertucci Soccer Academy.
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