Protocolo, expectativa e frustração: Torcedores do Fluminense contam experiências de retorno ao Maracanã

Tricolores relatam dificuldades no check-in mas ressaltam felicidade em voltar ao estádio depois de 577 dias

Torcida Fluminense
Torcida do Fluminense destacou emoção de voltar ao Maracanã (Foto: Lucas Merçon / Fluminense)

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Na última quarta, a torcida do Fluminense pode, enfim, reencontrar o time após 577 dias de jogos com portões fechados. Além da expectativa da vitória sobre o Fortaleza, que não ocorreu, tricolores estavam ansiosos para voltar ao Maracanã. No entanto, a logística para a retirada do ingresso e a derrota fizeram parte da primeira experiência no estádio desde o início da pandemia. 

Desde 8 de março de 2020, dia em que o Flu goleou o Resende por 4 a 0 pelo Carioca, os torcedores não tinham contato direto com o time. Após o anúncio da liberação do público para a partida, na última sexta, parte da torcida iniciou o processo de check-in para a rodada do Brasileiro. 

Os problemas se apresentaram desde cedo. Para quem optou por realizar o teste em Laranjeiras, na sede do clube, a demora foi acima da previsão. Segundo Leonardo Bagno, o processo que duraria apenas algumas horas, levou um dia inteiro para ser concluído. 

- O tempo de demora para a liberação do resultado, cuja previsão era de uma hora, demorou mais de seis horas. Com isso, não foi possível trocar o ingresso na mesma viagem. Foi necessário voltar ao clube no início da noite para conseguir trocar o ingresso - disse o torcedor.

Por outro lado, aqueles que procuraram outros laboratórios credenciados pelo clube tiveram melhor sorte. No entanto, mesmo com o teste de Covid-19 realizado, houve problemas de comunicação com a plataforma do Fluminense. Igor Paesler, que realizou o exame em uma empresa de Niterói, relatou a dificuldade no reconhecimento do seu diagnóstico.

- O resultado em si saiu rápido. O que demorou mais foi o laboratório enviar o teste negativo para o site, que centralizava o comprovante de vacinação e o teste. Segundo a moça que trabalha no laboratório, esse processo é feito manualmente - lembrou. 

Uma vez com o teste em mãos, algumas pessoas também destacaram problemas para a retirada da pulseira, que permitia o acesso ao Maracanã. Foi o caso de D. R., que pediu para não ser identificada. Em decorrência dos problemas logísticos, a torcedora chegou ao estádio depois do início do jogo. 

- Cheguei na fila [da loja do Flu] às 18:40 e só consegui pegar o ingresso exatamente às 21:19. Muita confusão na hora da entrega de ingresso. Tínhamos que enviar a carteira de vacinação para um site, e o laboratório era responsável por enviar o laudo para esse site. Na hora da retirada, se não constasse lá o seu exame era a maior confusão, tinham que ficar horas ligando pro laboratório confirmando o envio (mesmo sendo obrigatório levar a cópia do exame, da carteirinha de vacinação e do voucher de ingresso). Fora as vezes que o sistema caía - lamentou. 

No Maracanã, as emoções foram diversas. Depois de mais de um ano sem assistir a um jogo presencialmente, torcedores destacaram alegria e estranhamento ao mesmo tempo. Para Igor, o evento deu esperança de dias melhores por vir. 

- No começo foi bem estranho. Um misto de alegria, por estar de volta ao Maracanã, e de tristeza, por tudo que a pandemia causou ao Brasil. Mas esse retorno gradual à vida normal nos dá esperança de um futuro melhor. 

Fluminense - Torcedor
Igor (à dir.) com amigo no Maracanã (Acervo Pessoal)

A expectativa também girava em torno de quantos tricolores estariam presentes no Maracanã. Marco Antonio, que cravou o número, ficou satisfeito com os aproximadamente 3 mil presentes. 

- Em termos de resultado, vitória. Em termos de público, apostei com amigos na terça que iria dar 3.000. Riram. Mas acertei - ressaltou.

Contudo, para alguns tricolores, a torcida teve um peso na atuação em campo. Na visão de Miguel Monteiro, o clima de cobrança afetou o rendimento dos atletas, que já estava abaixo do costume, em determinado momento do jogo. 

- Em relação ao público, esperava no máximo em torno de cinco mil pessoas, então ficou mais ou menos dentro das expectativas. Em relação ao jogo em si, esperava um pouco mais de empenho, não imaginava que o time ia sentir tanto a volta do público, mesmo com o estádio praticamente vazio - afirmou. 

Após o segundo gol do Fortaleza, a alegria de estar em casa novamente se dissipou. No lugar da expectativa, ficou a frustração da primeira derrota após sete jogos de invencibilidade. Leonardo contou que torcedores xingaram atletas, comissão técnica e dirigentes. Na sua opinião, foi uma forma de alguns extravasarem frustrações acumuladas. 

- A torcida empurrou o time até sofremos o primeiro gol. Depois dele, passou a vaiar alguns jogadores, xingar dirigentes e até o Marcão. Para mim, interpretei como algo represado que a torcida viu a oportunidade de desabafar ali. Um amigo meu falou bem: foram vaias retroativas. Penso o mesmo. Vi algumas discussões próximas de mim, mas nada muito além de gritos e xingamentos de parte a parte. 

Mesmo com as dificuldades, alguns tricolores pretendem voltar ao Maracanã para apoiar o time na luta pelo G6. Por outro lado, alguns torcedores afirmam que não irão sábado, alguns pelo custo do ingresso e teste de Covid-19, e outros, pelos problemas enfrentados no primeiro evento-teste do Fluminense.

Neste sábado, o Fluminense enfrenta o Atlético-GO, às 16h30, também no Maracanã. A partida, válida pela 25ª rodada do Brasileiro, será transmitida pelo Premiere e Tempo Real do LANCE! 

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