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‘Ninguém gosta do Soteldo’: o que sobrou do Fluminense do Renato?

Treinador pediu demissão após eliminação para o Lanús

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Pedro Brandão
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 24/09/2025
08:59
Renato coloca Bernal e Soteldo em Lanús x Fluminense (Foto: Luis ROBAYO / AFP)
imagem cameraRenato coloca Bernal e Soteldo em Lanús x Fluminense (Foto: Luis ROBAYO / AFP)

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O Fluminense perdeu para o Lanús e foi eliminado da Copa Sul-Americana. Mas, além da queda, o maior prejuízo da noite foi o pedido de demissão de Renato Gaúcho, que surpreendeu dirigentes, jogadores e torcedores. O treinador anunciou sua saída ainda no vestiário, pouco depois do empate em 1 a 1 no Maracanã, válido pelas quartas de final, nesta terça-feira (23).

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Renato deixa o clube em um cenário de indefinição: o Tricolor está no meio da tabela do Campeonato Brasileiro, sem clareza se brigará por vaga na Libertadores ou para não cair. Classificado para a semifinal da Copa do Brasil — onde enfrentará o Vasco apenas em dezembro —, o time carioca se vê agora sem técnico, sem rumo e sem convicções claras dentro de campo.

Na coletiva, Renato afirmou que só pediu demissão porque o Fluminense está “tranquilo” no Brasileirão. Caso o time estivesse em risco, ele teria seguido no cargo. O treinador alegou desgaste do futebol como justificativa para sua decisão.

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— Saiu o Hércules porque ele pediu para sair. Tirei Everaldo porque ele não estava em uma noite boa, coloquei o Cano. Pensei em colocar o Soteldo, que está aqui há um mês e ninguém gosta dele. Te falei, o futebol acabou. O cara é titular da seleção venezuelana. O único jogador que eu pedi para o Fluminense trazer foi o Soteldo justamente porque é um jogador que abre a defesa adversária, um para um. Ele entrou em dois jogos, o Fluminense perdeu os dois jogos, as pessoas estão culpando o Soteldo. Onde nós vamos parar com o futebol? Não é aqui no Fluminense, é em todo lugar. Os treinadores não têm mais paciência para essas coisas. Quando os treinadores mais antigos pararem, aí de repente vocês começam a valorizar bem quem está começando com novas ideias. E aí vamos ver onde o futebol vai parar. Gravem bem essa entrevista que estou dando hoje, daqui a pouco vão reprisar. "É, bem que o Renato tinha razão". Hoje em dia ninguém é bom, infelizmente.

Mas o que chama atenção é o legado que ele deixa. Contra o Lanús, Renato abriu mão de uma de suas convicções mais repetidas: a de que o Flu só era equilibrado com três volantes. Mesmo sem Nonato, lesionado, havia opções como Bernal — que sequer foi relacionado. Ainda assim, o técnico optou por escalar Lucho Acosta, cedendo a um pedido frequente da torcida e da imprensa. A mudança até trouxe brilho em alguns momentos, mas representou uma quebra de postura em relação ao que o próprio treinador defendia semanas atrás.

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No ataque, a situação é ainda mais indefinida. Renato sustentou ao longo da temporada que Everaldo era o centroavante titular — elogiando seu trabalho tático e o papel nas disputas de bola. Porém, no intervalo do jogo decisivo, substituiu-o por Germán Cano. Na coletiva, disse que o Brasileirão era a competição mais importante, e quem joga o Brasileirão é Cano. Assim, deixou no ar uma incoerência: afinal, quem era o dono da posição nas partidas de maior peso? Para aumentar a incerteza, Renato ainda recorreu a John Kennedy, que nem sempre é relacionado, mas foi chamado para o tudo ou nada contra os argentinos.

Além das escolhas táticas, Renato deixa o Fluminense com alguns jogadores marcados. O meia Lima foi mantido com frequência no time mesmo diante de críticas, e Soteldo — única contratação pedida pelo treinador — se tornou um ponto de desgaste com a torcida, acumulando atuações abaixo do esperado.

Ao mesmo tempo, reforços de alto custo como Lezcano e Lavega tiveram pouquíssimas oportunidades sob o comando do técnico. Santi Moreno, recém-contratado, também foi pouco utilizado. Renato afirmava que buscava “preservar” esses atletas, mas logo após ser questionado em coletiva, utilizou parte deles contra o Vitória, reforçando a imagem de contradição e improviso em suas decisões.

O resultado é que o Fluminense, neste momento, não tem uma equipe-base consolidada. As indefinições no meio, no ataque e na utilização dos reforços deixam o elenco fragmentado, sem uma espinha dorsal clara.

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Sequência do Fluminense

Por sorte, a semifinal da Copa do Brasil só acontece em dezembro. Até lá, o Fluminense terá que se reorganizar sob o comando interino de Marcão e focar no Brasileirão. O Tricolor não vive uma situação desesperadora na tabela, mas pode se complicar se não reagir logo. O campeonato de pontos corridos não perdoa oscilações prolongadas, e a queda na Sul-Americana expõe o risco de a temporada terminar com o clube em uma posição indefinida: sem título, sem vaga na Libertadores e ameaçado por baixo rendimento.

Renato se despede, mas deixa um Fluminense fragmentado, com jogadores contestados, contradições abertas e muitos pontos de interrogação para o restante de 2025.

Renato Gaúcho em Fluminense x Lanús
Renato Gaúcho em Fluminense x Lanús (Foto: PIMENTEL / AFP)

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