LANCE! na Jogada: Fluminense tem queda de receitas, mas especialista vê otimismo com nova gestão

Amir Somoggi ressalta a queda de valores importantes para o clube e aumento da dívida, mas destaca menor gasto com o futebol

Mário Bittencourt - Fluminense
Fluminense fechou mais um ano no vermelho em 2019 (Foto: LUCAS MERÇON/ FLUMINENSE FC)

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Especialista em marketing e gestão esportiva, Amir Somoggi foi convidado do "LANCE! na Jogada", um bate-papo sobre o resultado financeiro dos clubes brasileiros, que recentemente divulgaram seus balanços de 2019. Sobre a situação do Fluminense, o especialista avalia como preocupante a perda de algumas das principais receitas ao longo do último ano. No entanto, destaca otimismo com os caminhos tomados pela nova gestão de Mário Bittencourt.

- O Fluminense teve queda em receitas, tinha R$ 297 milhões em 2018 e caiu para R$ 265 milhões em 2019. Uma parte disso por conta de transferência de atletas e outra pela mudança na televisão. Além das premiações, a televisão caiu de R$ 113 milhões para R$ 81 milhões. Os patrocínios caíram de R$ 13 milhões para R$ 9 milhões e o sócio-torcedor foi de R$ 23 milhões para R$ 20 milhões, então todas as receitas caíram. Houve uma melhora substancial em bilheteria, que saltou de R$ 10,8 milhões para R$ 16,4 milhões. Um ponto interessante foi a redução do custo do futebol. Da mesma forma que a receita caiu, o custo também caiu de R$ 167 milhões para R$ 147 milhões. É o segundo clube que mais gasta no futebol no Rio de Janeiro. O terceiro é o Vasco, com R$ 128 milhões e o quarto o Botafogo, com R$ 114 milhões - analisou.

'Do ponto de vista financeiro, o Fluminense não vive um bom momento. Queda de receitas, déficit, com os gastos ainda pressionando pois o clube tem muitas dívidas. Mas vejo o Fluminense mais preparado em 2020'

- Hoje o Fluminense tem um equilíbrio muito maior no custo do futebol do que tinha em 2017, quando era de R$ 193 milhões, representando 84% de toda receita. Hoje representa 56%. O clube fechou com prejuízo, já é uma sucessão nos últimos quatro anos. Foram R$ 93 milhões de prejuízo nos últimos quatro anos, uma média de R$ 23 milhões ao ano. As dívidas tiveram um aumento de R$ 629 milhões para R$ 642 milhões. Uma parte disso causada pelo aumento da dívida fiscal. Do ponto de vista financeiro, o Fluminense não vive um bom momento. Queda de receitas, déficit, com os gastos ainda pressionando pois o clube tem muitas dívidas. Mas vejo o Fluminense mais preparado em 2020 do que estava, com uma boa administração, mesmo que austera em termos de investimento, mas tem muita dívida para pagar ainda - completou.

Em um ano que marcou a transição entre os mandatos de Pedro Abad e Mário Bittencourt, o Fluminense registrou um déficit de R$ 9,3 milhões em 2019. Com o resultado, este foi o quarto ano seguido em que o Tricolor fechou as contas no vermelho. A maior parte dessa receita bruta do ano passado foi por venda de jogadores, que ficou em R$ 105,4 milhões. As transferências de Pedro e João Pedro representaram a maioria desse valor.

- Olhando para o endividamento do clube, se vê um peso muito grande das dívidas fiscais, que acabaram jogando como forma de sobreviver e pagar outros débitos. Vejo essas dívidas em crescimento e também as contingências, que é um problema que acompanha o clube. Tem muito dinheiro provisionado também por acordos trabalhistas e cíveis. Enquanto o Flamengo tem o patrimônio líquido de R$ 128 milhões, o Fluminense tem um negativo de R$ 266 milhões. É um retrato de décadas de má administração que acumularam dívidas e acabou impactando diretamente. Quer dizer, os bens que o Fluminense tem são insignificantes em relação ao tamanho da dívida - disse.

O especialista, inclusive, destacou o quanto a pandemia do novo coronavírus pode atrapalhar os planos dos clubes que dependem da negociação de jogadores para lucrar. O Fluminense ainda não divulgou o orçamento para 2020. O documento seria votado no Conselho Deliberativo, mas a paralisação pela COVID-19 atrasou os planos.

Amir destacou durante a entrevista - mostrada abaixo - que, para redução dos custos, é preciso observar modelos que deram certo, como o do Athletico-PR. Entre as alternativas, investir no scouting para que as decisões sejam baseadas em dados e nas categorias de base, dando mais subsídio para que os jovens tenham capacidade emocional para subir aos profissionais. O principal exemplo é o do Flamengo, que passou anos reduzindo gastos para diminuir as dívidas e atualmente é o clube com melhores resultados do país.

- Talvez se o Botafogo tivesse feito o mesmo trabalho, não teria atingido os mesmos objetivos, mas poderia ganhar mais com sócio-torcedor ou explorando melhor o estádio. Ou o Fluminense explorando melhor sua marca. Quando olhamos as receitas de marketing e sócios dos clubes do Rio de Janeiro, os dados são baixos em comparação com o Flamengo. O termo "outro patamar" está se consolidando em números - finalizou.

Confira no vídeo abaixo a análise completa de Amir Somoggi:

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