Eleições Fluminense: o que defendem Ademar Arrais e Mattheus Montenegro nos principais temas do clube
Pleito ocorre neste sábado (29)

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Os sócios do Fluminense vão às urnas neste sábado (29) para escolher o presidente que conduzirá o clube no triênio 2026–2028. A disputa coloca frente a frente Ademar Arrais, advogado e figura conhecida da política tricolor, representante da oposição; e Mattheus Montenegro, também advogado, vice-presidente geral do clube e candidato da situação.
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Para facilitar a decisão do eleitor, o Lance! organizou cinco tópicos principais entre as ideias, propostas e diagnósticos dos dois candidatos. As respostas estão apresentadas em ordem alfabética: primeiro Arrais, depois Montenegro. Veja como cada um se posiciona em cinco temas fundamentais: SAF, finanças, futebol, governança e prioridades imediatas.
Número 20 – "Clube que orgulha o Brasil"- candidato Mattheus Montenegro e vice Ricardo Tenório.
Número 30 – "O Fluminense tem pressa"- candidato Ademar Arrais e vice Adyr Tourinho.
SAF e modelo de clube
Ademar Arrais
Arrais diz ser favorável à adoção da SAF, mas deixa claro que rejeita a proposta apresentada pela Lazuli Partners na gestão atual. Segundo ele, o documento não foi entregue de forma completa, carece do Acordo de Acionistas e não reflete os interesses do Fluminense, mas sim os do presidente Mário Bittencourt e dos investidores envolvidos. Afirma que o clube não fez nenhum estudo próprio de valuation, nem de Xerém, nem da dívida, e critica o fato de representantes do BTG estarem presentes em atos da campanha situacionista. Ele argumenta que a estrutura proposta permite que o investidor aumente sua participação até 90% de forma unilateral, algo que considera perigoso. Arrais promete suspender o processo, contratar auditorias independentes, calcular o valor real do clube e abrir concorrência antes de qualquer decisão definitiva.
Mattheus Montenegro
Montenegro considera a proposta atual uma referência inicial que deve ser revisada e renegociada, não descartada. Ele afirma que o aporte de R$ 500 milhões pode ser aumentado e que as conversas só não avançaram por respeito ao processo eleitoral. Para ele, a SAF é um mecanismo que pode acelerar o crescimento do futebol e o equacionamento da dívida sem comprometer o planejamento do clube. Montenegro destaca que o tema será amplamente debatido com o torcedor e que a transparência será total caso o Fluminense avance rumo ao modelo empresarial.
Dívida, finanças e sustentabilidade
Ademar Arrais
Arrais afirma que a dívida do clube é maior do que a divulgada oficialmente e já ultrapassa R$ 1 bilhão. Ele alega que o Fluminense não possui auditoria independente de grande porte, que há inconsistências estatutárias e que uma série de decisões ruins, como contratações caras, renovações longas e vendas prematuras de jovens, alimentam o problema há anos. Segundo ele, o clube vive sob um modelo que chama de "gestão amadora", e a solução passa por uma mudança estrutural: reforma estatutária, compliance, limites para assinatura de contratos longos, análise rigorosa de riscos e responsabilização de dirigentes por gestão temerária. Arrais diz que só com profissionalização plena e ruptura institucional o Fluminense conseguirá reorganizar suas finanças de forma definitiva.
Mattheus Montenegro
Montenegro defende que a dívida está equacionada e que houve grande avanço na relação dívida/receita. Ele explica que, se o passivo de 2019 tivesse apenas seguido a correção pela Selic, estaria acima de R$ 1,3 bilhão, mas o valor atual (R$ 865 milhões) mostra que o clube pagou, renegociou e reduziu cifras ao longo da gestão. Afirma ainda que o Fluminense vive um período de receitas recordes, com expectativa de superar R$ 1 bilhão em 2025, o que torna a situação financeira mais saudável. Também diz que negociações com a PGFN estão em fase final e que haverá redução nominal da dívida ainda este ano. Para ele, trata-se de uma gestão responsável, que não dá passos maiores que as pernas e busca equilíbrio entre investimento esportivo e pagamento de compromissos.
Futebol profissional e Xerém
Ademar Arrais
Arrais defende uma ruptura na estrutura. Para ele, o futebol deve ser completamente separado do social e do olímpico, cada um com orçamento e gestor próprio. Ele acredita que o presidente do clube não deve frequentar vestiário ou interferir diretamente no ambiente do time, e critica o que considera uma relação excessivamente pessoal entre a atual gestão e empresários. Diz que Xerém precisa ser priorizado como ativo estratégico, com salários mais competitivos para funcionários, blindagem de jogadores e obrigação de minutagem mínima antes de qualquer venda. Segundo ele, muitas negociações recentes enfraqueceram o departamento e favoreceram terceiros. Sua proposta é de profissionalização absoluta, com auditoria, planejamento estratégico e meritocracia para competir com clubes mais estruturados.
Mattheus Montenegro
Montenegro propõe continuidade com ajustes. Ele afirma que Luis Zubeldía será mantido em 2026, que Paulo Angioni continuará como diretor de futebol e que a estrutura profissional existente será preservada. Defende maior investimento tecnológico no departamento de scout, além da retomada da diretoria de planejamento esportivo — responsável por integrar base e profissional, função que considera essencial. Para ele, a gestão atual conseguiu melhorar competitividade, aumentar frequência de Libertadores, conquistar títulos e criar estabilidade no futebol. Sua visão é que esse processo deve seguir com evolução gradual, evitando rupturas internas.
Governança, estatuto e política interna
Ademar Arrais
Arrais define o estatuto atual como "obsoleto" e afirma que o maior problema do clube é o ambiente político que, segundo ele, reproduz o modelo fracassado do futebol brasileiro. Critica a concentração de poder, a falta de compliance e a repetição de práticas que considera prejudiciais à institucionalidade do Fluminense. Defende regras claras de governança, responsabilização por gestão temerária, auditoria permanente, limites para que o presidente não assine contratos de longo prazo isoladamente e mudanças profundas no Conselho Deliberativo. Também diz que o clube precisa de mais transparência, transmissão de reuniões e fiscalização mais ativa por parte dos sócios.
Mattheus Montenegro
Montenegro destaca que o Fluminense já avançou nos mecanismos de controle e que a profissionalização continuará sendo ampliada. Para ele, a melhora financeira, o aumento de receitas, o fortalecimento de Xerém e a reorganização do departamento de futebol mostram que a gestão atual entregou estabilidade. Ele acredita que o avanço natural da SAF, caso aprovado, trará governança ainda mais rígida, com protocolos, auditorias e estruturas modernas. A aposta é na continuidade com ajustes técnicos que reforcem o modelo atual.
Prioridades imediatas caso eleitos
Ademar Arrais
Arrais afirma que iniciará a gestão com uma ampla auditoria, revisão geral de contratos, implementação de novas regras estatutárias, contratação de consultorias independentes e abertura de um processo técnico sobre a SAF, com cálculo de valuation, análise detalhada da dívida e estudo de mercado para atrair concorrência. Ele também diz que dará início imediato à separação administrativa entre futebol, social e olímpico.
Mattheus Montenegro
Montenegro diz que a primeira medida será fechar o planejamento do elenco de 2026, avançar na negociação da SAF, concluir acordos que reduzam a dívida, reforçar o departamento de futebol e retomar o funcionamento pleno da diretoria de planejamento esportivo para gerir a transição entre base e profissional.
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Sócios-torcedores também votam no Fluminense
O Fluminense segue entre os poucos clubes do futebol brasileiro que permitem o voto de sócios-torcedores na escolha do presidente. O clube conta atualmente com 37.830 membros, mas só pode votar quem está adimplente há pelo menos dois anos. Também participam os proprietários e contribuintes, desde que estejam em dia há pelo menos um ano.
O mandatário eleito comandará o clube entre janeiro de 2026 e dezembro de 2028. Além das atribuições administrativas, caberá a ele conduzir a fase final do processo de criação e possível venda da SAF do futebol, que está em diligência. O tema vem sendo analisado pelos conselheiros e será levado à votação após a eleição presidencial. A decisão final caberá ao conjunto de conselheiros, sócios e torcedores aptos a votar.

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