Ex-candidatos à presidência do Flamengo criticam possível aumento em mandato: ‘Golpe no processo eleitoral’

Walter Monteiro e Ricardo Hinrichsen, candidatos na última eleição presidencial do Flamengo, lamentam chance de mudança que prejudica a "democracia rubro-negra"

Rodolfo Landim Rodrigo Dunshee
Rodolfo Landim e Rodrigo Dunshee na eleição presidencial do Flamengo em 2021 (Foto: Paula Reis/Flamengo)

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A movimentação pela alteração na duração do mandato presidencial do Flamengo foi intensificada, e a medida, que teria efeito imediato mantendo Rodolfo Landim no cargo por mais um ano, até o fim de 2025, não é bem vista pelos demais candidatos que concorreram na última eleição. À época, o atual mandatário foi reeleito para o segundo e último triênio permitido pelo estatuto do Flamengo.

Ricardo Hinrichsen, um dos opositores a Landim no último pleito, falou ao LANCE! sobre a possibilidade. Para ele, a chance de uma ampliação no tempo do mandato iria contra o regimento estabelecido no estatuto, o que chamou de "verdadeiro golpe".

- O atual presidente já foi reeleito. Está no segundo mandato. Portanto, caso isso seja aprovado, ele não teria apenas dois mandatos, como ficaria sete anos no poder. Isso é absolutamente imoral. Vejo isso como um golpe no processo eleitoral no Flamengo. Lamentável que esse tipo de casuísmo seja levantado neste momento. Não entendo porque alguém iria querer rasgar o estatuto do clube e efetuar esse verdadeiro golpe contra a democracia rubro-negra - afirmou Ricardo Hinrichsen..

Outro opositor que participou do último pleito e lamentou a possibilidade foi Walter Moteiro, à época candidato pela Chapa Ouro. Apesar de contrário a ideia, Monteiro admitiu que existe a possibilidade da aprovação por parte dos conselheiros do clube, principalmente pelo poder de influência exercido pelo atual presidente.

- Só posso lamentar, mas não é nenhuma surpresa, é uma conversa que já se ouvia abertamente nos bastidores. Não estou certo de que a proposição atende plenamente a regulação dos clubes de futebol (Lei Pelé e Lei do Profut), mas colocando a questão legal à parte, internamente é possível que seja aprovada sim. Landim controla amplamente os conselhos do clube. É mais um sintoma do sufocamento da democracia no clube - avaliou

Walter Monteiro - Flamengo
Walter Monteiro foi candidato à presidência para o triênio 2022/24 (Foto: Paula Reis/CRF)

Ao LANCE!, Rodolfo Landim admitiu que "já conversou superficialmente com outros conselheiros sobre o assunto", mas que não tinha conhecimento sobre iniciativa junto ao Conselho Deliberativo.

Procurado pelo LANCE!, Marco Aurélio Asseff preferiu por não se posicionar sobre o assunto. Vale destacar que, na última segunda-feira, o Conselho Deliberativo manteve a decisão de punir o advogado, que recorreu após ser suspenso por 120 dias por divulgar uma foto do presidente do CoDe, Antônio Alcides, supostamente ingerindo bebida alcóolica antes de presidir uma sessão.

Desta forma, o advogado está inelegível para a próxima eleição do Flamengo que, a princípio, será em 2024. Asseff foi o segundo colocado na últime eleição, com 284 votos, a qual foi vencida com ampla maioria por Rodolfo Landim, da Chapa Roxa, que recebeu 1.301 votos de um total de 2011.

OS PRÓXIMOS PASSOS

Para sair do "campo das ideias", é preciso que a proposta de emenda que altera o tempo de mandato presidencial seja apresentada por um grupo de conselheiros (com, no mínimo, 50 assinaturas) ou por um presidente de um dos poderes do clube. Assim, a proposta será encaminhada ao Conselho Deliberativo e à Comissão de Estatuto antes de ser votada em Plenário.

Ricardo Hinrichsen - Flamengo
Ricardo Hinrichsen, ao centro, na eleição do Flamengo (Foto: Paula Reis/CRF)

A alteração na duração de mandato presidencial é um debate antigo na Gávea. Na visão de Ricardo Hinrichsen, o mérito da emenda é positivo, uma vez que impediria a reeleição e medidas eleitoreiras do mandatário em primeiro mandato. O problema, portanto, está no contexto na qual está inserida.

- Essa emenda que existe há algum tempo, de substituir o mandato da presidência do Flamengo de três anos, com a possibilidade de reeleição por mais três anos, por um mandato único de quatro anos tem originalmente, por objetivo, impedir que o presidente se veja constrangido em um primeiro mandato a tomar medidas eleitoreiras, que garantam sua reeleição para um segundo mandato, medidas que não sejam do interesse do Flamengo. Esse é o mérito da emenda, e acho bastante positiva. Uma visão moderna, sem reeleição - complementou Hinrichsen em contato com o LANCE!.

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