Louco por desafios e um ‘animal competitivo’: veja como foi a primeira coletiva de Vítor Pereira no Corinthians

Vítor Pereira ainda destrinchou a escola de técnicos portugueses, explicou porque escolheu o Timão e detalhou como deseja ver sua equipe jogando em campo

Coletiva Vítor Pereira - Corinthians
Vítor Pereira em sua primeira coletiva pelo Timão (Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians)

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Na tarde desta sexta-feira (4), Vítor Pereira concedeu sua primeira entrevista coletiva como técnico do Corinthians no CT Joaquim Grava. Um dos pontos abordados foi a escolha em trabalhar no futebol brasileiro, mais especificamente no Corinthians.

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O português contou que já havia recebido convites para trabalhar no país, mas aceitou o trabalho no Timão pela insistência da diretoria e carinho da torcida, que o cativaram.

- Já fui convidado para vir ao Brasil várias vezes. O que me motiva é o lado tático, técnico, estratégico do jogo. Motiva a qualidade dos jogadores, e aqui tenho certeza que teremos qualidade. Um campeonato com qualidade. Me estimula também a dimensão do clube, a paixão dos adeptos. E mais a insistência, o lado emocional, do presidente e direção. Me fez sentir que tinha que ser eu. Comecei a me ligar com os adeptos, que também me queriam. Mesmo antes de vir, vi que tinha uma ligação, e foi por aí. Antes não decidi porque tive sempre a Champions League na cabeça. Experiência nova, vamos ver como consigo superar o desafio - revelou Vítor Pereira.

Pereira também falou sobre a tendência dos clubes brasileiros em apostar cada vez mais em técnicos estrangeiros. Ele fez um breve análise sobre Jorge Jesus, que esteve na mira do Alvinegro, e destrinchou o estilo dos técnicos portugueses, que estão fazendo cada vez mais sucesso em terras tupiniquins.

- É um treinador que imprime um ritmo forte no jogo (Jorge Jesus). A escola de portugueses vai nessa linha de imprimir intensidade qualitativa no jogo. Se for ganhar e perder a bola logo em seguida, para mim não tem qualidade. Se ganhamos a posse e depois perdemos, não temos qualidade para ficar com ela. Quem tem que marcar o ritmo nas minhas equipes somos nós. Trabalho para dominar o jogo com bola, esse é o padrão da minha equipe. Quero evitar ao máximo correr para trás. Não é padrão das minhas equipes defender na área. Não gosto de marcações individuais, de corridas desnecessárias. Quero pressão agressiva e organizada. Quando perdemos a bola, uma vontade de atacar o portador da bola. Esta será a matriz de jogo, independentemente do adversário - afirmou.

O lusitano de 53 anos, que já trabalhou em Portugal, Turquia, Grécia, China e Arábia Saudita, afirmou que o clima e o calendário serão seus grandes desafios como técnico do Corinthians. Mas ele deixou claro que é apaixonado por novas experiências no futebol.

- Fundamentalmente, mais do que a cidade, é nos adaptarmos à cultura. É mais fácil adaptar no Brasil do que na China. Culturalmente, temos muito em comum. A língua é fácil de entendermos. A grande adaptação será o clima. Eu gosto de um jogo intenso, de qualidade. Acredito que o clima, calor, afeta um bocadinho a intensidade. A grande dificuldade serão as viagens, as densidades competitivas, serão muitos jogos competitivos. Ter que reformular minha metodologia de treino, no sentido de trabalhar sem carga. Esse é o desafio, eles me estimulam, não tenho medo. Quando me sinto desafiado, é normalmente por aí que vou. Essa adaptação a um campeonato diferente - ponderou.

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Pereira também confessou já conhecer o estilo de alguns atletas do elenco. Mas na visão do treinador, quem irá definir se o time vai estar com a identidade do português são os jogadores.

- Uma coisa é conhecer os jogadores, conheço muito bem alguns jogadores, porque enfrentei na China. Alguns jogadores já conheço de fato, de qualidade. Muitos deles conheço de ver jogar. Nós temos uma ideia sobre determinado jogador, e depois, quando começamos a trabalhar com ele, o jogador manifesta coisas, para o jogo que queremos jogar, que eu nunca tinha visto. Esta fase é de avaliação para mim. Apesar de conhecer as características de muitos deles, o importante é eu perceber, para o jogo que nos propomos a fazer. Quando temos certa experiência, não precisamos de muito tempo para fazer essa avaliação. Eu considero que já tenho alguma. Treinei muitos níveis diferentes. Não consigo determinar se daqui um mês o Corinthians já vai estar com a identidade que pretendo, depende da resposta deles - afirmou o técnico.

Durante a coletiva, o português deixou claro o desejo em praticar um futebol ofensivo e agressivo, com o domínio da posse de bola. Mas a sua maior vontade é ver o clube levantar títulos.

- Gostaria de deixar títulos. Para além da qualidade do jogo, é importante. Gosto de ganhar com qualidade de jogo, mas ganhar é fundamental. Em um clube desta dimensão, com uma torcida enorme, é importante competir por títulos. Posso prometer muito trabalho no sentido de ir em busca dos títulos - disse.

Perguntando sobre a qualidade do elenco, Vítor Pereira disse ser cedo para pedir ou não reforços. Ele ainda enfatizou sua vontade de trabalhar com atletas da base. Na última semana, o Corinthians inscreveu mais sete garotos na Lista B do Paulistão.

- A densidade competitiva é grande. Gosto muito de trazer jogadores da base toda semana. Sempre tive essa preocupação nos clubes onde passei. Estou a avaliar, e depois estarei mais apto a perceber as necessidades. Preciso de mais tempo - contou.

Por fim, abordou sobre a sua 'loucura' à beira do gramado. Ele se mostrou ser uma pessoa comprometida e de bom relacionamento. Mas quando está disputando uma partida, se torna uma pessoas mais passional e vibrante. A única coisa que o incomoda é falta de respeito.

- Me considero uma pessoa de relacionamento fácil. De origens humildes, de fácil acesso. Sou obcecado pelo jogo, com uma paixão enorme. E essa paixão às vezes me transforma em um animal competitivo. Quero ganhar sempre. Costumo dizer que nem aos meus filhos costumo deixar ganhar. Sou muito competitivo e emocional. Quando se junta na mesma pessoa, no ambiente do futebol, a emocionalidade e paixão, é natural que às vezes haja momentos de desequilíbrio. Esse é o Vítor, pessoa tranquila, com valores morais. Que reage mal a quem me desrespeita em termos de valores, ai sim reajo mal, e me torno reativo - concluiu.

Vítor Pereira irá estrear pelo Corinthians no sábado (5), às 16h, diante do São Paulo no Morumbi, pela décima rodada do Paulistão.

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