FAQ: tudo o que você precisa saber da parceria entre Corinthians e Grupo Taunsa

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Cleidson Cruz, CEO da empresa de agronegócios, respondeu diversos questionamentos sobre a relação com o Timão

Duílio Monteiro Alves e Taunsa
Duílio e Cleidson firmaram ótima relação com a parceria entre o Timão e a Taunsa (Foto: Felipe Szpak/Ag.Corinthians)

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Junto ao anúncio do meia Paulinho, no fim do ano passado, o Corinthians também trouxe a público uma nova parceria comercial. O Grupo Taunsa, empresa brasileira que atua no segmento do agronegócio e que se tornou uma parceira do Timão. 

No case inicial, a exposição da marca foi massivamente envolvida no anúncio e primeiras ações de Paulinho em seu retorno ao clube alvinegro. Em contrapartida, a Taunsa foi quem viabilizou financeiramente essa contratação, e arcará com os salários do atleta durante o período de contrato até o fim de 2023, quando também está prevista a duração da parceria e atual administração corintiana, presidida por Duílio Monteiro Alves. 

Com isso, o modelo de negócio entre Corinthians e Taunsa naturalmente envolve algumas dúvidas na torcida corintiana, e após uma entrevista exclusiva concedida pelo CEO da empresa, Cleidson Cruz, ao LANCE!, alguns desses questionamentos foram esclarecidos. 

Portanto, o L!! criou um FAQ (Frequently Asked Questions, que no português pode ser traduzido como Perguntas Frequentes) para explicar os pontos da partceira entre o Corinthians e o Grupo Taunsa. 

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EM QUE CONSISTE A PARCERIA?

No mundo empresarial o termo joint-venture é muito utilizado, ele consiste na parceria entre duas empresas para determinados modelos de negócios, onde uma se utiliza de alguma atividade fornecida por outra, sem haver necessariamente uma associação ou até mesmo que elas percam a identidade. 

A própria Taunsa é uma joint-venture da ARJ Rolding, multinacional sediada em Dubai, nos Emirados Arábes, que atua em diversos segmentos e que tem na empresa brasileira um braço na exportação de produtos agrícolas. 

Com o Corinthians, a situação é bastante parecida, por isso que as partes não tratam a relação como patrocínio, mas sim como uma parceria, onde a diretoria corintiana apresenta algum projeto para a Taunsa, que, por sua vez, avalia a viabilidade dele. Caso haja o aceite, como foi o caso do Paulinho, a empresa de agronegócios entra como investidora, com a contrapartida de exposição da marca, como explica Cleidson: 

- A Taunsa não configura como patrocinadora do Corinthians, porque patrocínio é algo pontual. Você vende o naming rights, vende espaço na camisa, estádio, uma placa de publicidade, isso é patrocínio. Nós, quando fomos apresentados ao presidente Duílio e ao Adriano (Monteiro Alves, Secretário-Geral do Corinthians, e irmão do presidente corintiano), entendemos que a Taunsa teria condições de não ser somente patrocinadora, mas, sim, um parceiro para a instituição Corinthians. Hoje a Taunsa configura como parceira do Corinthians, onde o Duílio apresenta a nós um projeto, esse projeto é analisado por nós e nós, em conjunto com o Corinthians, decidimos se avançamos ou não. Caso a Taunsa decida que não tem condição de atuar no projeto, o Corinthians está livre para oferecer a outros parceiros. 

QUAL É A CONTRAPARTIDA DA TAUNSA NA PARCERIA?

A Taunsa entende que ter o Corinthians em um patamar esportivo elevado automaticamente gerará a exposição necessária para o grupo, reforçando o tratamento do modelo de negócio como parceria, e não patrocínio. 

- Eu confesso que não estamos preocupados com as contrapartidas, seja ela exposição da marca na camisa, no estádio, placa.. nós entendemos que o Corinthians forte, grande, disputando os principais campeonatos nacionais e internacionais, se estiver brigando na prateleira de cima e sendo forte e grande para nós é muito mais importante, pois isso põe a empresa na prateleira de cima da exposição, e essa exposição traz o resultado que nós esperamos - afirma Cleidson Cruz que completa explicando a diferença entre o modelo de negócio que existe entre Corinthians e Taunsa e os tradicionais, vinculados na exposição da marca somente como forma de divulgação comercial. 

- Diferentemente desses patrocínios tradicionais, seja bancos digitais, empresas que visam aumentar o número de vendas, correntistas, nós estamos mais linkados ao Corinthians estar grande, brigando na prateleira de cima, sendo falado positivamente, valorizando a sua marca ainda mais, e a Taunsa estar por trás, ou ao lado dele, para nós essa conta está equacionada - acrescentou. 

No entanto, como uma forma de gratificação pelo 'Projeto Paulinho', a Taunsa ocupou as costas do uniforme corintiano nas quartas primeiras partidas do clube na temporada, contra Ferroviária, Santo André, Santos e Ituano, e negocia um acordo de patrocínio para manter a exposição da empresa neste setor da camisa do Corinthians por mais tempo

QUAL É O HISTÓRICO DA TAUNSA?

O Grupo Taunsa é uma empresa de origem familiar, que iniciou os seus trabalhos na cidade de Araçatuba, interior de São Paulo, em 2008. 

No ramo de agronegócios, atualmente a Taunsa trabalha em todo processo de produção agrícola, da produção, ao armazenamente até a logística dos produtos. 

O objetivo da empresa é se tornar, até 2028, uma das três maiores exportadoras de soja no Brasil, e, portanto, tem neste ano de 2022 uma iniciativa de investimento de R$ 5,7 bilhões no mercado nacional, gerando cerca de 8.500 empregos com a construção de 34 novas unidades de armazenagem. 

Essa iniciativa arrojada trouxe a empresa de agronegócios até o Corinthians como forma de exposição da marca, que, de acordo com Cleidson Cruz, já gerou retorno na primeira ação, envolvendo a contratação de Paulinho, pois após esse movimento houve um aumento de 30% nas demandas, sendo a maior parcela deste percentual envolvendo o mercado externo. 

- (O agronegócio) é um mercado e que o nome pesa muito. Concorremos com grandes multinacionais., e entendíamos que nós precisávamos tornar-nos conhecidos, foi quando apresentaram a nós o projeto do Corinthians e surgiu a grande oportunidade de nos tornarmos conhecidos. O Corinthians é uma marca nacionalmente extremamente conhecida, e internacionalmente idém. Quando nós decidimos abraçar o projeto do Paulinho como uma primeira ação de marketing e parceria foi pensando nessa exposição que decidimos fazer. Hoje,a Taunsa se tornou ainda mais conhecida nacionalmente por essa parceria, e internacionalmente idém. Só com essa primeira ação em conjunto, nossas demandas pela Taunsa, tanto para ofertar no mercado interno, mas principalmente no mercado externo, aumentou em 30%. Para nós, está equacionada a conta. E estamos falando de uma primeira ação. Serão várias ações ao longo dos dois anos de parceria.

OUTROS PROJETOS

Após o projeto envolvendo a contratação de Paulinho, o foco do Corinthians se tornou na busca por um centroavante de peso, e contava com a Taunsa envolvida no projeto. Os uruguaios Luis Suárez e Edinson Cavani, em fim de contrato com Atlético de Madrid-ESP e Manchester United-ENG, entraram no radar do Timão, mas não houve evolução no negócio. 

Paralelamente a isso, o clube alvinegro dispensou o técnico Sylvinho e foi atrás de um treinador portugês, tendo fechado com Vitor Pereira, de trabalhos de destaques no Fenerbaçhe-TUR e Porto-POR. O valor total do profissional lusitano e a sua comissão técnica gira em torno de R$ 2,5 milhões mensais, de acordo com informações obtidas pelo LANCE!, e a diretoria corintiana pretende conversar com a Taunsa buscando ajuda para arcar financeiramente com essa quantia. 

Mas a busca por um centroavante não chegou ao fim, e Diego Costa, livre de contrato após rescindir com o Atlético-MG, entrou novamente na pauta corintiana, podendo ter a empresa de agronegócios por trás na viabilização salarial. 

- Eles (Corinthians) nos apresentam um projeto, como o do camisa 9. Estamos tentando, buscando. É um projeto que tem alguns nomes, alguns atletas, que em cima desse investimento, temos as contrapartidas - explicou Cleidson. 

HAVERÁ CAPITAL ESTRANGEIRO?

Ainda que a Taunsa seja um braço da ARJ Holding, a parceria com o Corinthians é estritamente com a empresa brasileira e, portanto, não haverá a adição de capital estrangeiro na parceria. 

- A parceria com a ARJ Holding é uma joint-venture não contratual. Seriam duas grandes empresas unindo forças, cada uma com a sua obrigação, onde a obrigação da ARJ Holding é captação da demandas de produtos de commodities agrícolas brasileiras para o Oriente Médio como um todo, e a Taunsa ser a garantidora que a ARJ Holding terá os produtos exportados. Mediante essas obrigações distintas foi que surgiu essa joint-venture não contratual. Não é uma fusão de duas empresas - trouxe o CEO da Taunsa. 

POR QUE O CORINTHIANS? 

Se em todas as outras explicações deste FAQ o motivo era racional, a escolha pelo Corinthians é justificada emocionalmente. 

- Nós somos corintianos. Imagina para uma empresa onde 90% dos colaboradores são corintianos, a família inteira é corintiana... nem no melhor sonho do mundo era surreal sonhar que nós teríamos a chance de estampar a camisa do nosso time do seu coração, o nome da nossa empresa. Unimos razão, business, mas paralalmente a isso ter a emoção de, seja no estádio ou comendo pipoca em casa, ver a sua marca não só projetada no uniforme, estádio, ações, como um todo da instituição que você aprendeu a amar, Juntando essas duas coisas, a conta está feita - pontuou Cruz. 

A TAUNSA PODE COMPRAR O CORINTHIANS UM DIA? 

O Corinthians não acenou ao projeto de Sociedade Anônima do Futebol, mas dentro da opinião de Cleidson Cruz a gestão do atual presidente corintiano, Duílio Monteiro Alves pode acenar um recado ao mercado do futebol brasileiro, que uma boa gestão, independentemente de ser uma empresa, é o que mais importa para o clube. E a parceria com o Grupo Taunsa, para Cleidson, é um sinal de que o Timão com Duílio está em um bom caminho. 

- Creio que ele (Duílio Monteiro Alves) irá provar para o mercado que não necessariamente uma SAF é a salvação da lavoura. Você precisa ter gestão séria, transparente. Mesmo se tornando SAF, você tem a gestão por trás dela, o ser humano. Se você se transforma em uma SAF, mas tem uma gestão ruim, ela não vai resolver - disse o CEO. 

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