Criada, plantada ou instalada? Como entender a crise no Corinthians

Insatisfação da torcida corintiana passa diretamente por erros da diretoria e desempenho ruim de jogadores mais experientes

Protesto Gaviões
Uniformizadas do Corinthians estão insatisfeitas com a fase do clube (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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O Corinthians viveu uma das quintas-feiras mais turbulentas da sua história no último dia 7 de abril. Com protestos de torcedores uniformizados e reunião com elenco, comissão técnica e diretoria, até ameaças à ídolos do clube, com registro de ocorrência e arquivamento de fotos com a camisa do Timão por parte de atleta consagrado.

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A paciência do torcedor corintiano acabou, mas essa é só a ponta do iceberg. O fato é que o Alvinegro do Parque São Jorge chega a primeira rodada do Brasileirão em uma condição de crise instaurada.

E entender o ponto em que o clube chegou às vésperas de uma estreia no Campeonato Brasileiro, que acontecerá neste domingo (10), às 16h, contra o Botafogo, no Rio de Janeiro, é exercício que vai além do curto prazo.

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INSATISFAÇÃO CORINTIANA

Quando os líderes da Gaviões da Fiel, principal torcida uniformizada do Corinthians, entraram no CT Joaquim Grava na manhã da última quinta-feira (7) o recado foi dado de forma clara: a nação corintiana está fechada com o técnico Vítor Pereira. Com isso, há duas frentes que são alvos da insatisfação dos alvinegros: parte do elenco e a diretoria.

Olhando diretamente para o desempenho em campo nesta temporada, jogadores mais experientes estão sendo muito cobrados, e foram eles que majoritariamente estiveram presentes na conversa com membros da Gaviões.

Quanto a diretoria, as reclamações são referentes a postura e falhas no planejamento do futebol.

Desde o ano passado, as uniformizadas corintianas já cobravam a saída do diretor de futebol Roberto de Andrade e o gerente Alessandro Nunes, principalmente o primeiro. Os dois profissionais, no entanto, são de confiança do presidente Duílio Monteiro Alves e até o momento, um ano e quatro meses de mandato da atual gestão, não chegaram nem perto de serem dispensados do clube.

O segundo ponto de reclamação é o que realmente respinga no desempenho corintiano em campo: a busca por reforços experientes sem pensar no decréscimo físico que o time sofreria.

Das 12 contratações da ‘Era Duílio’, cinco têm mais do que 30 anos: Paulinho, Giuliano, Renato Augusto, Willian e Júnior Moraes. Do quinteto, geralmente quatro foram vistos como grandes reforços corintianos nos últimos anos e costumam atuar pelo menos parte do jogo.

Somado a outros atletas mais experientes que já estavam no Corinthians e que possuem imagem de idolatria, como Cássio, Fagner, Gil e Fábio Santos, não é incomum ver a escalação inicial do Timão com uma média de idade igual ou superior a três décadas de idade.

O fato é que isso tem prejudicado o Timão na questão física, e principalmente o meio-campo corintiano não tem a pegada necessária para jogos de alta intensidade.

COMISSÃO TÉCNICA


Em relação a Vítor Pereira, ainda que o treinador esteja incomodado com algumas questões do dia a dia, seja ela a baixa qualidade física do elenco e os resultados que não estão vindo, não há elenco rachado até o momento.

Pelo contrário, há uma confiança de boa parte dos jogadores de que o treinador português os auxiliará a extrair o melhor possível da qualidade técnica e tática deles.

Por outro lado, VP está sim incomodado pela baixa resistência física dos seus comandados e vê a resolução desses problemas algo que precisa de solução urgente. E nessa busca pelo ajuste mudanças de esquemas ou até mesmo de peças são consideradas.

E como escolher algo é deixar de escolher outras coisas, jogadores deverão ser preteridos no decorrer da temporada, principalmente enquanto VP busca o seu time ideal, qualificado tecnicamente, mas que aguente a imposição necessária em jogos de alto nível, o que pode gerar problemas internos em um futuro próximo. Vítor certamente precisará tirar da manga exercícios para a manutenção de um bom vestiário.

SEM VILÕES

De toda forma, a crise no Corinthians, implodida com a manifestação mais contundente das uniformizadas na última quinta-feira (7), só foi a explosão de algo que estava sendo protelado desde o fim do ano passado, quando as arquibancadas já pediam a saída do técnico Sylvinho.

Duílio Monteiro Alves assumiu o Timão, em janeiro do ano passado, ciente do mar de dívidas que o Timão se encontra, que hoje se aproxima de R$ 1 bilhão.

No seu primeiro semestre à frente do clube alvinegro, a postura era de austeridade financeira e aposta na base. Mas como no início do ano passado o Corinthians registrou eliminações vexatórias no Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Sul-Americana, Duílio ‘recalculou rota’ e buscou atletas mais experientes.

O time evoluiu, se classificou à fase de grupos da Libertadores, mas a impressão que dava nas arquibancadas é que o time poderia ir além se não fosse alguns tropeços, fruto de falhas do próprio Timão.

A marca dessas falhas, portanto, passou a ser o ex-treinador Sylvinho, que passou a ser insistentemente cobrado, até que a permanência dele ficasse insustentável, mas isso aconteceu somente após três jogos neste ano, o que prejudicou, e muito, o planejamento do Corinthians na temporada, que precisou passar cerca de 20 dias sob o comando do interino Fernando Lázaro.

Agora, com a torcida fechada com Vítor Pereira, não há mais ‘vilões individuais’ para o baixo rendimento corintiano, e a cobrança das arquibancadas tendem a ser mais fortes justamente porque terão alvos coletivos: time e diretoria.

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