Coluna: ‘GP de Miami – Show mais fora que dentro da pista’

'O GP inaugural de Miami se destacou mais pelo que aconteceu fora da pista. Muita badalação, gente famosa, festas...'

Verstappen
Max Verstappen venceu o GP de Miami de Fórmula 1 (Foto: Mark Thompson / AFP)

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Um dos meus maiores medos quando iniciei esse divertido projeto de ser colunista de F1 era justamente o que escrever quando houvesse uma corrida modorrenta. Eis que ele se materializa. Neste domingo tivemos uma corrida bem chata.


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O GP inaugural de Miami se destacou mais pelo que aconteceu fora da pista. Muita badalação, gente famosa, festas, escolta dos Chips até o pódio, enfim, um espetáculo estilo Super Bowl, como só os americanos sabem fazer. Até uma marina fake de gosto duvidoso, o circuito de Miami, ao redor do estádio do Miami Dolphins, tem.

O fato é que mais de 240 mil ingressos foram vendidos, o que prova que a Liberty Media tem sido bem-sucedida no seu intuito de popularizar a F1 nos USA – lembrando que no ano que vem teremos três corridas lá: Austin, Miami e Las Vegas.

Até que o final de semana começou animado dentro e fora das pistas. Dentro, alguns pilotos testavam seus limites no novo traçado que só conheciam do simulador, muitos acertando o muro nos treinos, como foi o caso de Bottas, Sainz, Ocon, Latifi e outros. Como uma parte do circuito é de rua, nem toda sua extensão tinha softwall (proteção muito usada na F1 para amortecer impactos), o que fez Carlos Sainz, por exemplo, considerar seu acidente no treino de sexta em Miami um dos mais sérios de sua carreira.

Fora das pistas, mais polêmicas envolvendo Lewis Hamilton. Em face de uma diretriz de segurança, a FIA reiterou expressamente a proibição de utilização de joias pelos pilotos. Isso causou revolta no piloto inglês - que gosta de se emperiquitar. Na entrevista em que apareceu para reclamar da orientação, o campeão ostentava três relógios, oito anéis, quatro correntes, dois pares de brincos, dois piercings e sabe-se lá mais o que... de dar inveja a burro de cigano.

Ainda fora das pistas muita especulação sobre a possível substituição do fraco, porém rico, Nicolas Lafiti pelo australiano Oscar Piastri, atual campeão da GP2 e piloto reserva da Alpine. Também circulam muitas notícias sobre a chegada da Volkswagen-Audi-Porsche na F1, além da possível estreia, em breve, da nova equipe americana liderada por Michael Andretti.

No sábado, ao contrário do que se esperava, a classificação foi tranquila, sem acidentes. As Ferrari conquistaram as duas primeiras posições, deixando para as Red Bull apenas 3º e 4º lugares, dando a entender que vinham com muita força no domingo. Mas não foi bem assim.

Já na largada Max Verstappen ultrapassou Sainz, e seguiu no encalce de Charles Leclerc, com a certeza de quem prepara meticulosamente o inevitável. Na 9ª volta o holandês voador consumou a ultrapassagem, liderando com tranquilidade a prova até o final. O que vimos na sequência foi um GP morno, que só animou um pouquinho com a batida de Lando Norris e Pierre Gasly na 41ª volta. . A entrada do safety car foi acompanhada da esperança de um duelo final entre os dois ponteiros. Apenas ilusão. Em 3 ou 4 voltas Mad Max abriu confortáveis 2 segundos até a bandeirada.

O marasmo da corrida fica por conta da pista. O asfalto é pouco aderente e irregular, trazendo muito risco quando os pilotos saem do trilho para tentar a ultrapassagem. ‘Fora do traçado, o jogo acaba imediatamente, você roda e acaba no muro’, registrou Lando Norris. Além disso, há uma parte de baixa típica das corridas de rua. Ou seja, é um circuito para corridas estilo procissão. ‘Em suma, é uma porcaria. Tudo que a F1 não precisava era de outro circuito em estacionamento de estádio’, pontificou Fabio Seixas.

Na Mercedes, talvez Hamilton devesse estar mais preocupado com George Russel do que com seus adereços. Embora tenha largado apenas em 12º, mais uma vez o novato superou o campeão (o ultrapassando duas vezes), alcançando o 5º lugar na prova, e um ótimo 4º lugar no campeonato. Ele está poucos pontos atrás de Sergio Perez, que pilota um carro indiscutivelmente melhor. Hamilton, fiel ao adágio “a culpa é minha e eu a boto em quem eu quiser”, dessa vez reclamou dos estrategistas da equipe. Mas o fato é que a Mercedes vem melhorando, e promete ainda novos upgrades no w13 para a fase europeia que se avizinha.

Enquanto isso, Verstappen parece roubar de Leclerc o posto de favorito ao título. Embora a Red Bull tenha quebrado em duas corridas, agora o piloto da Ferrari esta apenas há 19 pontos na frente no campeonato. Quando consegue terminar, Verstappen vence.

Mas vamos ficar atentos os próximos capítulos. Afinal, como observava Groucho Max, é perigoso fazer previsões, sobretudo quanto ao futuro.

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