Textor defende teto salarial no Brasil e teme domínio de SAF: ‘Vão ganhar tudo nos próximos 20 anos’
Dono do Botafogo avaliou cenário atual e projetou futuro do futebol no país
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John Textor, dono da SAF do Botafogo, defendeu duas mudanças importantes para o futuro do futebol brasileiro. Em entrevista exclusiva ao GE, o estadunidense argumentou a favor da implementação de um teto salarial e da criação de uma liga no Brasil.
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Questionado sobre a falta de legislação sobre o Fair Play Financeiro no Brasil, o dirigente afirmou que não violou a regra em lugar algum do mundo. Além do Botafogo, a Eagle Football Holdings é dona de Crystal Palace, na Inglaterra, Lyon, na França, e Molenbeek, na Bélgica.
Em linhas gerais, ele se mostrou contra a implementação do FPF no futebol brasileiro, com o argumento de que a regra iria manter as desigualdades no contexto geral.
- O fair play financeiro no mundo, e por isso que eu chamei de fraude em um discurso que dei em Londres, é construído para manter os grandes times grandes, e os pequenos, pequenos. Pense nas regras. Você só pode investir 70% das suas receitas nos seus jogadores. Se você já é o Liverpool, ou o Flamengo, tem mais receitas que todo mundo. Se você colocar uma regra dessa aqui no Brasil, você sempre vai ter o Coritiba na parte de baixo da tabela. Essas regras são feitas para manter o status quo.
Solução?
Mas, qual seria a saída, então? Para Textor, a resolução da questão pode ser alcançada por meio de um teto salarial. Utilizando a NBA, liga de basquete norte-americana, como exemplo, o bilionário afirmou que está é uma questão chave na busca pela paridade.
- Se queremos paridade, deveríamos fazer um teto salarial. A NBA, a NFL fazem isso funcionar muito bem. É negociado com o sindicato de jogadores. Cuida não só dos grandes atletas, mas estabelece um pagamento mínimo para jogadores que estão começando e dinheiro para aposentadoria de jogadores. Então, quando a carreira acaba, infelizmente muito cedo, há ajuda e suporte para essas pessoas seguirem para o pós-carreira.
- E todo mundo tem o mesmo nível salarial. É por isso que Cleveland consegue ganhar um campeonato e Nova York não. Toda cidade pequena na NBA tem chance de vencer um campeonato se for um clube bem gerido e tomar boas decisões. Fazer isso seria maravilhoso. Isso é fair play financeiro. - prosseguiu o dirigente.
Textor aponta domínio nos próximos anos
O apelo de John Textor tem um motivo. Perguntado em relação à regulamentação de plataformas multiclubes, afirmou que, se nada for feito em relação ao teto salarial, em poucos anos será impossível competir com a SAF do Bahia, que conta com as cifras do Grupo City.
- O fato é que o Brasil trouxe dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos algo agora sobre um teto salarial, o Bahia vai comer nosso almoço. Aquela cidade maravilhosa [Salvador], ótimo hotel, ótima comida, perfeita. Eles vão ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos. Lamento dizer isso para os torcedores do Flamengo aí fora. Esqueçam, acabou, acabou. Precisamos consertar isso agora.
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