Efeito reverso: pausa para a Copa América muda o clima no Botafogo

Insatisfeitos, jogadores aderem a "lei do silêncio" e não cedem entrevista à imprensa desde o dia 1º. Elenco está com dois meses de salários atrasados.

Treino Botafogo
Jogadores reunidos com Barroca em um dos campos anexos no Nilton Santos (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

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O segundo ano consecutivo de pausa no calendário para disputa de torneios por seleções serviu mais uma vez para muitos clubes definirem novos planejamentos, traçarem metas, corrigir o que não deu certo na primeira parte da temporada e evoluir tática e tecnicamente para a disputa derradeira. O Botafogo optou por não disputar nenhum jogo-treino ou amistoso, mas o que mais ganhou manchete foi a crise financeira em ebulição que acarretou numa espécie de "lei do silêncio" do elenco: em greve, os jogadores resolveram não dar mais nenhuma coletiva.

A última foi no dia 1º de julho, de Fernando. Desde então, nenhum atleta tem falado diante de câmeras e microfones. É a segunda vez que há um movimento partindo de dentro do ambiente. Anteriormente, os atletas não se concentraram antes da partida contra o Juventude. 2019 não tem sido fácil para o Alvinegro, dentro e fora de campo. A fraca campanha no Campeonato Carioca culminou na demissão de Zé Ricardo e a necessidade de mudança de cargo ainda no primeiro semestre. No Estadual, o Botafogo nem sequer alcançou semifinais de Taça Guanabara e Taça Rio.

Os constantes protestos da torcida chegou a esquentar o clima no último dia de trabalho de Zé e, por um triz, a covardia não falou mais alto: no desembarque no Aeroporto Santos Dumont após a eliminação na Copa do Brasil para o Juventudes, um grupo de torcedores xingou exaustivamente o profissional e quase o agrediu.

Depois de uma passagem pelas divisões de base, Eduardo Barroca voltou para treinar o time principal. Não tardou até dar limpar a imagem da equipe nas quatro linhas. Mesmo a curto prazo, o Botafogo conseguiu obter resultados consistentes, embora as boas atuações ainda não sejam frequentes. Chegou a estar na zona de Libertadores, na quarta colocação, mas a derrota para o Grêmio, antes da Copa América, o tirou do G6 (está na sétima posição, com 15 pontos). De qualquer forma, o clima na inter-temporada era de otimismo. Mas a hesitação tomou conta com as demonstrações pública de insatisfação dos atletas.

Gustavo Noronha - Gerente de Futebol do Botafogo
Gustavo Noronha, vice de futebol do Botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

DIRETORIA BUSCA SOLUÇÃO
Os salários em dias virou quase utopia. Atualmente, já são dois meses em atraso. De acordo com o vice de futebol, Gustavo Noronha, a atual gestão está "virando refém da própria seriedade". A diretoria corre atrás de soluções. A primeira é encaminhar patrocínios. Internamente, há satisfação com os expressivos números do ibope com a relação à marca da Caixa e o retorno que o clube deu ao último patrocinador, caminho para conseguir um novo master.  Além disso, os dirigentes tentam mudar o fluxo de pagamentos com a tv para chegar a um denominador comum e, assim, poder debitar as dívidas com o plantel. 

- Quando a TV renovou os contratos, os clubes receberam luvas. No ponto de vista do regime de competência contábil, essas luvas não estão classificadas como adiantamentos. Do ponto de visto contábil, o clube tem que entregar sua imagem durante um período de contrato, então essas luvas são amortizadas ao longo dos anos, porque é obrigação do clube de entregar aquilo que vendeu. Não foi antecipação, foi uma negociação de luvas. Muitas coisas precisam mudar. Muito se fala em união dos clubes, mas os clubes não são unidos. A iniciativa do Clube dos 13 me parecia uma iniciativa, do ponto de vista orgânico, fundamental, mas ela foi mal implementada, tanto que não deu certo. Os clubes deveriam cada vez ser protagonista do espetáculo e se unirem para discutir os seus direitos e como o esporte é servido no Brasil - explicou Gustavo Noronha em entrevista ao programa "Donos da Bola", da TV Bandeirantes.

Em meio a esse turbilhão de problemas, Barroca prepara seu time para voltar aos gramados. O primeiro compromisso é no domingo, às 16h, contra o Cruzeiro, no Mineirão. É o início de uma sequência de fogo nas próximas semanas: Santos (dia 21, às 11h, no Nilton Santos) e Flamengo (28, 16h, no Maracanã) pelo Brasileirão e os dois jogos diante do Atlético-MG pelas oitavas de final da Sul-Americana (ida no dia 24, às 21h, no Nilton Santos; volta no dia 31, no mesmo horário, no Independência).

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