Guedes e Oliveira: dupla renegada por paulistas brilha e já soma 14 gols

 Róger Guedes foi criticado no Palmeiras e trocado por Marcos Rocha. Ricardo Oliveira deixou o Santos após não renovar seu contrato. Dupla lidera a artilharia do Brasileirão

Róger Guedes e Ricardo Oliveira somam 14 gols no Campeonato Brasileiro; veja galeria dos atletas
Bruno Cantini / Atlético

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A vice-liderança do Campeonato Brasileiro tem gosto "volta por cima" no Atlético-MG. Com 20 pontos conquistados e vindo de goleada contra o Fluminense por 5 a 2, no último domingo, o clube comemora a boa fase com vários personagens se destacando em 2018. Os principais dividem a artilharia do torneio e se assemelham por um fato: terem sido renegados por clubes paulistas. Róger Guedes e Ricardo Oliveira reencontraram o bom futebol e se tornaram fundamentais em Minas Gerais. Eles somam 14 gols.

Artilheiro do Brasileirão com oito, Róger Guedes vive a melhor fase da carreira em solo mineiro. No Palmeiras, conviveu com altos e baixos que irritaram a torcida, principalmente em 2017, um ano após a boa temporada do título brasileiro de 2016. Com o elenco e a diretoria, acumulou farpas e controvérsias que deixaram o clima ruim para sua permanência. A troca por empréstimo pelo lateral-direito Marcos Rocha fez com que acertasse com o Atlético-MG. Talvez a melhor decisão recente do jogador. 

Vice-artilheiro do torneio com seis gols, Ricardo Oliveira superou rótulos para se reafirmar. Aos 37 anos, deixou a fama de "idade avançada" e "pouca intensidade" de lado para virar um dos líderes do elenco. Com a missão de substituir Fred, que se transferiu para o Cruzeiro, o atacante foi de graça para o Atlético-MG - sem ter conversado com a nova diretoria do Santos para renovar. Ele caminha para ser o artilheiro do Brasil mais uma vez. 

- Roger Guedes vive seu melhor momento desde que chegou ao Atlético, e hoje é o principal atleta do time. Ele tem mostrado para o Thiago Larghi, ainda, que pode facilitar nas variações do treinador, porque começou o ano na direita e hoje está muito bem pelo lado esquerdo. Já o Ricardo Oliveira é muito comprometido, focado e experiente. É uma das referências e lideranças da equipe do Atlético - afirma a jornalista Isabelly Morais, repórter da Rádio Inconfidência e narradora dos canais Fox Sports


Dos 22 gols marcados pelo Atlético-MG nesta edição de Campeonato Brasileiro, 14 foram da dupla - o que define um total de 64% deles. Róger Guedes e Ricardo Oliveira formam o dueto com mais tentos no torneio, vendo Willian e Dudu, do Palmeiras, atrás com nove. Os números explicam a boa campanha da equipe de Thiago Larghi, que respira até a parada para a Copa do Mundo... 

Ricardo Oliveira Roger Guedes
Eles somam 14 gols no Brasileirão (Foto: Bruno Cantini/Atlético) 

Róger Guedes: de criticado a artilheiro e rumo ao mundo árabe

A tranquilidade de Thiago Larghi vai até a Copa do Mundo porque Róger Guedes está de saída. Destino: Al-Wehda, equipe do técnico Fábio Carille. Com proposta em mãos, a tendência é que o atleta vá para o mundo árabe após o Mundial da Rússia. A contratação do colombiano Yimmi Chará, do Junior Barranquilla, é outro indicativo que a passagem está se encerrando. 

Quem ouviu os pedidos de "fico" no Independência, neste domingo, lembra que as vozes das arquibancadas também já direcionaram outro grito para o atacante: as vaias. A passagem pelo Atlético-MG não é apenas de altos. O início no Campeonato Mineiro foi excelente, mas seu rendimento caiu durante o torneio e uma devolução ao Palmeiras chegou a ser cogitada. 

- Róger Guedes havia demonstrado potencial quando o Palmeiras conquistou o Brasileiro de 2016. Desde o início do ano, mostrou que poderia ser uma peça importante no Atlético. Ele teve uma queda de produtividade junto com toda a equipe com o início do ano. O Atlético oscilava muito no Campeonato Mineiro. Quando o Thiago Larghi assumiu a equipe, ele se tornou um dos protagonistas. Hoje é o artilheiro do Brasileirão e tem bons números - afirma o jornalista Léo Gomide, repórter da Rádio Inconfidência e comentarista da 98FM. 

A boa fase de Róger Guedes pode ser comparada com suas temporadas passadas. Em 2017, pelo Palmeiras, o atacante havia marcado apenas duas vezes no Campeonato Brasileiro até a décima primeira rodada: contra Fluminense e Bahia. Em 2016, recém-transferido do Criciúma, marcou três vezes nas primeiras 11 rodadas: contra Atlético-PR, Grêmio e Coritiba. 

É possível entender o crescimento de Róger Guedes pela sua mudança de posicionamento. Ainda com Oswaldo de Oliveira, o jogador atuava pelo lado direito e chegou a reclamar por estar 'torto' nas descidas ao ataque. Com Thiago Larghi, Otero foi para o meio e fez com que Róger Guedes jogasse pela esquerda - subindo consideravelmente de produção. 

- Uma eventual saída do Róger Gudes, o Atlético perde o principal atleta do semestre de 2018. O Atlético já está eliminado da Sul-Americana e da Copa Brasil, só tem o Brasileiro e já havia perdido o Romulo Otero. É uma lacuna que não tem reposição de imediato, por mais que o Atlético esteja se reforçando. No elenco, ele (Róger Guedes) é insubstituível - declara Léo Gomide. 

Jogos em 2018: 27 atuações.
Gols em 2018: 12 gols. 
Assistências em 2018: 3 assistências. 
Gols no Brasileirão 2018: 8 gols. 
Contra quem marcou: Vitória, Corinthians, São Paulo, Atlético-PR, Cruzeiro, Chapecoense, Fluminense (2x)

Roger Guedes
Róger Guedes tem proposta do Al-Wehda (Bruno Cantini/Atlético)

Ricardo Oliveira: o artilheiro com a missão de substituir outro artilheiro 

Artilheiro do Campeonato Brasileiro pelo Santos em 2015, Ricardo Oliveira chegou ao Atlético-MG com a missão de substituir o artilheiro do Brasil em 2016. Fred deixou o clube para acertar com o Cruzeiro e o espaço foi preenchido pelo Pastor, anunciado dois dias antes. Como em toda a sua carreira, esperava-se gols - e a entrega está sendo feita. 

Com a saída de Róger Guedes, ele terá a missão de ser a principal referência ofensiva da equipe. Seu rendimento em 2018 é acima da média nacional, tendo marcado 15 gols em 31 jogos. Aos 37 anos, Ricardo Oliveira também superou os boatos sobre sua condição física para ser um diferencial no Atlético-MG. A experiência o tornou um dos principais líderes do elenco. 

- A forma física do Ricardo é um fator fundamental. Quando chegou ao Atlético, a primeira coisa que ele disse foi: "Estou com 37 anos, mas sentido como se tivesse 18". Seis meses depois da declaração, o compromisso do jogador com o corpo está sendo comprovado em números: foi um dos artilheiros do Mineiro e o vice-goleador no Brasileiro - afirma o jornalista Matheus Adler, do Superesportes

Comparando com a sua passagem pelo Santos, Ricardo Oliveira pode dizer que está tendo um início de Campeonato Brasileiro que as lesões não o deixaram ter antes. Em 2017, jogou apenas as três primeiras partidas até ter uma lesão no tornozelo. Em 2016, estreou apenas na 15ª rodada devido a uma inflamação no joelho. Diferentemente de 2015, onde teve sua melhor marca: sete gols marcados em 11 rodadas. 

Ricardo Oliveira deixou de ser um corredor para se tornar um finalizador. Sua presença dentro da área ganha força por uma de suas principais características: o posicionamento. Dos seis gols nesta edição de Campeonato Brasileiro, cinco foram com apenas um toque na bola. É o jogador que precisa encostar menos vezes na bola para marcar no torneio. 

- Ricardo chegou também para assumir o papel de líder no elenco. É um jogador que sabe usar muito bem as palavras num momento de crise, de apaziguar os ânimos nos bastidores. Tanto que na pior fase do Róger Guedes no Atlético (na partida contra o Vasco, que, em um erro de passe do atacante foi gerado o pênalti para o gol da vitória cruz-maltina), Ricardo Oliveira interviu, conversou com o jovem, e hoje os frutos estão sendo colhidos em campo, com gols e a vice-liderança - afirma Adler. 

Jogos em 2018: 31 atuações.
Gols em 2018: 15 gols.
Assistências em 2018: 4 assistências.
Gols no Brasileirão 2018: 6 gols.
Contra quem marcou: Vitória, São Paulo, Sport, Chapecoense, América-MG, Fluminense 

*Sob a supervisão de Thiago Salata

Ricardo Oliveira
Ricardo Oliveira é referência no Atlético (Foto: Divulgação/Atlético)

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