Invasão, debandada e isolamento: entenda a crise política do Vasco

Semana que começou com balanço divulgado teve invasão de organizada em treino, rompimento de Campello com grupo político e isolamento do presidente 

Alexandre Campello, presidente do Vasco
Campello vive difícil situação política (FOTO: Paulo Fernandes/ VASCO)

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A eleição do Vasco parecia ter acabado no dia 19 de janeiro, quando, na Sede Náutica da Lagoa, Alexandre Campello foi eleito pelos 300 conselheiros do clube. Parecia. Quase quatro meses depois, o presidente se vê isolado após uma semana tensa dentro e fora de campo.

A semana era decisiva para o Vasco dentro e fora de campo. Nos bastidores, a divulgação do balanço patrimonial de 2017, acompanhado de uma carta escrita por Campello, movimentou situação e oposição. O documento mostra a difícil situação financeira do Vasco e deixa explícito diversos problemas da gestão de Eurico Miranda.

Na quarta-feira, a eliminação na Libertadores mostrou que a eleição ainda não terminou. Os primeiros protestos contra Alexandre Campello desde que ele assumiu vieram das arquibancadas. Assim que a torcida gritou o nome de Julio Brant, que foi eleito na mesma chapa que o presidente e acabou não sendo eleito por uma manobra entre Campello, Roberto Monteiro e Eurico, uma briga generalizada começou.

Na sexta-feira, um grupo de 40 vândalos invadiu São Januário. Campello admitiu que o clube sabia da manifestação e pediu que a segurança fosse reforçada. Após o ocorrido, o presidente suspeitou de que o protesto teve motivação política e foi facilitado. E assim começou o rompimento com o grupo Identidade Vasco, liderado por Monteiro, que tinha membros em 13 das 16 vice-presidências do clube.

Fred Lopes exonerado
O primeiro vice-presidente a deixar o cargo foi Fred Lopes, que já não falava a mesma língua dos executivos de futebol, Paulo Pelaipe e Newton Drummon. Acabou exonerado por Campello. A venda do atacante Paulinho ao Bayer Leverkusen (ALE), que foi tocada pelo presidente juntamente com o empresário Carlos Leite, irritou Fred.

Debandada geral
No sábado, horas antes da partida entre Vasco e América-MG, o grupo Identidade Vasco soltou uma nota onde se defendia de algumas acusações de Campello. No mesmo dia, 12 membros que ocupavam vice-presidências no clube deixaram o cargo, se juntando a Fred Lopes, que já havia deixado a pasta do futebol.

Conversa com opositores
Durante o sábado, muito se falou que Alexandre Campello foi atrás de membros dos grupos de Julio Brant e Fernando Horta. O LANCE! apurou que não houve contato com Brant e nem aliados, apesar de a divulgação transparente do balanço de 2017 ter agradado aos opositores.

Entenda o cenário
Julio Brant e Campello se uniram na eleição de novembro para derrotar Eurico Miranda. Após provarem fraudes na urna 7 do pleito, conseguiram a vitória e escolheram 120, contra 30 conselheiros de Eurico, que se juntariam a 150 beneméritos na eleição do Conselho, que é a que escolhe o presidente.

No dia da eleição do Conselho, dia 19 de janeiro, Roberto Monteiro, até então principal aliado de Campello, se uniu a Eurico Miranda (que votaria em branco) e conseguiu apoio necessário para derrotar Brant. Naquele dia, Campello foi eleito presidente, Monteiro foi eleito no Conselho Deliberativo e Eurico no Conselho de Beneméritos.

Uma das outras atitudes que Alexandre Campello quer implantar no Vasco e que não foi bem vista pelo grupo Identidade Vasco é em relação ao parcelamento da taxa de adesão do sócio geral. O presidente do Vasco quer estender a possibilidade de torcedores parcelarem em até 24 vezes a taxa de R$ 2 mil. Este plano, vale lembrar, é o que dá direito a voto na Assembleia Geral do clube.

Resta saber os próximos capítulos deste jogo político de São Januário, onde quem mais sofre é o próprio Vasco.

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