Deborah Hannah dribla preconceito, decide o Mundial e já sonha com 2016

Luiz Besouro (FOTO: Divulgação)
Luiz Besouro (FOTO: Divulgação)

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Restavam dois minutos e 20 segundos para o fim do jogo entre Brasil e Sérvia, pela final do Mundial Feminino de Handebol, em Belgrado (SER), em 22 de dezembro de 2013. Neste momento, com o jogo empatado em 20 a 20, Deborah Hannah recebeu passe na esquerda, se esquivou da marcação e anotou o gol decisivo que daria o título mundial à Seleção Brasileira.

Foi assim que a central de 20 anos mostrou de vez o seu potencial para o Brasil e o mundo. O que poucos sabem é o preconceito que a baixinha de 1,59m sofreu para chegar ao time principal do Brasil, tendo em vista que precisou superar as dúvidas quanto a sua estatura.

— Na Seleção cadete (sub-16), fui convocada e depois cortada porque o técnico falou que eu era muito baixa para jogar. Fiquei triste e decepcionada. Mas dei a volta por cima e consegui desenvolver outros dons que as jogadoras mais altas têm. Foi difícil ser cortada por causa da altura, mas nem penso mais nisso, apenas rio daquela situação — disse Hannah, ao LANCE!Net.

Mas, a destemida Hannah confirmou a volta por cima logo em seu primeiro Mundial na categoria adulto. A caçulinha do time principal, porém, já tinha participações em Mundiais juvenil (sub-18) e júnior (sub-20) e vinha sendo testada no time adulto há dois anos:

— Estou muito feliz, ainda não acredito. Às vezes acordo e falo para mim mesma: “sou campeã mundial com 20 anos”. As jogadoras da Seleção me dão muita força, me chamam de novinha, que é um apelido carinhoso. Estou feliz pelo Morten Soubak (técnico do Brasil) ter apostado em meu potencial.

Mesmo reserva, as boas atuações de Hannah, que anotou 11 gols no Mundial, credenciaram a jovem como a grande promessa da modalidade para a Olimpíada de 2016, no Rio. Ela ainda foi eleita a melhor jogadora da Liga Nacional Feminina de 2013 (principal competição entre clubes no Brasil), jogando pelo Metodista/São Bernardo, que perdeu na final para a UNC/Concórdia:

— Daqui até 2016 ainda tem muitos torneios. Preciso me manter na Seleção, bem física e tecnicamente. Será um sonho jogar a Olimpíada no Brasil,com a família perto e sendo favorita, pois querendo ou não somos campeãs mundiais. E tomará que eu seja decisiva de novo.

Hannah já tem ofertas da Europa

Mesmo aos 20 anos, Deborah Hannah já atraiu os olhares de clubes da Europa. A “baixinha” recebeu algumas sondagens do Velho Continente, mas disse que, por enquanto, ficará no Brasil.

— Estou conversando com alguns clubes e empresários, mas eu pretendo ficar no Brasil nesta temporada, pois tenho algumas coisas pessoais para resolver — resumiu a central, que analisou a situação do handebol no país:

— É preciso campeonatos melhores e uma melhor estrutura. O poder financeiro da Europa faz a diferença. Lá tem Champions League e outros bons torneios.

Vale lembrar que apenas três das 16 atletas que jogaram o Mundial em 2013 atuavam no Brasil.

Relembre a participação de Hannah no título mundial do Brasil

Primeira fase
A Seleção feminina de handebol estava no Grupo B, ao lado de Argélia, China, Japão, Dinamarca e Sérvia. O Brasil venceu todos os cinco jogos nesta fase e Deborah Hannah entrou em todos eles. Seu melhor rendimento foi contra a Argélia, quando anotou cinco gols.

Fase final
Mesmo com os nove gols que anotou na primeira fase, Hannah não entrou em quadra nas oitavas e nem nas quartas de final (contra Holanda e Hungria, respectivamente). Na semifinal, contra a Dinamarca, jogou por quase cinco minutos, mas não balançou as redes.

Brilho na decisão
Foi na final, contra a anfitriã Sérvia, com 23 mil torcedores na arena em Belgrado, capital do país, que a “baixinha” brilhou. Ela anotou dois gols, sendo um deles nos momentos finais, colocando o Brasil à frente por 21 a 20. O jogo terminaria com o placar de 22 a 20.

Jogo rápido

Livro: "Cinquenta Tons de Cinza"
Filme: "Desafiando Gigantes"
Comida: “Vivo em dieta, como tudo integral. Mas o que mais gosto é a comida da minha terrinha, no nordeste. Adoro macaxeira com carne de sol.”
Ídolo no esporte: “Ana Paula, do handebol. Desde que começei a jogar queria ser igual a ela e agora jogo ao lado dela na Seleção Brasileira.”
Um dia marcante no esporte: “A final do Mundial, na Sérvia, em 22 de dezembro de 2013. Esse jogo não vou esquecer jamais”
Faculdade: “Agora eu precisei trancar. Cursava engenharia cívil”
Um sonho: “Conseguir uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2016”
Como começou: “Foi no colégio que começei a jogar handebol. Me destaquei naqueles Jogos Internos e fui chamada para participar do time da escola. Começei com oito anos no Colégio Imaculado, em Olinda (PE).”

QUEM É:

Nome:
Deborah Hannah Pontes Nunes
Nascimento:
14/03/1993, em Recife (PE)
Altura e peso:
1,59m e 64kg
Posição:
Central
Títulos:
Campeã do Mundial Feminino de Handebol co m a Seleção Brasileira (2013); Campeã do Pan-Americano Feminino de Handbeol com a Seleção (2013); Campeã da Liga Nacional com o Metodista (2012); Campeã paulista com o Metodista (2012).

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