Primeiro técnico de Ceni no São Paulo lembra que goleiro quase desistiu

Toninho Ângelo era técnico da equipe juvenil do São Paulo em 1990, quando Rogério Ceni chegou ao Tricolor e iniciou sua trajetória de 25 anos

Ceni
Marco Aurélio Cunha, Eurydes Ceni (pai de Rogério), Toninho Ângelo e o goleiro, em 2007 (FOTO: Arquivo pessoal)

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É em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, que vive o primeiro treinador de Rogério Ceni no São Paulo. Toninho Ângelo, como é conhecido no meio do futebol, foi o técnico responsável por dar os primeiros ensinamentos ao M1TO em 1990, quando o goleiro chegou ao juvenil do São Paulo. Hoje aposentado, o ex-treinador relembra com orgulho dos tempos em que Rogério foi seu comandado. Em entrevista ao LANCE!, Toninho contou que Ceni tinha perfil de líder desde garoto, que foram campeões invictos derrotando o Corinthians na final e revela que o goleiro pensou em abandonar o São Paulo para voltar a Sinop.

- A chegada do Rogério foi em 1990. Eu aprovei e fui o primeiro treinador no juvenil do São Paulo. Tive o maior prazer de recebê-lo, uma figura maravilhosa, muito disciplinado. Não gostava de ganhar no grito, sabia se impor e conquistava todos ao seu redor. O Rogério sempre foi o primeiro a entrar em campo e o último a sair. Na minha carreira de treinador, nunca vi alguém como o Rogério Ceni’.

Toninho lembra com alegria do primeiro título de Ceni no clube. Era o torneio da capital, no qual todos os grandes clubes da cidade participavam e o time juvenil do São Paulo conseguiu o feito de sagrar-se campeão invicto. Para abrilhantar ainda mais a conquista, a final foi um Majestoso.

‘- Fomos campeões invictos da capital. Nas quartas ou nas semis eliminamos o Palmeiras. As finais foram dois jogos contra o Corinthians. Seguramos um empate sem gols no Parque São Jorge e vencemos por 1 a 0 no CT da Barra Funda. O gol foi do Toninho, irmão do Sidnei, ponta esquerda. Rogério Ceni era titular e um dos líderes daquele grupo - contou Toninho.

Apesar de se destacar desde cedo, Toninho lembra que Rogério pensou em desistir. Os motivos? A saudade da família que morava em Sinop e a forte concorrência que teria caso fosse promovido a equipe profissional.


-  Ele veio muito novinho para o São Paulo. Em um determinado dia ele estava muito triste, com saudade da família, e aí ele me chamou pra uma conversa privada: ‘’Professor, eu estou com muita saudade da família, quero voltar para Sinop. E no profissional tem grandes goleiros como o Zetti". Eu estava com um menino de 17 anos na minha frente. Era muito natural ele ter saudade, mas eu disse: ‘O Zetti está aqui agora, mas depois vai ser Rogério’ - lembrou.

- Esse foi um dos momentos mais importantes. Imagine se ele tivesse voltado para Sinop naquele momento? Me dá muito orgulho. Consegui deixar meu nome registrado na história do São Paulo e principalmente por ter sido o primeiro treinador a dirigir o Rogério com a camisa do tricolor.

Confira o bate-papo com Toninho Angelo

Sempre trabalhou com base?
Sempre gostei de trabalhar com base. É ali que você monta o caráter e prepara tecnicamente o jogador. É um prazer muito grande. Eu pensava em formar atletas e me preocupava com também com a situação do jogador fora de campo. Me espelhava no Telê nesse sentido.

Chegou a trabalhar com Telê?
Ele foi meu mestre. Quando eu ganhei a Copa São Paulo com o Flu em 86, ele que me entregou as faixas e me disse: Parabéns, gostei do seu time. Foi o Telê me levou para a base do Atlético-MG e depois trabalhamos juntos na década de 90 no São Paulo.

Quanto tempo ficou na base do São Paulo?
Cheguei ao São Paulo em 89, após ter sido campeão da Taça BH de júniores com o Atlético. Fiquei no clube até 91 quando fui convidado para dirigir a seleção de base da Arábia Saudita.

O que você pode passar pro Rogério nesse período?
Eu o ensinei a ser bom atleta, bom filho, bom companheiro, ensinei a respeito as cores do clube, ao adversário. Fui um educador a vida inteira e Rogério foi o que mais assimilou isso. Sempre respondeu de forma positiva.

Quais eram as características do garoto Rogério Ceni?

Ele era perfeito em tudo. Na saída de bola, na reposição. Também sabia conversar com a arbitragem. Era um líder muito respeitado pelo elenco. Em todos os meus 40 anos como treinador, ele foi o meu melhor atleta. Rogério reuniu na pessoa dele todas as qualidades que um treinador quer ver em um jogador.

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