Virada de 95 teve previsão certeira de Giovanni e motivação de técnico

Camisa 10 da campanha do Santos no Brasileirão de 1995 chamou jogadores para garantir dois gols na semifinal contra o Flu. Em campo, o ídolo cumpriu a palavra após o 4 a 1

Santos de 1995
Cabralzinho recepcionou grupo após o primeiro jogo para lembrar que haveria 'segundo tempo' (Foto: Arquivo/L!)

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Giovanni foi autor de 17 gols ao longo do Campeonato Brasileiro de 1995, mas os dois mais importantes foram marcados há quase 20 anos, em 10 de dezembro, no segundo jogo das semifinais, contra o Fluminense. Naquela goleada por 5 a 2 que deu vaga ao Santos na final, o camisa 10 de cabelo avermelhado foi destaque, protagonista, estrela, vidente... Só faltou fazer chover no Pacaembu.

Depois de conseguir a vaga nas semifinais no último jogo, o Santos levou uma pancada de 4 a 1 do Fluminense no Maracanã. O sentimento geral foi de choque e abatimento. Todos sabiam o quanto seria difícil reverter dali a dois dias. Mas pelos pés de Giovanni que a história foi escrita. Ou melhor, pelo dedo.

- Logo na nossa reapresentação o Giovanni juntou o grupo, levantou o dedo e disse que faria dois gols no domingo. O Marcelo Passos e o Macedo também se comprometeram. E pronto. Não tínhamos um time de craques, mas de verdadeiros homens. O abalo do 4 a 1 houve, mas foi assimilado e transformado em ponto de partida para a recuperação - diz Cabralzinho, o técnico daquela equipe, ao LANCE!.

Há divergências na história da "previsão" do Messias, claro. Há quem diga que ela foi feita no hotel onde o Santos se concentrava na capital, em uma reunião com comissão técnica e dirigentes. Segundo outra versão, aconteceu durante um treinamento no Parque do Ibirapuera. Há ainda uma terceira, que diz que Giovanni falou do assunto durante o trajeto do ônibus para o Pacaembu, já no dia do jogo.

Alguns, como o próprio Giovanni, dizem que Camanducaia se comprometeu com o quinto gol - como realmente aconteceu em 10/12. Outros não se recordam. Fato é que isso ocorreu há exatos 20 anos e ficou marcado na história.

- Quando terminou o jogo no Rio eu fui para a beira do gramado recepcionar um a um e dizer que terminou o primeiro tempo e o segundo seria em São Paulo. Eu via na reação dos jogadores que foi um choque, e com cara de espanto me disseram "porra, é mesmo, não acabou" - relembra o comandante.

"Naquele ano a gente matava e morria pelo Giovanni", diz o lateral Marcos Adriano


Após as palavras de apoio de Cabralzinho, o Santos voltou direto para São Paulo e na sexta-feira recebeu a visita de Pelé, homem forte do futebol do clube naquela época. O Rei almoçou com os jogadores e demonstrou confiança. Naquele dia, a reunião foi o único compromisso dos jogadores. No sábado, muita conversa com a comissão técnica, atividades lúdicas no Parque do Ibirapuera e um treino de reconhecimento do gramado no Pacaembu. Só. Sem coletivo, tático, técnico, físico, nada. "Não mudaria nada naquele momento", explica o treinador.

- Quando o Giovanni disse que dois gols eram dele os caras endoidaram. Marcelo Passos, Macedo, todo mundo gritou, se motivou. Profissional que baixar a cabeça por causa de derrota pode parar de jogar futebol. E naquele ano a gente matava e morria pelo Giovanni - cita o lateral Marcos Adriano.

A memória trai, mas a história ninguém apaga: Giovanni fez dois gols contra o Fluminense, e Macedo, Camanducaia e Marcelo Passos completaram o placar. Mínimo para a classificação. O máximo para o coração dos santistas.

Confira o bate-bola com Samir Abdul-Hak, ex-presidente do Santos:

O que o senhor lembra da segunda semifinal contra o Fluminense?


Foi a minha maior emoção como dirigente. Aquela equipe tinha tudo para ser campeã brasileira. Não foi por causa da arbitragem do Márcio Rezende de Freiras na final.

Depois da derrota por 4 a 1 na primeira semifinal, imaginava que seria possível virar?

Para ser bem sincero, não. Era muito difícil. Mas a gente procurou dar força para os jogadores e todo o apoio para que fossem buscar o resultado. Isso
aconteceu porque todos estavam inspirados naquele dia. Foi realmente uma partida inesquecível.

Como era o clima entre os jogadores após a primeira semifinal?

Ruim, mas o Giovanni tomou a iniciativa de fazer todos acreditarem. Nós tivemos dois jogadores expulsos (Robert e Jamelli) e cheguei a tentar
que o STJD fizesse um julgamento rápido deles para que talvez pudessem jogar. Não foi possível.

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