‘Em 95 eu não desisti’: Após 20 anos, Santos celebra redenção histórica

LANCE! inicia série de reportagens sobre o Campeonato Brasileiro de 1995 e a goleada por 5 a 2 contra o Fluminense que resgatou o orgulho da torcida. 'Viúva do Pelé' é passado!

Giovanni, em 1995
Com a 10 de Pelé, Giovanni foi o protagonista do Peixe no Brasileirão de 1995 (Foto: Arquivo/LANCE!)

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"Em 95 eu não desisti/ Muitas taças vi você levantar/ Por isso que hoje eu estou aqui/ Pra te incentivar/ Por onde for vou te ver jogar/ La-laia-lai-á la-laia-lai-á...".

A música "Andanças", de Beth Carvalho, ganhou um novo significado na voz dos torcedores do Santos. Lançada em 2015 pela principal torcida organizada do clube, a paródia do clássico da MPB homenageia um dos momentos mais importantes da história do Peixe, que, por influência dos deuses do futebol ou qualquer outra coisa, não foi premiado com título naquela oportunidade. 

Na quinta-feira desta semana, o Peixe completa 20 anos de sua histórica goleada diante do Fluminense, no Pacaembu, por 5 a 2. Aquele time, orquestrado por Giovanni, Jamelli e companhia, não conseguiu o título na decisão contra o Botafogo, mas antes disso já havia feito história ao golear o Flu diante de sua torcida na capital. Afinal, descontar uma vantagem do adversário por 4 a 1 no jogo de ida é algo raro na história do esporte. E até hoje razão de orgulho para torcedores, jogadores, dirigentes, simpatizantes...

"É só ver os títulos que vieram depois. Foi uma redenção, sim", diz Camanducaia

- No momento em que nós começamos o Campeonato Brasileiro ninguém dava nada para o Santos, vinha de 11 anos sem conquistar nada, a torcida que diminuía, a história de viúvas do Pelé... Infelizmente nos tiraram o título, mas acho que ali em 1995 resgatamos um pouco da história do Santos. Os torcedores voltaram a acreditar e o clube começou a ver as coisas de forma diferente. É só ver os títulos que vieram depois. Foi uma redenção, sim - diz, ao LANCE!, o meia-atacante Camanducaia, que jogou 23 entre 27 jogos do Peixe no Brasileirão de 1995.

O termo "redenção" é simples de ser explicado. Para começar, o Santos não erguia uma taça desde 1984, e isso beira o assustador para uma torcida que comemorou todos os títulos que havia nos anos 60 e 70. Mas a fonte secou e o Santos sofreu. A década de 90 ainda trouxe requintes de crueldade ao drama santista, porque foi aberta com o primeiro título nacional do Corinthians, seguiu com o mundo aos pés do São Paulo e ainda contou com um bi brasileiro do Palmeiras. E o Santos? Penúltima posição na Copa União de 1987, Sócrates, Paulinho McLaren, Neto... e fila!

Até que as coisas mudaram quando ninguém esperava. Ninguém mesmo, nem o santista. Para se ter uma ideia, o Peixe chegou a jogar para 1.841 pagantes na quarta rodada do Brasileirão de 1995, contra o Criciúma. Não valia mais a pena torcer... Aos poucos, as coisas começaram a mudar. Contra o Grêmio, um mês depois, foram 3 mil pessoas na goleada por 4 a 1. No jogo seguinte, contra o Cruzeiro, 11 mil. Depois, 19 mil. E a Vila nunca mais teve lugares vazios até o Santos apelar ao Pacaembu nos jogos da fase final. Na conexão perfeita entre time e torcida que o Peixe decolou no Brasileirão.

O resultado da campanha indica 15 vitórias, cinco empates e sete derrotas em 27 partidas. Foram 52 gols marcados e 40 sofridos em toda a competição. Na primeira fase, o terceiro lugar do Grupo B, o que não adiantou nada em termos de classificação. Já na segunda fase, a liderança da chave com um ponto a mais que o Atlético-MG e a vaga nas semifinais. Ah, as semifinais, inesquecíveis mesmo após 20 anos.

- Se eu disser que a gente imaginava brigar pelo título estaria mentindo, porque o Campeonato Brasileiro é o mais difícil do mundo. Queríamos fazer uma boa campanha, todo mundo pensava em fazer seu máximo, mas era isso. Muitas vezes a gente tropeçava, mas readquiria a confiança, e as coisas foram dando certo. Esse Santos entrou para a história, não tem jeito - relembra o lateral esquerdo Marcos Adriano, um dos santistas que faturou a Bola de Prata de 95, ao lado de Jamelli e do Bola de Ouro, Giovanni.

Giovanni, em 1995
Santista foi o melhor jogador do ano, mesmo vice (Foto: Arquivo/L!)


O Santos que "entrou para a história" em 1995 agora terá sua campanha relembrada no LANCE!. Serão matérias especiais até quinta-feira, dia exato dos 5 a 2. O já conhecido "orgulho que nem todos podem ter".

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