‘Queremos ser líderes no Brasil atrás só do futebol’, diz dirigente do NBB

Presidente da Liga Nacional de Basquete, João Fernando Rossi aponta ampliação do entretenimento nas arenas e maior profissionalização dos clubes como principais desafios<br>

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João Fernando Rossi foi eleito presidente da LNB em dezembro do ano passado (Foto: Divulgação/LNB)

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Ao projetar o futuro do basquete brasileiro de clubes, João Fernando Rossi não se desanima nem mesmo diante dos problemas da economia brasileira. Com experiência em administração de empresas e gestão do esporte, o presidente de Liga Nacional de Basquete (LNB) tem como trunfo de sua gestão, que completa um ano em dezembro, o fato de manter o NBB, maior torneio do país, em alta, tanto em nível técnico quanto em patrocínios.

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o paulista de 52 anos falou sobre a missão de promover maior entretenimento nas arenas e de acabar com a imagem negativa deixada pelas brigas de torcidas de times grandes.

Ele ainda projetou sucesso da modalidade nos próximos dez anos e mostrou otimismo em relação à atual edição do torneio nacional, que começou no último sábado.

– Queremos ter uma liderança da modalidade no Brasil, atrás do futebol – disse Rossi.

L!: O NBB começou cercado de expectativas e contará com um aumento no número de clássicos entre times de futebol. Uma vez que, por falta de estrutura das arenas do Rio, esses confrontos terão de acontecer com torcida única, o que a Liga pretende fazer para mudar essa situação no futuro?
JFR: Em uma arena do basquete cabem 15 mil pessoas no máximo, e temos de saber aproveitar esse ativo disponível para o basquete e transformá-lo em uma peça familiar, de entretenimento esportivo, na qual quem for ao jogo realmente tenha vontade de participar dele. Não de uma guerra, como vemos constantemente. É um desafio, mas vejo como uma opção saudável. Nossas ações são mostrar o lado cultural do basquete. As arenas indoor são diferentes do estádio. Elas têm a família presente. Temos um histórico que mostra como isso funciona, bem como um histórico de situações negativas envolvendo torcidas de futebol. A Liga está trabalhando por um grande evento de entretenimento esportivo.

No ano passado, Flamengo mandou um jogo contra o Vasco em Manaus (o Rubro-Negro venceu por 94 a 86), com as duas torcidas. É possível que isto volte a acontecer nesta edição?
Isso acontece quando somos provocados, quando há interesse de outra região que queira desenvolver o basquete. Estamos abertos, sim. Depende de os clubes aceitarem para que aconteça. É algo lincado com outras atividades, como clínicas, palestras e visitas sociais. Focamos não só no jogo, mas desenvolver o basquete. Até o momento, não há nada oficial para esta temporada, mas pode acontecer. É uma negociação caso a caso. Somos abertos, temos parcerias que ajudam. Não temos caderno de encargos em relação a isto.

A LNB e os clubes escolheram a Arena Carioca 1, palco do basquete na Rio-2016, para mandar os clássicos no Rio. Qual será a importância disso?
É uma forma de desenvolver a modalidade no Rio de Janeiro. Houve uma visita técnica nossa e dos clubes, que culminou com a chance de termos jogos com torcida única no local. As dificuldades eram justamente nos clássicos. É o legado da Olimpíada, em uma cidade turística, com potencial imenso. Está sendo trazido à tona com LNB. A ideia é que os clássicos aconteçam lá. Era nosso maior problema em relação à segurança. Assim, ficará equalizado. Ainda não é o ideal, por não termos as duas torcidas, mas estamos em desenvolvimento.

Que balanço você faz do NBB hoje? Fora a questão das torcidas únicas, o que ainda é mais desafiador?
Assumimos o basquete brasileiro há nove anos, como Campeonato Brasileiro e com falta de confiança e união entre clubes. Tivemos muita dificuldade, mas conseguimos dar credibilidade ao torneio, e a união ficou forte, com gestão independente e democratizada. Fomos a primeira entidade na época a fazer renovação de presidente com dois anos. Esse modelo de administração mostra nossa inovação. Chegamos ao NBB 10 maduros, para desenvolver o basquete em varias frentes. Nas mídias sociais, temos a transmissão dos jogos. A TV Aberta (Band) foi renovada por dois anos. Temos as duas fechadas, Bandsports e SporTV. Temos basquete de terça a sábado. O esporte passou a ser muito procurado, por clubes, patrocinadores e fãs. Agora, temos de desenvolver mais os clubes profissionalmente e buscar o entretenimento esportivo dentro das arenas. Nos próximos 10 naos, a perspectiva é a melhor possível. Queremos ter uma liderança da modalidade, atrás do futebol. Temos a chancela da NBA, um fato muito importante no basquete mundial. Conquistamos torneios intercontinentais e mostramos força nas Américas.

O NBB resistiu bem à crise no país?
Em 2016, tivemos a entrada da Nike, da Penalty, a manutenção do Facebook, e a entrada do Twitter, tudo de forma oficial, não como parceria. Agora, veio Infraero, renovação com a Sky, e temos negociações em andamento. Esses contratos são importantes e nos dão credibilidade. Assim como a manutenção da Globo por mais uma temporada. Isso mostra que estamos no caminho certo. Na crise, as empresas escolhem o melhor investimento. A liga e os clubes acabam sendo premiados pelo trabalho desenvolvido.

A última edição do NBB mostrou grande equilíbrio e uma final surpreendente entre Bauru e Paulistano, após favoritos ficaram pelo caminho. A tendência é que isso se repita nesta temporada?
Tenho uma visão sobre este tema. Há uma evolução fora das quadras, com análises profundas dos jogos, comissões técnicas cada vez mais preparadas, técnicos brasileiros que ganham tudo e um intercâmbio sul-americano que resulta em uma bagagem grande para o NBB, ao disputarem uma Liga das Américas ou Liga Sul-Americana. Com isso, os clubes nivelam muito mais em termos técnicos. Por isso é que não podemos cravar quem vai ser campeão. Isso já ficou evidente na última edição e acredito que será ainda mais na que começa agora.

QUEM É ELE

Nome

João Fernando Rossi
Idade
52 anos
Local de Nascimento
São Paulo
Atuação profissional
Executivo da área comercial do setor têxtil, estudou Administração e foi diretor de basquete, de esportes coletivos e de esportes olímpicos do Pinheiros. Como jogador, atuou na posição de armador e defendeu o clube paulista dos sete aos 22 anos. Também passou pelo Continental. Antes de assumir a presidência da LNB, foi o vice da entidade durante a gestão de Cássio Roque
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