Último brasileiro a vencer a São Silvestre garante: ‘Quando venci a primeira, foi muito marcante’

Único brasileiro a conquistar a São Silvestre três vezes desde 1945, Marílson Gomes dos Santos deixa a disputa de lado neste ano e foca a Rio-2016

Marilson Gomes (foto:Eduardo Viana/LANCE!Press)
Marílson Gomes dos Santos vence a São Silvestre três vezes (foto:Eduardo Viana/LANCE!Press)

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Ao falar na disputa masculina da Corrida de São Silvestre, o principal atleta lembrado é o queniano Paul Tergat. Afinal, com cinco títulos, é o maior vitorioso entre os homens. E os brasileiros? Bom, a resposta para essa pergunta também não gera muitas dúvidas. Afinal, o grande atleta do país na tradicional prova da cidade de São Paulo é Marílson Gomes dos Santos, único tricampeão do Brasil desde 1945, quando os estrangeiros entraram na competição.

Vencedor em 2003, 2005 e 2010, o brasiliense não vai participar da edição deste ano. Aos 38 anos, o foco atualmente é a classificação na maratona para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Nesse momento, estaria classificado, afinal atingiu o índice e obteve o melhor tempo do país (2h11m00). Mas as lesões nos últimos anos preocupam. A última fez o maratonista até pensar em encerrar a carreira.

Até por isso, Marílson não vai tentar buscar o tetra na São Silvestre. Ainda assim, ele relembra com carinho da prova e de suas conquistas. Em entrevista ao site do LANCE!, o último brasileiro a vencer nas ruas de São Paulo falou sobre isso, a Olimpíada e outros assuntos. Confira:

Por que não vai participar da São Silvestre neste ano?
Marílson Gomes dos Santos:
Não vou correr a São Silvestre para dar sequência aos treinamentos. Estou focando a participação nos Jogos Olímpicos. O objetivo é esse, e não quero arriscar em uma prova dura, principalmente nesse meu retorno às competições.

Desde sua vitória em 2010, o Brasil não conseguiu ter mais vencedores. Qual o segredo para sair vitorioso da prova?
MGS:
O segredo mesmo é chegar bem na disputa, se sentir bem durante toda a prova. A preparação é o principal para uma prova como essa, que é longa. Você precisa estar focado durante todos os momentos em tentar vencer. Correr para subir ao pódio é uma coisa. Já correr para tentar ganhar é outra. Foi isso que eu fiz. Eu corri para vencer.

De suas três vitórias na disputa da Corrida de São Silvestre, qual foi a mais marcante?
MGS:
Todas foram marcantes. Mas a primeira vez marcou muito, era algo que eu estava querendo fazia muito tempo. Já tinha assistido à prova pela televisão e queria um dia participar. Chegue a competir algumas vezes sendo, quarto colocado uma vez e acabando outra em segundo, mas ainda não tinha ganho. Quando venci a primeira, foi muito marcante.

"Correr para subir ao pódio é uma coisa. Já correr para tentar ganhar é outra. Foi isso que eu fiz. Corri para vencer", Marílson Gomes dos Santos

Você pouco competiu neste ano. Como analisa a temporada?
MGS:
Tive uma lesão na panturrilha esquerda nessa temporada, o que me atrapalhou bastante. Fiquei com muita cautela para voltar aos treinos e às competições. Uma lesão de panturrilha é mais complicada do que outras. Tinha a experiência do Adauto (Domingues, técnico de Marílson), que parou por isso. Então, tomamos algumas precauções para chegar no ano que vem para disputar a Olimpíada. Aí, abri mão dos Jogos Pan-Americanos de Toronto (CAN), do Campeonato Mundial de atletismo em Pequim (CHN) e do Mundial Militar.

Quando você sofreu essa lesão?
MGS:
Tive essa lesão em maio. Fiquei uns três meses parado. Fiz uma volta bem calma, com cautela para não sentir novamente o problema. Seria muito ruim e significaria até o encerramento da minha carreira.

Já está completamente recuperado desse problema?
MGS:
Estou me sentindo bem, não estou sentindo mais nada na minha panturrilha. Tivemos de esquecer um pouco a temporada de competições deste ano para conseguir voltar na pré-temporada podendo dar continuidade aos treinos para 2016. Estou fazendo o que preciso nos treinamentos. Vou tentar brigar por essa vaga nos Jogos Olímpicos e por uma boa colocação na competição.

Durante os treinamentos, o que você tem feito de diferente para evitar novas lesões?
MGS:
Tenho 38 anos, então faço muita coisa que não fazia antes. Tento me recuperar, me alimentar melhor. Faço algumas massagens, o que eu não fazia antes. Além disso, tenho treinado em terrenos mais macios.

O Solonei da Silva já se garantiu nos Jogos Olímpicos pela colocação dele no Mundial de Pequim. As outras duas vagas do Brasil serão definidas pelo índice e o tempo dos atletas. Alguns maratonistas chegaram a criticar tal situação. O que você achou?
MGS:
É difícil falar sobre isso, cada país tem seu critério. São coisas que precisam ser pensadas. Não sei dizer se é correto ou não. Mas entendo que o Brasil tem de mandar seus melhores atletas. Se esse for o ponto a ser defendido, vale a pena.

O ATLETA
​NOME:
Marílson Gomes dos Santos

NASCIMENTO: 6/8/1977 - Brasília (DF)

PROVAS: Tem no currículo provas nos 5.000m, 10.000m, meia maratona e maratona.

PRINCIPAIS CONQUISTAS: Bicampeão da Maratona de Nova York (2006 e 2008); quinto colocado na maratona na Olimpíada de Londres, em 2012; tricampeão da Corrida de São Silvestre (2003, 2005 e 2010); medalhista de prata nos 10.000m e de bronze nos 5.000m na disputa dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e do Rio de Janeiro, em 2007.


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