Amor de mãe, cobrança de técnica no triatlo brasileiro

Treinada por Viviane Feder há cinco anos, Luana Feder disputa a segunda etapa do Circuito UFF Rio Triatlo neste domingo e planeja surpresa para a comandante<br>

Luana Feder e Viviane Feder
Luana e Viviane Feder vivem o triatlo no dia a dia (Foto: Divulgação)

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Como já dizia o ditado, uma mulher é capaz de fazer duas coisas ao mesmo tempo. No caso de Viviane Feder, as duas funções são de treinadora e mãe. Em contato com o triatlo (modalidade que aborda ciclismo, natação e corrida) desde 1993, ela tenta, há cinco anos, conciliar o carinho materno com a exigência da treinadora. Sua pupila é a jovem de 17 anos, Luana Feder, que, neste domingo, a partir das 7h, disputa a segunda etapa do Circuito UFF Rio Triatlo.

Apesar de a parceria ter trazido bons frutos, como deixar luana entre as dez melhores do país na categoria Júnior (16 a 19 anos), além da liderança do ranking nacional de de 16 e 17 anos e a participação no Mundial Júnior de Triatlo, em Cozumel (MEX), Viviane vê a ' aventura de mãe treinadora' como desafiadora.

- É um grande desafio! Às vezes tenho vontade de carregá-la no colo no meio do treino pela dificuldade e intensidade. Outras, de chamá-la atenção de um forma bem rígida. Também me preocupo em não deixá-la ter privilégios ou ser dura demais por ela ser minha filha. Na realidade, tive que aprender a ser sua treinadora assim como ela teve que aprender a ser minha atleta.

Para Luana, que mescla os treinos com os estudos, ter a mãe como técnica, apesar dos benefícios, não é uma tarefa fácil.

- É muito bom porque eu tenho presente uma pessoa que gosto muito e também que transmite confiança e determinação. Porém, é bastante difícil conseguir diferenciar "trabalho e família". Algumas vezes ocorre desentendimento, mas nada que não seja resolvido no dia mesmo. Estou trabalhando para distinguir o que seria Viviane Feder treinadora e mãe.

Apesar de algumas caras feias depois dos treinos, Viviane acredita que, conforme a filha fique mais velha, ver as ' duas faces' da mãe será mais fácil.

- Acredito que é um processo. A medida que ela vai crescendo, tendo mais maturidade, essa relação fica cada vez mais clara.

Luana, contudo, já busca formas para lidar com este cenário.

- A cada treino que tenho com a presença dela, eu tento ao máximo "controlar minhas emoções". Por exemplo, é comum os treinadores exigirem de seus atletas para eles alcançarem seus objetivos. Não é diferente da minha mãe. Mas, às vezes, misturo muito o lado emocional, é isso atrapalha em alguns momentos. Então cada dia treinando torna-se uma lição de autocontrole.

Mesmo buscando esta separação entre o profissional e o pessoal, Viviane admite que já deixou o coração de mãe falar mais alto. Entretanto, já vê momentos em que estes dois personagens existem.

- Já pensei várias vezes, quando o mar estava agitado numa competição ou em relação aos perigos do esporte, 'Aonde eu fui colocar a minha filha?'. Até hoje nas Provas eu falo 'Vai Luana' e depois eu digo 'Vai filha'. Primeiro é a exigência da treinadora e depois o carinho de mãe.

Para a competição deste domingo, que marca o Dia das Mães, ambas já sabem o que esperar:

- Como mãe, eu quero que ela seja feliz e divirta-se com o esporte que escolheu. Como treinadora , eu quero que ela se impende para fazer o melhor e melhore seu tempo - afirmou a 'mãe técnica'.

- Minhas expectativas são as mesmas: abaixar o tempo, melhorar o desempenho na natação, ciclismo e corrida. A classificação, geral ou por categoria, será uma consequência do meu esforço. E como será dia das mães, pretendo fazer uma surpresa para minha mãe e dedicar minha conquista à ela - revelou a 'filha atleta'.

Família que respira triatlo

O triatlo não está apenas na relação mãe e filha dentro da Família Feder. O pai de Luana também é triatleta profissional e tem como treinadora a esposa, Viviane. Alexandre Campos é uma das lendas da modalidade no Rio de Janeiro. Ele participou da primeira prova realizada na Cidade Maravilhosa, em 1983, e competiu oficialmente até 1989.

- Me interessei pelo triatlo no final de 1993, juntei dinheiro e em 1994 comecei a procurar bicicleta pra comprar. Conheci um triatleta que disse que um amigo estava vendendo uma bicicleta barata. O conheci em treino de natação e depois fui ver sua bicicleta, e acabei me casando com ele e hoje temos 3 filhos - releva Viviane.

A matriarca conta que seus três filhos praticaram o triatlo, integrando a Equipe Viviane Feder - a atual tricampeã das provas da Federação de Triatlo do Estado do Rio (FTERJ). Contudo, apenas Luana seguiu na modalidade.

- Sempre amei praticar esporte: comecei pela natação, depois a ginástica olímpica, natação (federada) e por fim triatlo. O esporte está muito ligado na nossa família e eu, particularmente, não vejo minha vida sem esporte, principalmente o triatlo - conta Luana, que completa:

- Gosto muito do fato de ter a família por perto nas competições; me sinto mais forte, confiante, determinada.

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