Opinião: Fernando Diniz é herói e vilão no Fluminense  

Técnico precisa buscar alternativas para melhorar o Tricolor

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Fernando Diniz está em sua segunda passagem como treinador do Fluminense (Foto: Mailson Santana / Fluminense)

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Em oito partidas, foram duas derrotas, cinco empates e uma vitória. Apenas quatro gols marcados e 11 sofridos. Nesse meio tempo, uma eliminação na Copa do Brasil para o Flamengo. Esse é o desempenho do Fluminense de Fernando Diniz nos últimos 28 dias. Campeão carioca, o Tricolor já oscilava bons e maus jogos na temporada, mas perdeu completamente o gás e, principalmente, o futebol. O que explica o Tricolor ter virado alvo fácil dos adversários? 

A resposta é simples: elenco limitado e erros de Diniz. Começo defendendo a continuidade de seu trabalho. Alguns têm dificuldade de entender que as críticas existem independente de aprovar ou reprovar algum profissional. Porém, o que leva o treinador - apontado por muitos como possível técnico da Seleção Brasileira - a fazer escolhas equivocadas? 

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A montagem do elenco do Fluminense teve a participação de Fernando Diniz, que sempre deixou claro que gosta de trabalhar com plantel curto. O clube, por sua vez, fez contratações pontuais e se desfez de peças que deixavam o banco de reservas minimamente razoável, sem qualquer reposição. 

Convivendo com lesões de titulares no último mês, Diniz busca alternativas dentro do que tem. Normal em qualquer clube que tem dificuldades financeiras, claro. Ele faz testes, muda atletas de posições, mantém suas convicções, mas esquece do simples e também da coerência. 

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Eterna dor de cabeça, a lateral-esquerda, que receberá o reforço de Diogo Barbosa, segue sendo o principal problema do Fluminense. Com Jorge, Marcelo e o volante Alexsander machucados, Diniz vem deslocando o lateral-direito Guga e o meia Gabriel Pirani para fazer a posição. O jovem da base João Henrique, vulgo Esquerdinha, recebeu apenas uma oportunidade, na altitude de La Paz, na Bolívia, contra o The Strongest, pela fase de grupos da Libertadores. 

Esquerdinha fez uma partida honesta, diante das dificuldades que os reservas do Fluminense enfrentaram. Apresentou-se como opção, mas, depois disso, não foi mais aproveitado. No domingo (11), no empate em 2 a 2 contra o Goiás, pelo Brasileirão, Diniz colocou o atacante Alexandre Jesus, que virou lateral-direito e não atuava havia cerca de dois meses, na esquerda, após lesão de Pirani. O que explica não fazer o simples?

Contra o Corinthians, a comissão colocou o meia Giovanni, também destro, na esquerda. Toda vez que o Fluminense encontra dificuldades, a equipe é bagunçada. Diniz empilha meias e atacantes, ignora o esquema tático e piora o time. 

O treinador de ótimas ideias ignora as mudanças simples que podem ser feitas. Ignora também outros esquemas táticos e aposta sempre na mesma forma de jogar. Lançamentos e chutões fazem parte do futebol, mas o Fluminense aposta o mínimo nessas alternativas. Tanto que o elenco mal possui atletas com características que fogem do atual modelo de jogo.

Contra o Goiás, o Fluminense cometeu erros técnicos na saída de bola em diversas oportunidades. Uma delas gerou o pênalti do primeiro gol do Esmeraldino. Será que todo atleta vai conseguir se adequar ao único modelo de jogo? A cada jogo fica provado que não. Essas saídas já iniciaram muitos gols, mas ainda falta interpretação do momento correto e com que atletas se fazer.

Os adversários já entenderam como deixar o Fluminense desconfortável. Além disso, muitas vezes o time consegue quebrar a primeira linha, mas logo perde fôlego e solta a bola para Árias se virar sozinho. Quando não chega ao colombiano, recomeçam lá trás até perder a bola. Pouco para um time que pode mais, mesmo com desfalques. 

Rivais como Flamengo, Palmeiras, Botafogo e Athletico criam jogadas de diversas maneiras, com lançamentos e transições rápidas. Alternativas de que Diniz usufrui pouco. Tanto que o elenco mal montado não possui tantas opções de velocidade do meio pra frente, diferente dessas outras equipes.

Fernando Diniz acrescenta muito ao futebol brasileiro e sem dúvida potencializou o que o Fluminense pode entregar. Porém, erra bastante e não está isento das críticas, que ele não costuma aceitar muito bem. O técnico terá 10 dias da Data Fifa para treinar e recuperar atletas lesionados. O período pode ser o momento da virada de chave do time, que ainda precisa provar muito na temporada.

Curtas:

Algumas vendas do Fluminense foram ótimas. Os valores das negociações de Gabriel Teixeira e Yago Felipe, dois jogadores que no máximo fariam a composição do elenco, aliviaram as finanças e pagaram o que o clube iria receber pela venda do Nino, que melou no ano passado. 

O criticado Caio Paulista tinha muita dificuldade de acertar tomada de decisões, mas reúne características que fazem falta neste momento no Fluminense. Inclusive, tinha um desempenho na lateral-esquerda suficiente para compor melhor o elenco do que os improvisos feitos. Porém, se o São Paulo exercer a opção de compra, que gira em torno de R$ 19,8 milhões por 80%, será uma boa venda. 

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