Irã na Copa do Mundo: entenda a situação política do país e a onda de protestos no Qatar

Jogadores e torcedores se manifestaram em apoio à onda de protestos no país asiático

Irã x Inglaterra - Protestos
Torcedores do Irã fazem protesto em jogo da Copa do Mundo (AFP)

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A seleção do Irã encerrou sua participação na Copa do Mundo com gosto amargo da eliminação precoce, mas com sentimento de dever cumprido politicamente. Durante as duas semanas no Qatar, o elenco iraniano aproveitou a exposição mundial para ampliar a onda de protestos existente no país.

Abaixo, o LANCE! explica o contexto extracampo do Irã e as iniciativas de protesto que marcaram a participação do país na Copa do Mundo.

A verdade é que a seleção iraniana disputou a Copa do Mundo em meio a um cenário de caos interno no país. O Irã vive a maior onda de protestos desde 2009, com milhares de pessoas nas ruas. As principais queixas são a violência e a restrição de direitos das mulheres promovidas pelo governo.

O debate político chegou à seleção e as entrevistas dos jogadores e do técnico passaram a ser pautadas pelo assunto fora de campo. Apesar de serem instruídos a permanecerem em silêncio sobre o tema, os jogadores iranianos encontraram uma forma de se posicionar em favor das mulheres do país.

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Como forma de protesto, o elenco permaneceu em silêncio durante a execução do hino nacional nas duas primeiras partidas da fase de grupos. O cenário só mudou no terceiro jogo, contra os Estados Unidos, que determinou a eliminação iraniana na Copa do Mundo.

Nas arquibancadas, bandeiras e cartazes em favor da liberdade feminina no país foram levantadas pelos milhares de iranianos presentes nos estádios do Qatar. Parte da torcida vaiou o próprio hino do Irã nas três partidas da fase de grupos.

País de Gales x Irã
Protestos de torcedores do Irã na Copa do Mundo (Giuseppe CACACE/AFP)

O que está acontecendo no Irã?

O crescimento dos protestos no Irã tem um motivo específico: a prisão e morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos, em setembro deste ano. Ela foi detida na capital Teerã após violar as regras iranianas sobre o uso de hijab, o lenço tipicamente islâmico que cobre a cabeça das mulheres. Após ser atingida por um cassetete, a jovem ficou em coma por três dias, mas não resistiu.

O episódio causou revolta na população e o primeiro grande protesto aconteceu após o funeral de Masha, na cidade de Saqqez, no oeste do Irã. Nas manifestações, as mulheres assumiram grande protagonismo e passaram a andar com a cabeça descoberta, assim como Masha.

Desde então, os protestos tomaram proporções gigantescas e agora atingem novas exigências por mais liberdade. Alguns grupos querem, inclusive, a deposição do estado iraniano. Recentemente, o governo iraniano autorizou que manifestantes sejam condenados à pena de morte, o que aconteceu a uma pessoa não identificada no último dia 14 de novembro.

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